Nada de interessante acontecia na vida de Cyara Marjorie até a chegada inesperada de Gian Carter, um agente de modelos conhecido por sua reputação de inconsequente e irresistível. Solteiro sempre, sozinho nunca! Cyara, uma estudante determinada, com...
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❉ CYARA ❉
Pouco depois que adentrei a comunidade um garoto se esbarrou em mim, aparentava ter entre 16 ou 18 anos. Foi tão grosso que não teve nem à noção de pedir desculpas. Nunca o vi aqui e tenho certeza que não faz parte desse meu convívio. Enfim, são cerca de uns quinhentos metros da onde gentilmente bati à porta do carro daquele egocêntrico até à minha casa. Essa audácia dele me irrita, mas vou me conter à não esquentar à mão. Enquanto ando na estreita viela, sem soma de dúvidas não tem como eu não ser o foco das atenções com esse vestido nada do discreto acompanhado desse salto que está assassinando os meus pés, mas vou firme com ele até o final. Respondi os acenos de mão de alguns e sorri falsamente para outros.
“Cuide da sua vida e jamais seja plateia da vida dos outros.”
Às pessoas deviam pensar mais nessa frase. Refletir. Digo porque não falta fofocas desagradáveis aqui na comunidade. São cada histórias absurdas que se houvesse um ataque terrorista seria por motivos óbvios. “Ela abortou aos 17 anos!”, “Se faz de santinha, mas não é isso não!”, “Essa aí é amante de homem casado!” Fiquei sabendo até que sou ex-detenta, porém ainda não descobrir por qual crime cometido. Nem me importo mais com essas lorotas. Só quem sabe verdadeiramente da minha vida sou eu. O resto como a própria palavra diz, é resto. Mas confesso que estou me preocupando com esse ‘resto’ nesse novo rumo que a vida está me desafiando. De estudante de engenharia civil a modelo e representante de uma prestigiada empresa no país. Em pensar que ainda nem posei profissionalmente ao lado do maior mulherengo dessa cidade. Daí sim as fofocas serão mais perversas.
— Majôzinha... — disse o Otávio vindo ao meu encontro.
— Não me venha com esse vocabulário no diminutivo que não sou marionete. — apresso o passo e ele me acompanha ficando ao meu lado na caminhada.
— Oh, calma Majô! Só queria ser carinhoso. — sorri descarado me olhando de cima a baixo e roça sua mão aonde mais odeio que me toquem.
