Cinco anos atrás.
- Alana pega eles. Não deixa eles fugir.
- Por que em vez de você ficar gritando não corre mais rápido? Afinal é a sua boneca que está com eles.
- Meninas! Sempre tão fracas. - O Soren debochou da gente para o Luiz, meu primo.
Parei de correr, não aguentava mais.
- Luiz, se você não devolver minha boneca, agora, eu vou contar pro seus pais! - gritei. Ele parou de correr no mesmo instante.
- Você não é doida.
- Quer apostar?
- Não.
- Então devolve minha boneca, agora.
Ele cochichou alguma coisa no ouvido do Soren, que lhe entregou a boneca.
- Toma. - Ele me estendeu a boneca.
No momento que eu ia pegar a boneca ele a puxou de volta.
- Com uma condição.
- Qual?
- Você vai ter que arrumar um jeito de pegar brigadeiros pra mim e pro Soren. E só depois devolvemos a boneca.
- Mas a festa é só à noite.
- Não quero saber. - disse o Soren se aproximando. - Se quiser a boneca vai ter que trazer brigadeiro pra gente.
Suspirei e concordei.
Os dois cuspiram na mão e estenderam ela para que eu apertasse.
- Eca! Eu não vou tocar nessas suas mãos nojentas.
Eles deram de ombros e disseram que o importante era que trouxesse os brigadeiros.
Eu e a Alana fomos atrás dos brigadeiros enquanto os meninos se sentaram em baixo da árvore no quintal da frente.
Meus tios estavam terminando de arrumar a decoração do meu aniversário, papai tinha saído para comprar umas coisas que faltavam e minhas tias e mamãe estavam na cozinha. Faltava minha prima, mas ela ficou em casa, porque ela tinha um jogo de futebol, mas papai iria busca-la antes da festa começar.
- Como é que você vai pegar os brigadeiros sem que elas vejam? - Me perguntou Alana.
- Vou pedir pra elas ué.
Ela riu. Percebendo que eu estava falando sério parou no mesmo momento.
- Está falando sério?
- Sim. - Disse e entrei na cozinha.
- Oi filha, já cansou de brincar? - Mamãe disse sorrindo quando nos viu entrar.
Neguei com a cabeça.
- Eu posso pegar alguns brigadeiros? - Perguntei.
O sorriso saiu do seu rosto assim que terminei a frase.
- "Alguns"? Normalmente as pessoas pedem "um". E mesmo assim a resposta é não. Você sabe muito bem que eles são pra sua festa.
- Mas se eu não levar brigadeiro para os meninos eles não vão devolver minha boneca.
A Alana deu um tapa na própria testa.
A tia Magda saiu da cozinha, eu a segui.
- Você é muito burra sabia? - Alana sussurrou pra mim.
Quando chegamos lá fora, minha tia começou a brigar com os meninos e ainda deixou o Luiz de castigo e os fizeram devolver a boneca.
✳✳✳
Minha festa de aniversário foi bem legal, tirando o fato dos meninos estarem com raiva de mim por causa do episódio do brigadeiro.
Toda minha família estava aqui, menos à vovó e o meu tio Eduardo. Fiz questão de pergunta pra mamãe o porquê.
- A vovó está muito doente e o tio Eduardo ficou cuidando dela.
Não toquei mais no assunto.
Esperávamos os pais do Soren virem busca-lo. Ficamos brincando de pega-pega no quintal da frente enquanto esperávamos. Eu estava quase pegando o Luiz quando ele resolveu ir pro outro lado da rua. Por pouco ele não foi atropelado pelo carro dos pais do Soren que freou a tempo.
- Luiz! - Gritou tia Magda desesperada. - Vem aqui, agora!
Ele veio, já sabendo que estava encrencado.
- Quantas vezes já te disse pra olhar pros lados antes de atravessar?
Ele não respondeu.
✳✳✳
Meus pais estão meio inquietos. Eles não param em casa. Eu sempre estou na casa da Alana pra não me deixarem sozinha em casa.
Esses dias a mamãe pegou as roupas que não me serviam mais e os brinquedos que eu não brincava e mandou eles pra doação. Ela também fez isso com roupas dela e do papai.
Hoje o papai chegou em casa com várias caixas de papelão desmontadas.
- Pra que isso papai? - Perguntei.
Ele olhou pra mamãe e ela assentiu com a cabeça.
- Filha, vem cá. - Ele disse me pegando e me colocando em seu colo. - Você sabe que a vovó ta doente, né? - Fiz que sim com a cabeça. - Então, o tio Eduardo não pode ficar muito com a vovó por causa do trabalho. Então eu e sua mãe decidimos que vamos ir morar com a vovó, pra poder cuidar dela.
- Por que ela não vem pra cá? É mais fácil porque é só ela.
Mamãe se sentou ao lado do papai.
- Não da pra ela vir pra cá. Ela ta muito fraquinha. - Mamãe explicou.
- Quando a vovó melhorar a gente volta?
De novo eles se olharam.
- Talvez.
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Você se lembra de mim?
Ficțiune adolescențiDepois de cinco anos longe, Heiley está de volta à cidade em que viveu na sua infância, mas saber se cada um de seus amigos ainda a reconhece como antes, é uma angustia a ser descoberta pouco a pouco. Como será que fica essa amizade depois de tanto...