Os funcionários da cafeteria sempre me dizem que eu não preciso cuidar de tudo o tempo todo. Afinal, eu sou o dono do negócio.
Entretanto, eu trabalho mais que todos os outros, e gosto disso. É uma forma de passar o tempo, e era o que o meu pai sempre fazia: cuidava de tudo, o tempo todo.
Por mais que eu tenha quem faça isso por mim, eu fico horas lidando com finanças, limpando, organizando, atendendo... e isso me agrada. Me agrada ocupar minha mente com coisas produtivas, me agrada saber que posso organizar tudo metodicamente: por cor, por tamanho, por necessidade, e às vezes, até por praticidade.
É uma forma de não perder o controle sobre absolutamente nada. Aliás, tenho todas as horas do dia planejadas, e sigo à risca tudo que planejo.
Minha família sempre diz que eu preciso de um tempo pra mim, um tempo para aproveitar o dia com os amigos...
Mas lá vai uma coisa que você precisa saber: Eu não me abro com as pessoas, e não faço novas amizades. Para ser bem sincero, eu não tenho amigos, e suspeito que nunca tive - exceto o Óliver, meu primo e melhor amigo de infância -. Sabe aquela frase?! "A melhor forma de ter amigos verdadeiros é sendo um."? Bobagem! Se meu sobrenome não fosse Forchhammer, seria "verdadeiro". É uma de minhas maiores - e únicas - qualidades, ser verdadeiro.
Conheço poucas pessoas verdadeiras. Dos poucos amigos que já tive, não me recordo de um que tenha sido assim. Dos poucos amigos que tive, todos tinham seus interesses. Tem sido sempre assim, e - apesar de esperar o contrário - acredito que sempre será.
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Memórias de nós mesmos
Romance[HIATUS POR TEMPO INDETERMINADO] Benjamin odeia a internet. Odeia todos seus aplicativos, usuários, sites - a odeia inteiramente. Ele é o mais pé no chão possível, e tenta realizar apenas o que está ao seu alcance. O típico cara comum (ou careta). V...