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Ao chegar na cidade, fiquei surpreso com as ruas sem trânsito. Pouca gentecaminhando e olhando pros lados.

Os barulhos de carros, caminhões, ônibus,aviões eram substituídos por uma leve brisa e sons, todos se misturavam tornando-se um só, causando uma levesa quenunca havia sentido antes. Em quase todos os quarteirões haviam flores. A impressão que dava era de que a vida era boa.

Eu olhava pela janela do ônibus e achava estar em outro mundo, dos filmes da TV
talvez. Casas bonitas como aquelas eu só havia visto nas novelas, e ver pessoalmente paraquem não está acostumado é fascinante.

Quando cheguei na rodoviária, minha tia Anne já me esperava, toda sorridente.

-Louis... Aqui, querido...

-Oi tia!...

-Nossa! Como você cresceu... Está tão bonito...

-Obrigado, tia!... A senhora também está diferente...

-Está querendo dizer que eu estou velha?

-Claro que não, está muito bonita...

- Hahaha... Obrigada... Harry não vê a hora de você chegar...

-Sério? Como ele está, tia?

-Já está um homem, igual a você. Eu mandei fotos dele pra sua mãe ver...

-Há cinco anos atrás, né?

-Hahaha... Nossa! É verdade... O que foi?

-Nada...

-Tem certeza?

-Hum ... To com um pouco de medo, só isso.

-Medo de quê?

-Sei lá...

-Não se preocupe, quando eu cheguei aqui me senti igual a você, mas fui me
acostumando... Logo você se adapta também...

-Se a senhora diz...

-Meu carro está logo ali, vem comigo...

-Sim...

Atravessamos a rua após aguardar o semáforo fechar. De olhos escuros e a chave docarro balançando na mão, a tia Anne atravessou a faixa de pedestre rapidamente. Tentando acompanhar seus passos, atravessei logo em seguida.

-Vou abrir o porta-mala pra você guardar suas coisas.

-Obrigado!

Entrei em seu carro que estava parado no estacionamento da rodoviária. Colocamoso cinto de segurança e antes de sair a tia Anne comentou:

-Hum... Esse calor está me matando. Vou deixar os vidros do carro fechados e ligar o arcondicionado. Tudo bem por você?

-Como quiser, tia.

-Está com fome?

-Eu comi na estrada...

-Mas comida de estrada não é comida, né? Já pedi para a empregada fazer um
estrogonofe de frango para o meu sobrinho favorito.

-Sou seu único sobrinho, tia.

-Por isso mesmo... Gosta de estrogonofe?

-Claro!... Minha mãe fez uma vez quando a senhora mandou a receita.

-Pare de me chamar de senhora... Desse jeito me faz sentir velha.

-Desculpa.

-Está desculpado.

Fui o caminho todo calado, olhar perdido na rotina agitada lá fora. O tempo todovinha à minha cabeça a imagem de meu pai, as lágrimas que descera de seus olhos ao se
despedir antes de partir.

-Louis... Louis... Louis?

-Oi, tia...

-Onde você está?

-Desculpa... Acabei me levando no pensamento.

-Pensando em quê?

-Hum .. No meu pai.

-Meu querido, pense pelo lado bom das coisas...

-Por mais que eu tente, não tem como não ficar preocupado.

-... Sei como é isso... Mas toda essa angústia vai passar no primeiro telefonema queele fizer.

-Não vejo a hora, tia.

-Bem, Louis... A partir de hoje, essa será sua casa por um tempo.

-Você mora nessa casa enorme?

-Eu, Rob e o Harry, Gemma está na faculdade nos Estados Unidos.

-Nossa!... É bem grande.

-Nem tanto..só tem 5 quartos.

-Só? Hahaha... Que modéstia a sua...

-Se tratando daqui, está dentro dos padrões normais.

A tia Anne morava em um bairro de alto padrão com meu tio Rob e meu primo Harry, em um apartamento de quatro dormitórios. A rua do condomínio era bemarborizada, calma, com alguns carros encostados no acostamento e vários condomínios deluxo.

Chegamos no estacionamento do prédio e começamos a pegar as bagagens do portamala do carro. Não eram muitas, apenas duas, pois não tinha muita coisa para trazer.

-Que cara é essa, Louis?

-Nada não.

-Tem certeza?

-Ah tia... To com medo de não me adaptar aqui...

-Hum... Quando eu cheguei aqui era uma caipirinha idiota, muito boba, mas não
demorou muito me acostumei, é como eu te disse, se eu consegui você também consegue.

-Que os anjos digam Amém!

-Vamos subir... Abra a porta...

-Sim.

Entrei com o coraçãodisparado na sala. Logo em frente à porta havia um lindo aquário com vários peixes,tomando parte da parede que dividia a sala de jantar com a de estar.

Deitado no sofá estava meu primo Harry. Quase não o reconheci vendo levantar  aquele alto rapaz. Em seguida, com um sorriso aberto ele caminhou em minha direção parame cumprimentar. Na hora fiquei sem graça, tímido.

Tenho que confessar, ele estava muito bonito, mais que bonito, ele estava gostosocom suas tatuagens beirando o inicio do pubs à mostra. Ver aquilo fez-me despertar aquelespensamentos outra vez.

-Louis!... Nem acreditei quando minha mãe disse que você viria pra cá... 

MOR.COM::l.s versionWhere stories live. Discover now