Cresceu uma grande amizade entre nós, Harry e eu, durante
a infância. Nós nos encontrávamos depois das
cerimônias aos domingos e em eventos sociais, como
casamentos ou até funerais, ou quebrávamos totalmente as
regras e caminhávamos para dentro da floresta para podermos
concentrar nossa atenção um no outro. Cabeças balançavam
em sinal de desaprovação e, sem dúvida, muitas
línguas se rendiam às fofocas, mas nossas famílias nada
fizeram para impedir nossa amizade ou, pelo menos, não fui
informada disso.
Foi nessa época que percebi o quanto Harry era mais
solitário do que eu imaginava. Os outros meninos procuravam
a companhia dele muito menos do que eu pensava
e, da parte de Harry, quando um grupo chegava perto de
nós nos eventos sociais, ele os debandava. Lembro-me de em
uma ocasião, numa reunião da igreja durante a primavera,
que Harry se desviou quando viu um grupo de garotos
vindo em nossa direção. Não tinha idéia do que aquilo significava
e, após alguns minutos de ansiosa contemplação,
resolvi perguntar.
— Por que preferiu caminhar por aqui? — perguntei. — É
porque tem vergonha de ser visto comigo?
Emitiu um som, zombando de mim.
— Não seja estúpida, Lanny! Posso ser visto com você
agora. Qualquer um pode nos ver caminhando juntos.
Isso era mesmo verdade, e um alívio. Mas não podia deixar
de saber a razão.
— Então é por que você não gosta deles, daqueles
garotos?
— Não é que não goste deles — ele respondeu irritado.
— Então por que...
Ele me cortou.
— Por que está me questionando? Acredite no que estou
dizendo. É diferente para os meninos, Lanny, e isso é tudo.
Ele começou a andar mais rápido e eu tive que erguer um
pouco as saias para alcançar o passo dele. Ele não havia me
explicado a que o maldito "diferente" se referia: o que era
diferente para os garotos? Tentei imaginar. Quase tudo, até
onde conseguia enxergar. Os meninos podiam ir para a
escola, se a família tivesse condições de pagar as taxas de
seus tutores, enquanto a escolaridade das meninas não passava
daquilo que as mães conseguiam lhes ensinar: as artes
domésticas da costura, limpeza e cozinha, talvez um pouco
da leitura da Bíblia. Os meninos podiam lutar entre eles só
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Immortalized | H.S
FanfictionQuase toda pessoa que conheceu Harry tentou possuí-lo. Esta era sua maldição, e a maldição de todos aqueles que o amaram. No entanto, era como estar apaixonado pelo Sol: brilhante e inebriante quando perto, mas impossível de mantê-lo só para si. De...