Capítulo 34 - Beautiful Nightmare

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Sábado.

"Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Camila declamou olhando para o celular, onde lia o tal texto.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.

Ergueu o braço livre e dramatizou recebendo alguns revirar de olhos de Allyson, muitos bocejos de Dinah e um nada de Normani que tinha os olhos fechados.

Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão."

Camila terminou a declamação abaixando os dois braços e sorrindo orgulhosa de si mesma. Particularmente eu achei aquela cena linda. Por mim ela poderia ficar procurando textos sobre viagens, partidas e despedidas na internet e declamar todos eles enquanto ninguém está interessado em ouvi-los. Ninguém além de mim... Mas isso não conta muito, não é? Tudo o que ela faz é gracioso, pra mim, e ao mesmo tempo tão idiota que se torna lindo porque ela é idiota, uma idiota linda e os adjetivos bons e ruins se misturam fazendo com que eu nunca entenda ao certo o que, de fato acho, dela. Digo, acho muita coisa, mas... Camila consegue tornar as coisas um pouco confusas e eu ser apaixonada por ela só piora a compreensão! Por isso acho que na verdade não sei nada...

— Gostaram? — Camila levantou a cabeça fitando nós quatro com curiosidade.

— Aham. — Dinah fez pouco caso enquanto mexia no celular sentada sobre as malas.

— Claro! — Allyson revirou os olhos.

— Com essa interpretação então... — Normani riu sonolenta.

— Lolo? — Claro que ela queria minha resposta e eu estava esperando por isso.

— Muito... — Lindo! Você é linda! — Cabível para esse nosso momento. — Sorri sem mostrar os dentes, mas não por não ser sincero, mas por preguiça de abrir os lábios. Ela sorriu de volta e retornou a atenção para o celular.

Sábado. Ainda 307 dias, mas o relógio já marcava 08h:56. Não tivemos atraso com o voo, nem nada deu errado. Estávamos em frente ao aeroporto desde o momento em que havíamos pousado, pegado nossas malas e sofrido por arrastá-las até um carrinho e depois até aqui. Não eu, claro. Mas Normani precisou de ajuda com aquele ataque mortal de Hello Kitty e Camila também teve dificuldade com as tantas malas. Dinah carregou tudo sozinha e Allyson pediu ajuda a um funcionário do aeroporto. Após isso ligamos para nossos pais e avisamos tudo o que tínhamos para avisar.

— Por que será que nem os nossos pais e nem a gente pensou em como levaríamos isso tudo daqui pro apartamento?! — Normani pergunta com a voz arrastada.

— Deixamos passar um detalhe importante. — Allyson, que estava muito mal-humorada, explicou. — Deve ter sido a emoção.

— Zangada, seu dever é lembrar do que ninguém se importa em lembrar, sabia? — Dinah reclamou sem tirar os olhos do celular.

— Como eu ia pensar nisso se mandei tudo através do correio em caixas?! — Bato o pé me sentindo injustiçada.

— Não importa. Você tinha que pensar no bem coletivo, sua egoísta. — Dinah acusou-me.

Revirei os olhos para ela e cruzei os braços. Eu não deveria ligar para as provocações da Jane, mas até eu mesma me esquecia disso e acabava me irritando até lembrar que não precisava me irritar.

— Moço! — Allyson gritou para um taxista. — Liga de novo, por favor!

Quando passamos pelas portas automáticas, procuramos por um táxi, mas nenhum cabia nós cinco e nem falemos sobre as malas! Mas um motorista disse que a empresa em que ele trabalhava tinha uma van onde tudo caberia apertado, mas caberia. Sendo assim, ele prontificou-se a contatar a central e chamar a tal van. Isso foi há uns 25 minutos atrás, agora some isso com o tempo que gastamos com as malas... Quase uma vida perdida!

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