Capítulo 2

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   Como prometido, Breno passou ali às 19 horas para me levar ao culto.

   Ele parou com seu UP branco na frente da minha casa e buzinou, fui até a janela do meu quarto e gritei para ele esperar um pouco.

   Você deve estar se perguntando por que não vou com minha mãe – ou talvez não esteja, mas vou falar mesmo assim. Quando eu tinha uns doze anos, íamos à igreja que estou, mas mudamos para outra cidade por causa do emprego do meu pai. Ficamos por lá cerca de um ano e nesse período não fomos mais a igreja, tentei ir a algumas, mas eu não me sentia a vontade.

Quando retornamos, demorei alguns meses para voltar a minha igreja antiga, minha tia nos convidou para ir à igreja dela, mas o meu coração estava na minha antiga igreja e a confirmação disso foi que depois desses meses, quando voltei, senti paz.

   - Tô indo mãe, bom culto.

   - Obrigada, minha filha. Lana, fala pede pro seu pai subir aqui, por favor.

   - Peço sim, mãe, beijo – e desci as escadas.

   Vi meu pai, sentado no sofá, já pronto em seu terno preto lendo a palavra na poltrona dele, dei um beijo em seu rosto e disse que mamãe o chamara, ele fechou a Bíblia e a pôs sobre a mesa de centro de vidro posicionado a frente de sua poltrona marrom escura e subiu para atendê-la.

   Meu pai era um homem alto barrigudo e bigodudo. Meu pai nunca se importou tanto com a aparência depois que casou – dizia minha mãe. - Sempre que falavam da sua barriga, ele falava que a comida da minha mãe era a culpada. Ele só comia conosco de segunda a sábado, ele e minha mãe começaram um acordo que domingo seria o dia do golfe e que não almoçaria conosco. Até hoje tenho pena dele, mal ele sabe que é nos domingos que minha mãe cozinha melhor.

   Meu pai gostava muito de Breno e não se importava de vê-lo entrar pela porta da sala sem bater e ir direto para meu quarto, meu pai sempre confiou nele, afinal, Breno nunca deu motivos e nem sinais de que queria algo a mais comigo e às vezes meu pai achava que ele era gay.

   Diversas vezes Breno me contava que meu pai perguntava a ele se ele era gay e ainda o imitava e eu achava hilário. A forma que ele imitava meu pai era digno de Oscar.

   - Vem cá filho, me diz uma coisa, você tem certeza que não é gay? – Encena Breno imitando o jeito como meu pai fazia.

Mudava de lado e encenava com sua voz natural.

   - Bom, seu Luís, eu creio que não, nunca me interessei por nenhum homem antes.

   Gargalhávamos muito, teve uma vez que ele estava imitando o meu pai e ele viu. Ele ficou mais vermelho que um pimentão, meu pai fingiu estar bravo com ele e isso fez com que ele ficasse com mais vergonha, mas meu pai não era um bom ator e acabava cedendo à risada e falava pra Breno o imitar outra vez. Meu pai não resistia ao Breno, aliás nenhum de nós.

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