Capítulo 38 - Something About December

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Quarta-feira.

Quarta-feira. 325 dias desde que Camila falou comigo pela primeira vez e 14 horas que ela me ignora com uma grande vontade, que chega a doer em mim. Quando nos esbarramos ao sair dos nossos respectivos quartos, ela passa por mim e vira o rosto. Quando fazemos nossas refeições à mesa, ela senta na posição diagonal a mim. Mas a pior parte vem agora. Ela deu pra querer se apossar da minha poltrona de ontem para hoje...

— Cabello, eu costumo sentar aí e você sabe. — Falei apontando a poltrona em que ela estava.

— E quem liga? Porque eu não ligo. Você comprou? Não. — Ela disse rápido demais e meu queixo caiu com o desaforo.

— Você está me provocando. — Falei entredentes notando a intenção dela, mas ela sequer se moveu.

— Pense o que quiser. — Ela deu de ombros. — Tirando sua cama, todos os móveis desse apartamento podem ser usados por nós cinco.

— Mas eu gosto de sentar aí e todas vocês sabem! — Argumentei mesmo sabendo que quando Camila quer ser chata se torna insuportável.

— Lauren, eu não ligo. — Falou calmamente sem tirar os olhos da TV. — Se eu quiser sentar em cima da televisão e assistir de lá, eu sento!

Seria meio impossível você conseguir assistir desse jeito, idiota.

Desisti de discutir e sentei-me na ponta do sofá oposta à poltrona. Queria o máximo de distância daquela garota.

— Senta logo na janela e cai por acidente proposital. — Coloquei o polegar entre os dentes pra controlar a raiva.

— Com certeza levo você junto porque ninguém merece você. — Rebateu.

— Idiota. — Murmurei.

— Eu odeio você, sai daqui. — Ela disse como uma criança que resolve brigar mas não tem argumentos suficientes.

— Também te odeio e cala a boca porque quero assistir. — Respondi focando na TV e dando um fim àquela briga chata.

Esse foi nosso último diálogo, ontem à noite. Ele conseguiu ser pior do que os tantos "eu te odeio" que já falamos uma pra outra. E me dói, de verdade, ter que viver nessa guerra com Camila quando ela foi a culpada pela briga ter acontecido! Se ela fosse uma pessoa normal teria dito "Tudo bem, Lauren. Vamos superar essas coisas porque na noite do baile nós nos declaramos uma para a outra.". Mas como eu gosto de uma garota estranha ela tinha que brigar comigo!!

Vida superior a todas as vidas. Vida vital das vidas, por favor, em uma outra vida me deixe gostar de alguém normal. Ou faça Camila ser normal. Obrigada.

Hoje, véspera de Natal, as garotas decidiram que precisávamos ver a cidade em um dia assim. Porém, pela manhã, enquanto estávamos tomando o nosso café da manhã já prontas para sair, houve uma pequena discussão que fez Allyson tomar uma decisão por todas nós.

— Podemos passar na loja de decoração? Eu quero decorar isso aqui tudo. — Camila disse empolgada.

— Pra quê decorar justo na véspera? Deixa como está. — Falei sem tirar os olhos do meu prato.

— Não perguntei exatamente a você, Jauregui. — Ela disse indiferente,

— Então direcione sua pergunta a alguém. — Revirei os olhos e bebi um pouco de suco.

— Todos menos você. — Respondeu.

— Tá. Que seja. Fique com sua decoração desnecessária. — Dei de ombros.

Parece Mais Fácil Nos FilmesOnde histórias criam vida. Descubra agora