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Não entendia o que acontecia comigo. Quando ele me deu um abraço, até deixei as malas caírem ao chão. Retribui com um abraço também. Seu toque foi muito gostoso, dando-me até um frio na espinha. Não sei explicar por que eu sentia aquelas sensações estranhas.

A grande maioria dos meninos homossexuais entre 11 - 13 anos têm consciência que sentem desejos homoeróticos, porém, ainda não se consideram homossexuais. Por volta
dos 13 - 14 anos, começam a surgirem as fantasias e a compreensão desses sentimentos como homossexuais acontece por volta dos 15 anos.

Definir-se como um homossexual ocorre mais tarde, em torno dos 18 anos de idade, adotando o estilo de vida e termo "gay" já em sua fase adulta, a partir dos 20 anos.

Dentro da minha cabeça um turbilhão de coisas deixava-me confuso, mas claro que não demonstrei nenhuma atitude que pudesse dar a entender esse meu "desvio".

-Minha mãe mandou preparar um quarto pra você, Louis...

-Sério?

-Sim... Vem comigo que eu te mostro...

-Sim.

Olhei para a tia Anne que esboçou um sorriso e disse:

-Vá com ele, deixe que depois eu levo suas malas pra lá.

-Obrigado, tia!

Ganhei um quarto só para mim. Ao entrar, mal pude acreditar no que via à minha frente. Tinha uma enorme TV de 42 polegadas e tela plana, um computador, ar condicionado. Sobre a grande cama havia um lindo edredom xadrez, e dois macios travesseiros. A parede branca e texturizada deixam o ambiente amplo, alegre, com um  guarda-roupa enorme que pegava de uma ponta à outra. Todo luxo que eu nunca tive quando morava em Doncaster com meus pais.

Não perdi tempo e me joguei na cama. Harry deu risada e pulou comigo.

Aquele colchão macio faziam-me parecer estar no céu, lençóis perfumados, tinha até um banheiro dentro do meu quarto.

Meus olhos brilhavam de felicidade.

Aproveitei e já fui tomar um banho para me livrar do suor e cansaço da viagem, enquanto isso o Harry ia ajudando a Rosie guardar minhas roupas no armário. Rosie era uma moça que trabalhava para minha tia, muito bonita por sinal.

Depois do banho, passei um óleo que estava em cima da pia do meu banheiro, em seguida enxuguei-me com uma toalha bem branquinha e macia. Enrolei-a na cintura e fui pegar uma peça de roupa no meu novo guarda-roupa.

Logo quando saí do banheiro avistei Harry sentado em minha cama, observando-me. Quando me viu semi nu saindo do banheiro, reparei que ele deu um leve suspiro e um sorriso meio safado, mas nem levei na maldade.

-Nossa!

-O que foi?

-Eu não sabia que você estava ai...

-Por que o espanto?

-Bem, eu...

-Ora... Deixa de ser bobo. O que você tem ai eu também tenho...

-Hum... Está bem.

Tirei a toalha. Nu, eu escolhia uma roupa para vestir, enquanto Harry permanecia no quarto, deitado em minha cama. Coloquei uma bermuda e uma regata branca.

Passei um creme nos braços que havia na cabeceira da cama, calçando o chinelo em seguida.

Por um lado eu estava feliz em desfrutar de todo aquele conforto, mas por outro eu sentia-me um pouco estranho, uma angústia que me incomodava. Talvez o motivo fosse meus pensamentos que ainda estavam no meu pai, doente, longe de mim.

Na hora do jantar eu comi uma comida maravilhosa. Minha tia estava muito feliz  pela minha estadia em sua casa, e seu marido, Rob... já fazia planos pro meu futuro. Ele queria que eu e o Harry tivéssemos um futuro brilhante, com sucesso pessoal e profissional.

Após beber um gole de água, Rob perguntou:

-Está gostando?

-De que, tio?

-Da cidade... Da nossa casa...

-Bom, a cidade é muito bonita... A princípio eu gostei bastante. Já da casa, eu adorei, muito bacana.. Estou muito agradecido por vocês me receberem aqui com tanto carinho.

Tocando em minha mão, tia Anne concluiu:

-Não tem de que agradecer, querido.

-Pode deixar, mãe... Vou tirar essa impressão dele rapidinho...

-Isso ai, filho. Leve o Louis para conhecer as baladas, shopping...

-Deixa comigo, pai.

Depois do jantar fui pro meu quarto assistir um pouco de TV. Liguei o DVD e deitei em minha cama. Pra mim era tudo novidade. Tirei a camisa, a bermuda e vesti uma cueca samba-canção.

Deitei todo esparramado à cama. Alguns minutos depois o Harry bateu duas vezes à porta, em seguida entrou no quarto, trazendo na mão direita alguns vídeos.

-Posso entrar?

-Claro!

-Com licença... Eu trouxe aqui esses DVDs pra nós assistirmos juntos...

-Beleza.

Após encostar à porta Harry trocou o que eu estava assistindo pelo que ele trouxe. Assim que a bandeja do aparelho se fechou, ele abriu à porta novamente dizendo:

-Peraê que vou buscar a pipoca.

-Ta bom.

Enquanto isso, juntei várias almofadas no chão e forrei o edredom, onde deitamos para assistir ao filme comendo pipoca.

-Você já assistiu esse filme?

-Ainda não, e você?

-Também não, aluguei hoje e esperei você chegar pra assistirmos juntos.

-Obrigado pela consideração.

-Relaxa... Olha lá, começou...

No começo o filme parecia ser um pouco chato, parado. Eu que sempre gostei de
filmes de ação, estava quase dormindo, até iniciar uma cena erótica que me deixou excitado, com tesão.

Não deu pra disfarçar, porque eu estava sem camisa, apenas de samba-canção. O volume me denunciava, mas até então não tinha problema nenhum, estando dois homens no quarto não precisaria ficar com vergonha.

Continuei assistindo ao filme até notar Harry olhando pra mim. Inocente, nem dei muita atenção, até que ele tocou na minha perna, aí eu fui perceber que havia uma certa maldade em seus olhares pra mim.

Naquele momento eu paralisei, fiquei totalmente sem reação. Suas mãos foram tocando minha perna e subindo cada vez mais. Sem saber o que fazer eu não me movi, apenas fechei meus olhos e não pensei em mais nada.

Harry pegou o controle e desligou a TV. Em seguida, levantou-se e foi até a porta, trancando-a para que ninguém entrasse e nos surpreendesse. 

Ali estávamos, só nós dois, iluminados apenas pela luz da janela que penetrava pela persiana.

MOR.COM::l.s versionWhere stories live. Discover now