The discourse.

7.8K 479 486
                                    


Lauren POV

Dizem que, quando almejamos uma grande conquista, devemos arriscar todas as fichas, só assim, independente do resultado ao fim da batalha, nos sentiremos completos, mais conformados, mesmo não tendo conseguido aquilo que se deseja. É a auto-satisfação de saber que, mesmo não conseguindo, você tentou.

Mas por que será que eu não estou sentindo nada disso? A única sensação que estou tendo, nesse momento, é de ter nadado o oceano atlântico inteiro e ter morrido na praia.

Já dizia Shakespeare em seu consagrado romance, Romeu e Julieta:

"Estas alegrias violentas, têm fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora que num beijo se consomem."

Essa citação poderia muito bem ser comparada à lei de Newton, para cada ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Se há uma alegria violenta e exagerada, seu fim não poderá ser outro se não o fim violento e exagerado. Pois bem, cá estou eu, a mesma que viveu as últimas melhores semanas que já julgou em toda sua vida, e, agora está passando pelas piores horas.

Morta. É meio assim que estou me sentindo por dentro. De volta à estaca zero, uma jovem nerd, nenhum pouco popular, que tem apenas duas amigas e uma condição genética não muito favorável. Acho que meu destino é apenas cursar a faculdade dos meus sonhos e ser a grande empresária a qual pretendo me tornar.

Já passava das seis da manhã quando deixei minhas amigas em suas casas e rumei direto para a minha, com um cansaço que já não cabia em mim e os olhos tão pesados que eu tenho certeza que dormiria pelo menos por uma aula inteira.

Para minha sorte, meus pais ainda não haviam levantado, para meu azar, eu teria aula dali a, no máximo, duas horas, o que só me daria tempo de tomar um banho e me arrumar, estudar um pouco do discurso talvez.

Puta que pariu.

É hoje.

O discurso.

Seria possível ter um bom desempenho nisso sendo que eu mais pareço uma zumbi saída dessas séries atuais? É algo que eu realmente quero, é meu futuro e eu sempre quis que fosse assim. Mas, sinceramente, algo em mim dizia que isso já não tem mais tanta importância assim.

Caminhei derrotada até minha escrivaninha e peguei os cartões com o meu discurso, lutei para manter os olhos abertos e conseguir focar nas letras que mais pareciam estar dançando no papel. Respirei fundo e busquei toda concentração em meu interior, se é que ainda existia alguma.

Batidas na porta foram ouvidas.

Era tudo o que eu precisava, um sermão dos meus pais por ter passado a noite fora. Já tô na chuva mesmo, por que não me molhar mais?

- Pode entrar! – gritei e me arrependi no segundo seguinte ao sentir minha cabeça latejar, o sono era tanto que a sensação era de que meus olhos fossem saltar do meu rosto a qualquer momento.

Não ouvi mais nada além da porta sendo aberta e o barulho de chaves balançando. Espera... chaves? Por que meus pais viriam até mim com chaves? Rapidamente lembrei dos costumes da casa em deixar as chaves numa bandejinha na mesinha ao lado da porta de entrada. Será que vão confiscar meu carro?

Lei de Newton, ação e reação...

Virei-me lentamente na cadeira, temendo o que viria a seguir...

- Quer uma carona pro colégio?

Aquela voz.

Aquela voz doce que tanto alegrou meus dias nas últimas semanas.

The girl next door.Onde histórias criam vida. Descubra agora