As famosas duas palavras

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- Eu amo blogar, Tom. - desabafo - Mas, sabe, eu gostaria mesmo de trabalhar naquela editora. Não me importo com o fato de que todos os funcionários lá estão na faixa dos oitenta anos, e que me deixem dez anos mais velha só de olhar para eles. - Trevor deixa escapar uma risada, e arqueia uma das sobrancelhas - Tá... na faixa dos 60 anos. - admito - Espero que quando eu conseguir trabalhar no mercado editorial, eu não fique com olheiras horrendas como aquelas.

- Hum. - murmura Tom, e em seguida abre a boca para falar algo, mas não diz nada, como se estivesse pensando melhor. "Hum?". Eu simplesmente odeio esse "hum". De verdade.

Tudo que eu queria agora era que ele realmente estivesse interessado - ou fingisse que está, pelo menos -.

Eu gostaria de contar a ele sobre o meu mais novo fracasso em uma entrevista de emprego. Contar a ele que sempre que eu dizia algo os entrevistadores me olhavam, se olhavam, e me olhavam de novo; como se se conhecessem há séculos e não precisassem de palavras para se comunicar. Assim que eu e Tom costumávamos ser.

Depois de um longo minuto de olhares dirigindos a mim, em silêncio - constrangedor, devo acrescentar - eles me perguntaram o motivo de eu me considerar apta para a função. Fiquei boquiaberta. Eu seria a "quebra-galho". Precisa ser apta para fazer um café? Oras! Como se todos quisessem trabalhar ali. Como se eu não fosse a única que viu o anúncio e foi à entrevista.

Sinceramente, aquele lugar estava caindo aos pedaços. E eles me perguntaram sobre aptidão. É, isso mesmo. Essa palavra deveria ser proibida em lugares como esse, porque não deveriam levar em conta o motivo pelo qual você se considera apto, quando você é a única pessoa que já se candidatou para a vaga. Qualquer pessoa que respire está apta para trabalhar lá.

- Valentina? - ouço Tom dizer, num tom que implica sugerir que ele já havia me chamado mil vezes e eu não houvesse escutado. Isso acontece às vezes. Na verdade, acontece muito. Abro a boca para me desculpar, mas antes que eu faça isso, ouço as palavras que assombram qualquer ser humano saírem lentamente de sua boca.

- Precisamos conversar!

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Oi, pessoal! Tudo bem? O primeiro capítulo foi bem curtinho, mas espero que estejam gostando. Como podem ver, tem uma imagem anexada de como imagino a Val. Ela é linda, não é? Digam o que acharam nos comentários, ficarei grata em responder todos vocês. :)
Obs: No próximo capítulo vou anexar uma imagem do Ben também.

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