26- Em choque

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Me soltei dos braços de Lucas delicadamente e sussurei (pois minha voz era quase inaudível) :

- Preciso ir vê-la...

- Eu vou com você!

Quando olhamos pra trás  o carro de Lucas estava cheio de multas e o policial o impediu de sair com o carro...

- Mas eu preciso levá-la ao hospital! Foi a Mãe dela quem sofreu o acidente !

Lucas, já alterado, tentava convencer o policial que continuava irredutível.

- Eu lamento rapaz. Não posso liberar o carro agora.

Eu ainda em choque, chorava de cabeça escondida nos braços cruzados debruçada no carro de Lucas. Ao ver minha situação, o policial em fim falou:

-Meu colega pode levá-la ao hospital, enquanto isso o senhor me acompanha até a delegacia, vou te ajudar a liberar seu carro.

Sem alternativas Lucas concordou, me abraçou e disse:

- Vou o mais rápido possível.- Um trovão barulhento fez meu corpo estremecer. Parecia um pesadelo.

- Eu ainda chorando fiz que sim com a cabeça e ele beijou minha testa.

Seguimos em direções opostas.

Chegando ao hospital não pude esperar,  entrei correndo procurava ela em algum lugar na esperança de encontrar ela bem, ilesa, mas a gravidade do acidente não me deixava enganar, com certeza ela deve estar na uti quando cheguei a esta conclusão, o noticiário estava falando justamente sobre o acidente... não foi só um capotamento... o carro deslizou na pista, um motoqueiro foi atropelado e
as duas vítimas estavam em estado grave.
Eu saí desesperada abrindo todas as portas da UTI
enquanto médicos e enfermeiros me gritavam e tentavam me alcançar,  não iriam me deixar vê-la, mas eu preciso vê-la!
continuei até chegar na última porta, ela tinha que estar lá!

....NÃO... ISSO NÃO PODE SER REAL !

O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?!

Não é minha mãe...

Eu reconheceria o escorpião no pulso em qualquer lugar...
as lembranças começam a voltar violentamente. A dor, o mesmo medo. Como se eu estivesse vivendo tudo de novo...

*Flashback on
- Liza, a Mary não vem hoje e seu tio vai ficar no restaurante. Tranque tudo. Eu volto de madrugada ok ?

fiz que sim com a cabeça,  minutos depois eu dormi.
acordei com pancadas na porta da frente.
desci preguiçosamente até chegar lá.  é o Matthew. Filho da namorada do meu tio. 19 anos. Olhos azuis.

- Liz... pode abrir por favor?!

- Não.

- Que isso Liz, somos amigos não somos? -continuei de cara fechada. - Olha, tem uns caras que não gostam muito de mim me seguindo e eu preciso de um lugar pra ficar...

Arqueei a sobrancelha. Sei muito bem quem são esses
"caras" e provavelmente a dona Margot deve ter colocado ele pra fora de por ter chegado bêbado de novo em casa , e possivelmente drogado... o Matt não é mais o amigo legal que me ensinou a andar de skate desde que começou a usar essas porcarias ...

- Não posso Matt.

- Então só deixa a porta aberta pra mim...
eu Tô limpo, juro !
eu vou entrar e ir para a garagem... de manhã vou embora e você nem vai ver ok ? - ele tenta me convencer com um sorriso e seus olhos brilhantes...

- Só pela nossa amizade. - concordo em fim... ele agradece e  sai andando

Como eu fui ingênua...

já bem tarde da noite eu ouço passos na escada... Matt abre a porta... Ele está visivelmente... Drogado.

*Flashback off

 Deus E Eu...Onde histórias criam vida. Descubra agora