Prólogo

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.Prólogo

Abriu os olhos em mais uma manhã melancólica de Londres e reprimiu um suspiro cansado. Não, não iria se deixar abater por nada. Se fosse seguir em frente com sua fatídica rotina, manteria um sorriso no rosto como sempre o fizera. Não importando o quão ruim o dia, ou melhor, a vida estivesse.

Passados alguns segundos a mulher deixou de encarar o teto e girou o corpo a fim de sair da cama. Foi nesse movimento, então, que ela percebeu o peso do braço que a envolvia. Piscou assustada, a mente reproduzindo diversas lembranças recentes e antigas.

O toque suave dos seus lábios. O brilho acalentador em seus olhos. A voz doce clamando por seu nome. O anel brilhando em seu dedo. Aquele sorriso encantador, apesar de tímido, despontando no rosto a cada vez que ela o encarava. Os abraços, as palavras doces, as carícias. O fato de ele ter retornado mesmo com ela acreditando ser impossível.

Lovett lembrou também do tanto que chorou e sofreu quando soube de sua partida. Afinal, a morte sempre será o que é e nada pode superá-la quando ocorre. Então, o que a teria feito acreditar que o seu amor de infância, aquele primeiro tão puro e inocente, retornaria do mundo dos mortos?

Sorriu e tornou para encarar o homem deitado ao seu lado.

-Bom dia, meu amor! – Ele disse com um sorriso em seu rosto espelhando o dela, maior até se for possível. Deu um beijo rápido na testa da mulher e a apertou mais, puxando o corpo quente para perto de si.

Nellie suspirou, mas dessa vez por pura felicidade, enquanto se aconchegava apoiando a cabeça no peito do Robert.

''Existem reviravoltas que vem para o bem no fim das contas.'' Pensou com tranquilidade, avaliando os últimos acontecimentos em sua vida e vendo que talvez Londres nem fosse tão asquerosa quanto ela vinha pregando.

 

What Doesn't Cut The Flesh Can Do Pretty Bad Things On The InsideOnde histórias criam vida. Descubra agora