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As luzes centrais se acenderam no palco do Horns, revelando o seu apresentador oficial das noites de música ao vivo. Jimmy estava com sua cabeça levemente inclinada para o chão; ele levou o microfone até sua boca, que carregava um sorriso ladino enquanto o restante do seu rosto permanecia escondido pela boina perfeitamente posicionada em sua cabeça.

Sua voz veio mais animada do que era esperado - ao menos para quem estava ali pela primeira vez - enquanto Jimmy finalmente olhava para a plateia e revelava sua expressão animada.

— Olá, queridos diabretes! Nesta noite, o nosso tema é divas. Então, já sabem... Preparem-se para querer tirar a roupa. Começaremos com ela, que todos sentimos muita falta! Divirtam-se, mas lembrem: esse é um lugar público, então, masturbação é crime.

Os saltos da mulher bateram no palco como música. Suas sobrancelhas arqueadas, os lábios vermelhos carregando um sorriso quase cínico. Essa mulher tinha um rosto jovem e poderia ser confundida facilmente com alguma novata na faculdade, não fossem as linhas em seu rosto e a profundidade em seu olhar - o próprio contorno de sua boca era de uma malícia quase venenosa. Não, ela já estava por ali há algum tempo. Se aproximou do microfone preso ao pedestal ao lado de Jimmy e falou baixinho, quase sussurrando:

— Que recepção. - ela levantou o olhar fingindo surpresa quando riram. - Falei alto? - ela soltou uma risada breve, mas cheia em seu momento. Jimmy se retirou do palco, fazendo uma reverência. Ela apenas negou com um aceno da mão coberta por uma luva de seda. - Então, pra lembrar, como faz tempo... Eu compenso a voz com a produção. - ela passou a mão pelas laterais de seu vestido repleto de glamour, como se precisasse enfatizar o que dizia. - Não esperem grandes vocais. Cortando essa ladainha, afinal, quem sou eu?

— Marina Diamandis! - um rapaz loiro gritou do fundo do bar.

— Obrigada, beesha. - ela mandou um beijo no ar, do jeito mais glamouroso possível. — Banda? Um, dois, três...

Ela se apresentou no Horns como não fazia há um ano. Um ano que passou voando enquanto ela concluía sua pesquisa na Europa. Voltar era bom, Roxanne concluiu.

Mas ela já sentia falta da Europa. O lado ruim de viajar é que, depois, quando acaba, você sente falta de viajar. Ela constantemente se perguntava porque não havia escolhido uma profissão "viagem." Paga para viajar sempre, por que não?

Roxanne abriu o show com "Froot", da Marina and the Diamonds, e, então, seguiu para a mesa de seus amigos para responder todas as perguntas sobre os meses que passara fora. De quem não a havia visto, claro. Raphael, que não era muito de frequentar o Horns, estava presente hoje e a auxiliava com as respostas, já que havia passado algum tempo com ela nesse intercâmbio. Phill também estava lá, com seu lindo namorado Evan, um físico muito famoso pelo campus. Em ambos os sentidos. Evan eram o principal estudante do departamento de física, e também tinha um corpo incrível. Ele era provavelmente o rapaz mais bonito de toda a história de Harvard, e não apenas o afro-americano mais bonito, como muitos sussurravam.

Phill nunca estivera tão feliz. E ele nem estudara em Harvard; conheceu Evan em uma feira de Física no ano em que se formava em Direito na Georgetown. Feira a qual ele frequentou apenas por causa da irmã mais nova, que estava no primeiro ano de Física em Harvard. Phill foi rapidamente contratado por uma firma de advocacia, apesar de ainda ter muitos anos de estudo pela frente.

Raphael e Roxanne eram outros dois que não iam sair da faculdade tão cedo.

— E aqui ela está. Vestida para matar. - assim que a voz soou perto de seu ouvido, Roxanne fechou os olhos e abriu um sorriso fino. O hálito de hortelã batendo em seu pescoço só podia ser de uma pessoa.

EPÍLOGO - A Melhor Amiga "Lésbica" DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora