V

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A sorte foi que Ellen rapidamente se desculpava por tocar no assunto, e Roxie a seguiu nas desculpas intuitivamente. Mais cuidadosa que Ellen, claro, com as suas sobrancelhas formando um leve ponto de interrogação. Não eram todas as pessoas que tinham aquele poder de expressividade facial.

— Não é nada, se não for pra ser não adianta, né? - Dylan respondeu, descontraído, enchendo a sua boca com cerveja em seguida.

Roxanne deixou um suspiro forte escapar, que quase soou como uma reclamação de completa insatisfação.

— Vê? Vocês dois têm que aproveitar isso que vocês tem. - ela disse, apesar de não parecer ser aquele todo o motivo de sua reação exagerada. - Não é fácil de encontrar. E rótulos são o que menos importa. Só sejam vocês, e sejam felizes.

Jake fez menção de dizer algo, e, conhecendo a relação que eles tinham, certamente seria algo maldoso. Roxanne não se chatearia - eles eram o mais sinceros um com o outro, o que provavelmente seria o maior responsável pela amizade duradoura que eles tinham pela frente. É, ela não era ninguém para dar aula de relacionamento amoroso, mas o seu conselho era simples e sincero.

— É exatamente isso que eu penso. - Ellen riu, apoiando as mãos na mesa. - Quanto ao namoro nem tanto, mas casamento? Parece que o status acaba com tanta coisa. E não porque é responsabilidade demais ou é chato, mas porque as pessoas caem num abismo de achar que aquilo é garantido, e a relação se desgasta, e o egoísmo... É claro que não é sempre assim, mas pra quê? Parece uma tentativa de acorrentar a pessoa a você, e se for sincero e só uma demonstração do amor do casal... Pra quê toda essa cerimônia?

A conversa se estendeu para sempre, e logo Dylan relaxara novamente para fazer parte dela sem acabar anunciando abruptamente términos de namoro ou coisas do tipo. Ele questionou a paixonite do seu colega de faculdade por Roxie, porque Jake era, na verdade, um cara muito agradável. Ele encaixava perfeitamente no protótipo de amizades de Roxanne Evans - era impossível colocar todos os amigos dela na mesma caixinha, se você fosse catalogá-los. No entanto, todos tinham aquele mesmo carisma que possibilitava uma amizade instantânea e mútua. Talvez eles não servissem para ser o seu melhor amigo, porque isso seria impossível, mas todos eram garantia de uma boa companhia, principalmente se você precisasse de uma.

Por isso, se todos eles se reunissem em uma sala, tudo correria perfeitamente bem sem que Roxanne precisasse se preocupar. Ela poderia até se esconder ou dormir.

O jantar correu prazerosamente, e o tempo passou rápido demais. Dylan sequer teria percebido o horário, porque o restaurante estava funcionando como se ainda fossem nove horas, com pessoas esperando no bar para jantar.

— Já passou da meia noite. - Jake comentou, em um tom de voz baixo. - Ou o meu relógio ficou louco?

Todos confirmaram que era definivamente mais de meia noite.

— Ah não! É uma pena! - Ellen lamentou, claramente cheteada.

— Realmente é. - Jake concordou, sorrindo de leve para Ellen.

Com um sentimento muito fácil de identificar transbordando dos seus olhos.

— Vocês precisam ir?

— É aniversário da minha irmã amanhã, e ela mora em Ohio.

— Oh. - Roxanne disse, compreensiva. - Diz que você vai de avião.

— Eu vou de avião. - Ellen respondeu, rindo.

— Odeio viagens longas de carro, já estava ficando enjoada.

EPÍLOGO - A Melhor Amiga "Lésbica" DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora