Capítulo 64 - Saturday

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Sábado.

Eu nunca quis ter um casamento como espetáculo. Nunca desejei casar para mostrar "oi, estou casando". Por isso, quando Lauren decidiu casar, eu já tinha em mente tudo o que eu pretendia. Ela apenas não sabia que eu planejava nosso casamento há tempos em segredo. Era bem simples. Um casamento em Miami com as pessoas importantes em nossas vidas, isso significava nossas famílias, amigos e os pais desses nossos amigos. E, claro, o nosso filho Sparky.

Quando recebi o sinal verde para concretizar o casamento, não ousei perguntar mais do que uma vez se ela tinha certeza, apenas decidi ligar para minha mãe e obrigar Lauren a ligar para Clara, já que por vontade própria eu sei que ela deixaria para lá e a mãe dela nos odiaria se soubesse muito tarde.

Então, após anunciarmos que iriamos mesmo casar, precisamos começar a pensar em como tudo seria feito, mas nossos pensamentos não conseguiam desenvolver nada. Eu tinha em mente que queria casar na cidade em que conheci Lauren. Lauren tinha em mente que precisava pensar mais e sempre pensava mais do que achava precisar.

Era lindo ver minha noiva se esforçando para escolher lugares em que poderíamos casar mesmo que nada agradasse a nós duas. Quando eu gostava de algo, ela não gostava. Quando eu não gostava, ela também não gostava. Ela apenas não gostava de tudo. Então chegamos ao ponto em que eu precisava decidir antes que ela falasse que não queria mais casar.

- Amor, lembra de quando a sua mãe contou que você sempre meditava no quintal da sua casa em Miami? - Perguntei em uma tarde de domingo, aproveitando que ela estava distraída, tomando chá e assistindo um filme comigo.

- Uhum... - Bebericou o líquido e continuou olhando a TV.

- A parte que você não ouviu quando foi pegar água para sua mãe, foi seu irmão dizer suspeitar que você pensava em nós ou toda a situação enquanto estava lá meditando. - Contei.

- Todo mundo sempre falando algo, percebendo algo, te contando tudo... - Ela comentou.

- É que todos já sabiam que você me amava.

- Acho que sempre souberam. - Falou, jogando uma perna por cima das minhas e beijando minha bochecha.

Sorri e decidi que estava na hora de ser direta, encarando-a quando já olhava a TV.

- O que acha de casarmos em sua casa?

Lauren pareceu não respirar por um segundo e então me olhou.

- Como assim?

- Um casamento pequeno no quintal. Ou você quer fazer algo gigantesco? - Usei a palavra-chave para ela imaginar uma multidão e preferir o quintal.

- Não! Algo pequeno é ótimo. Não quero gente que a gente nem conhece presenciando algo tão íntimo, Camz.

- Mas o que você acha da minha ideia?

Ergueu a xícara para mim e eu segurei em cima da minha barriga, esperando ela dizer algo. Então ela esticou os braços, mexeu nos cabelos como se fosse prendê-los, mas desistiu.

- Acho inovador para a época e tradicional em geral.

- Então posso falar com o seus pais? Ou pedir a sua mãe para falar com o seu pai...

Há tempos, tanto Lauren quanto eu e qualquer pessoa que quisesse ver, sabe que Michael, o pai de Lauren, nunca, em todos esses anos, conversou com a filha mais velha sobre o fato de ela estar comigo. Ele nunca recriminou, brigou ou ofendeu, mas também não demonstra empolgação alguma. Me trata com respeito e cordialidade, mas tinha alguma animação ao falar comigo quando eu era apenas amiga de Lauren. Já tentei convencer minha noiva a perguntar a ele o porquê disso, mas ela tem medo de mexer em um assunto que ele não quer falar sobre.

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