Epílogo

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O silêncio tomou conta do quarto por longos segundos.

— Viver é importante... — disse Rita, respirando fundo.

Rita afastou-se da janela, afinal tinha começado a chover forte como advertira Nomdae. Ao varrer o quarto com os olhos, percebeu que Daemon, a garota de cabelo vermelho, já não estava mais por ali e viu o gramofone intacto sobre um móvel. Como?

Rita sorriu e foi até o antigo aparelho de som.

— Esquisito... Mas é profundamente curioso — disse.

Ela ligou o gramofone e começou a ouvir com atenção.

A melodia malemolente ecoou pelo quarto 202.

— Essa música — sussurrou, compreendendo.

Rita não tinha percebido anteriormente.

Tom Jobim compôs... Mas quem cantava era outra pessoa.

Não havia nenhum disco rodopiando na plataforma.

Atônita, ela levou a mão à boca. As lágrimas desciam pela face.

— Mamãe! É você? Essa voz, só pode ser. Sei que viver é importante. Mas, mais importante ainda é viver com quem amamos, mamãe. Juro que tentei caminhar sem você, mas dói muito. Minha vida é frustrante. Por favor, eu quero ficar contigo. Eu ficaria tão feliz ao seu lado. E, assim, você ficaria feliz também, não é? — dizia Rita, gaguejando.

Ela agarrou o gramofone com todas as forças. Apertou tanto que cortou seus pulsos nas peças afiadas de prata. Seu sangue começou a irromper pelo gramofone. Rita não sentiu dor. E depois de alguns minutos, não sentia mais nada.

São as águas de março fechando o verão

É a promessa de vida no teu coração.

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