Os guerreiros chegam ao céu

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Aurora boreal. Um brilho difuso, o resplendor de luzes dançando no céu... Um espetáculo aos olhos humanos, olhos esses incapazes de ver a verdadeira origem do fenômeno: cavalos alados, montados por nós, guerreiras, vestidas em nossas armaduras, segurando nossas lanças e sobrevoando o céu escolhendo aqueles que vão morrer. Somos servas de Odin e nosso trabalho é conduzir as almas dos guerreiros até Valhala. Meu nome é Ingrid e eu sou uma Valquíria.

21 de fevereiro de 1945

– Kara, – eu disse – a coisa está tão séria assim?

– Sim, você nem imagina... Muitos feridos e mortos, o que significa uma noite de árduo trabalho.

– De novo? Esses humanos... Realmente não cansam de guerrear!

– É o que parece. Graças a isso, conseguimos muitos guerreiros. – Ela sorriu satisfeita.

Nós continuávamos voando até o local da batalha. Quando chegamos, encontramos o cenário catastrófico: Homens e mais homens caídos ao chão, alguns sem braços, pernas... Nós nos separamos para ter certeza de que daríamos conta de todos. Eu caminhava observando atentamente cada um dos soldados. Como temos que recolher as almas, temos que estar atentas ao fato de que alguns já haviam morrido há tempo e suas almas já haviam deixado seus corpos.

Então eu vi um homem. Caído no chão ele pressionava o ferimento do abdômen tentando estancar o sangramento. Feliz por ter encontrado uma alma eu fui em direção a ele. Ele respirava lentamente e ao notar minha presença, seus olhos se arregalaram.

– Quem... Quem é você? – ele me observou, analisando-me dos pés a cabeça então disse – O que é você?

– Isso não importa – eu disse desembainhando minha espada. Então a cravei em seu peito.

Os olhos dele ficaram sem vida e minha espada brilhou. Pronto. Agora vamos ao próximo.

A noite se resumiu a espadas brilhando. O que acontece é que ao aprisionar a alma do guerreiro em nossas espadas, elas brilham. Cada alma tem um brilho próprio de intensidade e cor diferente. A desse homem, por exemplo, era branca e resplandecente e até então eu nunca havia visto uma alma como aquela.

Quando chegamos a Valhala, Odin nos recebeu com um sorriso no rosto:

– Minhas filhas! – disse de braços abertos. – Apresente-nos logo nossos convidados! Freya está impaciente...

Nós formamos uma fila horizontal, onde ficamos de frente para Odin e Freya, que sentados em tronos, observavam-nos sorridentes. A cerimônia havia começado. Era quando nós apresentávamos as almas recolhidas e festejávamos. Logo depois, no dia seguinte, nós treinávamos para a batalha. Gudrun foi a primeira. Ela se ajoelhou e ergueu sua espada apresentando-a a Odin. Três luzes saíram da espada e cada uma tomou a forma de um homem. A primeira era dourada e deu forma a um homem loiro e alto de aproximadamente trinta anos. A segunda era de um azul desbotado e a terceira de um marrom escuro, surgindo assim dois rapazes de olhos escuros e cabelos pretos.

– Apresentem-se! – ordenou Odin, enquanto eles olhavam ao redor apavorados e confusos.

– Digam seus nomes!

– Artur... – disse o moreno que antes era uma luz marrom. – O-onde nós estamos?

– Em Valhala, guerreiros. Vocês foram escolhidos. E vocês dois? – perguntou aos outros que não haviam se identificado ainda.

– Michael.

– Joseph.

Odin fez que sim com a cabeça. Os homens ficaram aturdidos observando o que ia acontecer em seguida. Gudrun se levantou, e então Kara se ajoelhou apresentando sua espada. Apenas uma alma saiu de lá, era um homem alto e musculoso, sua pele era morena e seus cabelos cacheados eram castanhos.

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