Noção. 11° cap

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A narrar Lian:

- Lian? Lian!? - acordei com alguém a sussurrar no meu ouvido.

Abri lentamente os olhos e era a Natacha.

- O que estas aqui a fazer!? - perguntei.

- Vim fazer-te uma visitinha. - ela diz enquanto percorre os seus dedos pelos meus braços.

Esta miúda só pode ser louca.
Levantei-me da cama e agarrei-a pelo um braço.

- Lian, assim não. Ahaha pára. - ela fala de forma sínica.

Puxei-a até a porta.

E tentei falar algo. Mas ela beijou-me, um beijo que eu logo rejeitei.

- Natacha. - disse em um sussurro para não explodir.

- Lian. - ela fala de uma maneira tão nojenta que o meu nome ficou uma porcaria na boca dela.

- Sai, agora. - disse enquanto a puxei para fora do meu quarto.

Deitei-ma na cama, mas não conseguia dormir, aquele rapariga era do tipo que eu nunca iria conseguir ter nada ela era... Hipócrita.

Depois de perceber que não ia conseguir dormir, vesti um casaco quente por cima do meu pijama calcei uns chinelos e fui fumar outro cigarro.

Chovia muito lá fora, algo que agora eu gostava. Gostava de chuva.

Acendi o cigarro e amaldiçoei-me mentalmente por ter voltado a fumar. Porém aquelas substancias faziam algo maravilhoso no meu organismo que me acalmava.

Por entre o fumo do cigarro e das gotas da chuva vi uma silhueta na escuridão.
Um poste de electricidade iluminava e o sítio e bastou ela mexer um pouco a cabeça para eu perceber que era ela. Aqueles cabelos ruivos.

Um sorriso cresceu nos meus lábios.
Atirei o cigarro ao chão e apaguei-o com a sola do chinelo.

Aproximei-me e Rayene olhou para mim. Ela estava ensopada de água e lágrimas escorriam pelos seus olhos.

- Rayene!? - disse enquanto me sentei ao lado dela na pequena escada.

Ela chorou ainda mais. Levantou-se e disse:

- Não quero falar Lian, eu só quero estar sozinha. Não me procures deixa-me. Eu não estou a pedir estou a mandar Lian, deixa-me sozinha.

Não estava a entender o porque de Rayene estar assim. Tinha-mos passado o dia todo juntos.

Ela tirava-me do meu estado normal. Eu nunca havia beijado alguém daquela forma tão delicada, eu nunca corri atrás de amizade de uma rapariga. E nenhuma rapariga fugia de mim como ela.

Puxei de mais um cigarro do maço e fumeio na tentativa de me acalmar. Mas nada. Quando dei por mim já tinha fumado todos os cigarros que tinha.

O meu cabelo já pingava de tão molhado que estava e o meu corpo estava gelado. E fui ai que voltei para o dormitório.

Depois de mudar de roupas e secar o cabelo adormeci, sem nunca tirar a imagem de Rayene da minha cabeça.

A narrar Rayene:

- Rayene, acorda. Tens de vir a aula. - acordei com Rayene a cutucar-me no braço.

Quando abri os olhos, a minha cabeça começou a doer de um forma que nunca me havia doido tanto.

Comecei a tossir sem conseguir parar. Doía-me a garganta e tinha muito frio.

Maria colocou a sua mão sobre a minha testa.

- Rayene tu tens febre. Espera ai. - Maria andou até a casa de banho e trouxe um termómetro.

Colocou-me o termómetro debaixo do braço e depois de ele tocar ela retira-o.

- Meu Deus Rayene tu estas a arder em febre. - Maria diz com um ar preocupado.

Tossi por mais três minutos seguidos e quando tentei falar percebi que estava demasiado rouca.

- Não fales Rayene. Assim vais acabar por ficar sem voz. Eu vou avisar a enfermeira Marisa.

Maria saiu do quarto e rapidamente voltou com a enfermeira Marisa. Depois de ela me examinar disse:

- Rayene isto é sério, vais ter de ficar de cama durante uma semana e tomar um antibiótico que eu já te vou trazer ok?

Apenas acenei com a cabeça, visto que não consegui falar.

Depois de algum tempo tomei o antibiótico e adormeci.

A narrar Lian:

A sala parecia mais vazia sem Rayene lá. Ela estava a faltar e eu não sabia o porque.

Não consegui estar atento a nada a que o professor dizia até que o final da aula chegou.

- Maria?- chamei pela minha prima.

- Sim? - ela pergunta.

- Porque que a Rayene não veio a aula. - perguntei.

- Ela esta de cama, apanhou uma grande constipação! - ela diz com um ar preocupado.

Lembrei-me da chuva que ela teria apanhado ontem.

- Não era para menos. Ela ontem estava lá fora a chuva. Maria ela estava encharcada e a chorar muito, e quando eu me aproximei dela, ela disse que queria ficar sozinha. - disse preocupado.

Maria mexeu nos cabelos nervosa.

- A chorar muito? Ela não me contou nada! - ela fala nervosa.

- Pois. Ela não quis falar comigo.

- Foste tu Lian. Aposto que tu lhe fizeste algo! - Maria fala irritada.

Eu? O que eu fiz.

A não ser que... Mas...não pode ser.

- Maria eu venho já. - disse.

- Lian anda cá! - Maria gritou.

Mas eu já estava em direção ao dormitório de Rayene.
Caminhava como se a minha vida dependesse daquilo.

Quando já estava em frente a porta bati duas vezes mas ela não abriu. Decidi entrar sem autorização.

Ela estava acordada e com umas enormes olheiras.

- Rayene. - chamei.

Ela olhou para mim e eu via mágoa nos seus olhos.

- Sai Lian. - ele falava com voz rouca.

- Ouve-me Rayene, por favor. - pedi.

Ela ainda tentou falar mas a única coisa que lhe saiu foi uma tosse forte.

- Tem calma Rayene. Quero apenas conversar. - pedi mais uma vez.

Ela não ofereceu mais resistência e então eu falei:

- Ontem depois de eu te deixar aqui fui até ao meu dormitório mas como eu não conseguia dormir fui lá fora. Depois quando voltei para o meu dormitório adormeci e acordei com alguém a me chamar. Quando eu vi era a Natacha... Ela... Bem ela beijou-me mas eu rejeitei ei juro que rejeitei. Tens de confiar em mim.

Olhei para Rayene e uma lágrima caia pelo seu rosto.

- Não Rayene não chores por favor. - falei com uma nó na garganta.

- É só que... Eu... - e ela voltou a tossir freneticamente.

O meu coração apertava ao vê-la tão vulnerável.

- Shiu Rayene, não esforces. - pedi.

Sentei-me ao lado dela na cama, olhei nos seus olhos e dei-lhe um pequeno beijo nos lábios.

- Eu estou aqui por ti. - disse e Rayene adormeceu algum tempo depois.

Eu amava-a e isto não era possível...

RenatusOnde histórias criam vida. Descubra agora