Era minha última noite em Torrente, no dia seguinte eu diria adeus a essa cidade. Não faltava mais nada para encaixotar. Estava tudo em caixas e lacradas. Só havia três malas pequenas para cada um. Contendo uma troca de roupa e os assessórios para nossas necessidades básicas e na minha estava também meus livros. Perdi mesmo meu celular. Não o achei em lugar nenhum.
Nessa noite. Assim que meus amigos foram embora, eu estava na varanda. Estava olhando para o céu. Então meus pais chegaram atrás de mim.
- Ansiosa? - Minha mãe pergunta. Eu e ela já havíamos voltado ao normal uma com a outra.
- Acho que sim. - Falei olhando para trás por dois segundos e voltando a olhar para o céu.
- Também estamos. - Meu pai diz.
- A cidade pode ser a mesma, mas não vai ser igual a quando nós nos mudamos. - Digo ainda olhando para o céu.
- Tem razão. - Minha mãe fala. - Eu sei por experiência própria. Quando voltei para cá. A cidade era a mesma, só que ao mesmo tempo não era. - Completou.
Então eles se aproximaram de mim e cada um me abraçou de um lado e ficamos olhando o céu por um bom tempo desse jeito. Juntos.
O céu estava estrelado naquela noite, a lua estava cheia e bonita, ela tinha um brilho bem intenso, havia uma brisa suave que faz você se sentir mais leve, fazendo você acreditar que esta voando. Não sei se foi coisa da minha cabeça ou foi verdade, mas vi uma estrela cadente passando e fiz um pedido. "Espero que tudo de certo no final". Quando olho para os meus pais eles estão de olhos fechados, sentindo a brisa levar seus problemas embora restando somente à paz. Fiz a mesma coisa. Depois de uma hora, que para mim pareceu segundos, entramos. Já era mais de onze horas então fomos dormir.
Tive a sensação de que estava sendo observada e acordei. Assim que abri os olhos me deparo com meu pai me olhando com a maior cara de bobo.
- O que foi? - Digo sonolenta, esfregando os olhos.
- Nada. - Sua mãe mandou eu te acordar, mas você parecia esta sonhando com uma coisa muito boa, seu rosto parecia estar em paz então fiquei observando você dormir.
- Ah, sim. - Digo criando coragem para levantar.
- Tem vinte minutos para usar a água antes que ela seja cortada e a energia também. - Diz e sai do meu quarto.
Deito de novo, olho para o teto.
Daqui a algumas horas não poderei chamar aqui de "meu quarto" e nem essa casa de "minha casa". Penso. Me levanto e vou em direção ao banheiro, acabo esbarando no batente da porta. Minha mãe, que estava passando bem na hora, fala rindo:
- Esqueceu que você não consegue enxergar um palmo a sua frente sem os óculos?
Volto e pego meus óculos. E ai sim vou ao banheiro e faço o tenho que fazer.
Eu ainda estava sonolenta quando desci para a cozinha. Como o dia seria puxado resolvi comer os sanduiches que minha mãe preparou no dia anterior. Hoje é domingo, amanhã eu já tenho aula e de acordo com meus pais o caminhão de mudança chega meio-dia. Dara tempo de ajeitar o básico do básico no meu quarto e me preparar para a escola.
Acabou tendo um problema e o caminhão só chegara às cinco da tarde. Ou seja, só chegaremos em Lagoa Rosa lá pelas oito horas da noite. Nesse meio tempo pensei em pedir para os meus amigos virem para cá, mas eles já tinham planos para essa tarde (de acordo com eles para superarem minha partida). Depois eu sou a dramática. Então teria que arrumar alguma coisa para fazer.
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Você se lembra de mim?
JugendliteraturDepois de cinco anos longe, Heiley está de volta à cidade em que viveu na sua infância, mas saber se cada um de seus amigos ainda a reconhece como antes, é uma angustia a ser descoberta pouco a pouco. Como será que fica essa amizade depois de tanto...