Capítulo 5

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Coloquei minha lança em minhas costas, meu punhal na cintura. Tirei a bandana da minha cabeça e a amarrei com mais força dessa vez. Bom, isso lembrava meu pai. Ele também fazia isso...

 6 anos atrás...

"O que quer jantar hoje, Uzari?" perguntou meu pai à mim, em um dia ensolarado de verão.

"Não tenho nada em mente, pai. O que for menos incômodo pro senhor." eu respondi, com um sorriso.

Ele sorriu, abaixou a cabeça e amarrou com força a bandana em sua cabeça.

"Se não incomodar, não tem graça. Não podemos subestimar nossos inimigos. Queremos a vida dele para vivermos em troca, o mínimo que eu posso dar à ele é uma batalha justa, não acha?"

A cada dia que eu o via, eu o achava mais incrível. Meu pai, acima de tudo, queria ser justo. Sua honra me impressionava.

"Digno de você, pai."

"Um Tremeterra adulto deve ser suficiente para nós por uma semana. Podemos vender o resto da carne na feira amanhã, se eu conseguir vencê-lo. O que acha?" ele perguntou pra mim e eu concordei.

"Eu posso assisti-lo?"

"Hmm... Só se você for extremamente cauteloso. Você sabe o quão forte eles são quando ficam irritados." ele disse, desconfiado.

"Deixa comigo!"

Saímos de nossa casa e ele foi na frente na Floresta Clara. As árvores refletiam muito da luz do dia, o que originava seu nome. Não é difícil encontrar um Tremeterra adulto, ainda mais porque eles são gigantescos. Alguns são até maiores que dragões, eu acho. Nunca vi um dragão, mas eu acredito que sim.

Meu pai observava a vegetação e percebeu a movimentação recente de um. Ele o encontrou cerca de 5 minutos depois.

"Uzari, fique atrás dessa moita."

Ele levou sua lança e eu o observei.

Meu pai desafiou a gigantesca criatura, sem intimidar. Olhou em seus olhos e avançou sobre ela. Suas habilidade com a lança era inacreditável. Seus movimentos eram tão rápidos que não conseguia acompanhar com os olhos. Era o que eu esperava de um Capitão. Mas o que mais me fascinou não foram seus movimentos com a lança; foi sua força. O Tremeterra estava prestes à esmagá-lo com sua pata frontal, mas meu pai conseguiu desviar sua pata com os braços. Ele aproveitou o descuido da criatura e a venceu.

Tempos Atuais...

A força com que ele amarrava essa bandana era o que demonstrava sua determinação, sua honra, sua vontade. Por isso eu a amarrei bem forte na minha cabeça.

A habilidade com que ele usava essa lança era o que demonstrava seu treinamento, sua dedicação, seu trabalho. Por isso eu a segurei firmemente.

A sutileza que ele tinha no seu sorriso era o que demonstrava seu carisma, sua simplicidade, sua humildade. Por isso eu sorri de um jeito que só ele fazia.

Por isso um dia eu vou alcançá-lo, para ser igual à ele.

O VigilanteOnde histórias criam vida. Descubra agora