Descoberta./2°cap.1parte

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des·co·ber·ta |é|
(feminino de descoberto, particípio de descobrir)

substantivo feminino
Acto ou efeito de descobrir. = DESCOBRIMENTO

Acordei a transpirar e com os olhos encharcados de lágrimas, tive um sonho, mas um sonho demasiado real, sentia cada angústia cada lágrima derramada. Não sabia ao certo se podia considerar o acontecido como uma visão, visto que estava a dormir e tudo me soube a sonho.
Estaria mesmo a ficar maluca?
À algum tempo que não tinha visões noturnas ou sonhos desse tipo.
Não encontro explicação para isto que, de certa forma, me deixa desolada. Gostava de encontrar alguém que me pudesse dar respostas para as minhas perguntas, não um psicólogo ou um psiquiatra. Mas aguém que estudo antepassados e seja interessado em tudo aquilo que a ciência não encontra a resposta- e então põem-se a dar respostas sem nexo.

Porém não podia deixar o meu dia abalar devido a este sonho ou visão, por isso levantei-me, vesti algo confortavel e fresco e desci as escadas até à minha sala.
O meu piano estava lá, sentei-me e toquei, aquela melodia triste que à anos me acompanhava, toquei, saboreei e deixei-me levar pela frescura que a melodia me dava.

-Podia ficar aqui anos e ver-te tocar.

Olhei para a porta e lá estava ela, linda encostada a porta com aquele sorriso que só ela tem, a minha melhor amiga, doida, apaixonada mas acima de tudo, a melhor.

-Maria, minha doida, apareces sempre sem avisar!

Ela sentou-se ao meu lado no acento do piano, e começou a tocar as poucas notas que eu lhe ensinei.

-Linda menina, anda atenta às aulas, sim senhora! - Elogiei.

-Não entendo porque que continuas a passar horas naquele conservatório de musica, se até já ensinas a tocar! - Disse-me ela.

- Aquele lugar traz-me paz e tranquilidade, os professores, os colegas, é tudo um mundo novo, é muito diferente da escola normal! - Tentei explicar-lhe por palavras aquilo que não se explica.

- Mas há lá uma coisa que tu não tens! - disse -me Maria com um brilho no olhar!

- O quê!? -Perguntei curiosa!

- A mim, sua tonta! - disse-me fazendo-me rir.

- Sem dúvidas. - respondi ironicamente, porém, dentro de mim a realidade era mesmo essa, a Maria era sem dúvida a melhor, tenho vários amigos e amigas, mas só ela conhece o meu verdadeiro eu!

Senti que Maria estava demasiado quieta, vindo dela isto era quase sinal de doença, sentia-a tensa e com um ar cabisbaixo.

- Que tens!? -perguntei verdadeiramente interessada na resposta.

- As coisas lá em casa não andam muito bem, hoje a minha mãe descobriu que o seu irmão, um tio desconhecido por mim, nunca tinha ouvido falar sobre ele, morreu num acidente de carro... - quando ela respondeu o meu coração parou, não por eu saber quem era esse tio.

Mas, de repente, tudo ficou preto, e já não era eu e a Maria naquela sala, estava numa estrada longa e ao fundo via um rapaz, loiro de uns olhos azuis tão ou mais claros do que os meus, porém, todo vestido de preto o que, de certa forma, lhe arrancava o brilho inicial no olhar.

Tudo voltou ao seu lugar depois, saí do meu transe e sabia que o que acabara de acontecer tinha sido mais uma visão e que não podia proibir que acontecese.

- Rayane!? Estás bem Rayane!? - Maria estava ao berros comigo e baloiçava -me.

- Estou bem, estou bem, mas um filho, o teu tio não deixou um filho!? - perguntei receosa pela resposta.
- Meu deus Rayane, como sabes? Espera não me diga, tives te uma visão com isso!? Sim ele deixou um filho, um primo meu que vai morar comigo agora, pois ficou orfão devido a um acidente que só ele sobriviveu. Chama-se Lian!

Agora entendia, uma estrada, um rapaz. Mas não entendi aquela visão. Normalmente, só acontecem quando toco num objeto, em sonhos, ou um laço familiar. A minha cabeça ficou um torbelhão.

-Não, não tive visões, supus apenas. - menti pela pela primeira vez a minha melhor amiga em anos, não por maldade, mas porque não ia conseguir arranjar resposta para o acontecido.

- Estranho... Mas bem, continuando, a minha mãe quando soube desatou a chorar, pelo que entendo eles tinham-se chateado mesmo antes de eu nascer e, desde aí, cortaram contacto mas não sei o porquê. A minha mãe aceitou logo ficar com o Lian, ela acha que de certa forma assim se vai redimir por tantos anos longe do seu irmão mais velho.

RenatusOnde histórias criam vida. Descubra agora