Capitulo 2

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Apanhei um táxi e disse a morada, que espero que seja o meu lugar de trabalho.

Tenho 22 anos tirei um curso de artes, mas voltei para a escola um curso profissional de secretariado, que por dentro sempre quis ser uma secretária de um homem que seja poderoso e lindo de morrer. Sempre fui uma rapariga inteligente mas houve uma altura que me levei por influências, o que fez com as minhas médias diminuíssem.

Os meus pais separaram-se quando era pequena, foi-me bastante difícil superar essa parte. O meu pai é inglês e tem um grande sotaque britânico, já a minha mãe é portuguesa e eles diziam-me imensas vezes que "maus tempos, unem grandes amores" ainda tenho esperanças que para os meus pais chegue esse mau tempo e uni-los, isto é se eles forem as almas gémeas de um do outro.

Cheguei, por fim, ao grande prédio, era um prédio cheio de janelas e prateado, tinha uma porta em tons de prata brilhante e a maçaneta num tom dourado, com um porteiro de fato bastante elegante com chapéu. Havia pessoas sempre a passar de um lado para outro com ar de sérias com sacos, com pressa, cheias de stress, num caso ou outro via-se um casal apaixonado com os olhos a brilhar como se nada à volta existisse. Como eu já fui assim...

Paguei o táxi, dirigi-me à porta e cumprimentei o porteiro que me arregalou os olhos mas de seguida cumprimentou-me de forma generosa e enquanto ele me abria a porta pude dar-lhe um sorriso e observar as suas feições, deveria ter perto dos 60 anos pelas rugas com uns olhos azuis claro como um oceano limpo e transparente.

Parei à frente da porta a observar tamanha grandeza, em frente da porta estava a recepção em forma de meia lua com três recepcionistas todas elas loiras, que coincidência, sempre a falar umas com as outras. Pessoas de fato de um lado para o outro, as mulheres com saltos e os homens com sapatos envernizados a brilhar, com pastas, com papéis, acompanhados, a falar ao telefone sempre ocupados aqui, no trabalho, como lá fora.

As pessoas começaram a olhar para mim, não me admira sou a única aqui que não tem um fato e está babada para as pessoas e para a estrutura do prédio. Não tive nem sequer tempo para trocar para uma roupa mais formal.

Comecei a andar até a recepção, onde estavam as três mulheres, agora ocupadas com homens quase do dobro do meu tamanho, com uns fatos bem caros. Eu rodei sobre mim ao som da música dos meus phones nos meus ouvido e a bater com os pés no chão e deslizando discretamente mas de repente alguém vai te encontrão comigo.

-Devia ter um pouco de cuidado, dança bem tem a certeza de que quer vir para aqui? - Sorriu-me e tinha covinhas num dos lados da cara e uns olhos verdes profundos. Entretanto esse pequeno grupo de pessoas que estava na recepção ficou a olhar para mim.

Dei por mim caída no chão e abaixei a cabeça em vergonha sentia a minha cara a ferver mas tinha quase a certeza de que não estava corada, porque acontece-me imensas vezes, a cara estar a ferver e não estar corada. Vejo uma mão à minha frente e olho para cima.

-Vá, tenho mais coisas para fazer, se prefere ficar no chão eu deixo-a aqui. - Tinha uma cara de sério mas parecia querer rir-se de mim. 

Levantei-me sozinha sem a ajuda de ninguém murmurei um obrigada e fui ter a rapariga do meio sabendo muito bem que tinha os olhos dele e de outras pessoas em mim.

-Vim para um entrevista de trabalho. - Disse à mulher que pelos vistos chamava-se Rose, devido a placa que têm no peito. 

Pus em bicos de pés, não que eu fosse pequena mas sim porque era um tique meu quando estou nos balcões, e os meus braços na mesa. Ela perguntou pelo meu nome e eu dei o meu nome inteiro. 

-Já pode ir. Vá naquele elevador e suba até o ultimo andar e depois vai encontrar uma recepcionista que lhe vai dizer se é para esperar ou para entrar. Boa sorte. - Deu-me um sorriso e continuo a atender outras pessoas.

Fui andando até o elevador, não havia ninguém pela qual eu passa-se que não olhasse como se me tivessem a julgar. Carrego no botão para subir chega um rapaz ainda a vestir o seu casaco e deveria ter a minha idade e começa a carregar nos botões como um louco, o cabelo dele ainda estava meio despenteado loiro, era bem fofo, mas já me começava a irritar sempre a carregar nos botões eu não tenho intenções de ficar presa num elevador no primeiro dia.

-Estar sempre a carregar não vai fazer com que o elevador chegue mais rápido. - Digo-lhe de maneira engraçada para ver se ria-se.

Não me respondeu, também não pensei que me fosse responder, estava numa pilha de nervos. Saiu no quinto andar enquanto eu ia para o último andar, enfrentar uma pessoa que poderia ser o meu próximo chefe ou a minha próxima chefe, agora que penso devia ter me informado quem era. 

Agora que me apercebeu o quanto difícil isto está a ser. Despedir-me da minha família para vir viver para Nova Iorque, foi uma coisa tão repentina que eu quase que ainda não tive tempo de associar isto tudo. Enquanto vou pensando na volta de 180º graus que a minha vida deu o elevador chegou a último andar e a porta se abre e dava para ver uma senhora já nos seus 50 anos e com cabelo e olhos castanhos. Vou na sua direcção e ela diz para eu esperar numa das cadeiras.

Ela levanta-se da sua cadeira e os seus saltos fazem-se ouvir pelo andar todo. O nervosismo tomou conta do meu corpo e da minha mente, sempre deixei que o nervosismo e o medo toma-se conta de mim, mas neste momento acho que não posso deixar porque estou a depender desta entrevista, porque não tenho outro lugar para trabalhar. Estou com medo de não ser aceite. Os saltos voltam a fazer-se ouvir e a senhora aparece com sorriso amável e manda me entrar.

Vou com ela até a porta, ela tem o cabelo amarrado e os seus altos já bastante pequenos devido à sua idade já não deve aguentar os saltos que as jovens mulheres usam. Ela pára à frente da porta, bate e abre dando-me espaço para passar, ao passar por ela sussurra-me um "boa sorte", quando ela o disse o meu coração parece-me saltar pela boca e o nervosismo ataca-me de tal maneira que parece que perco a força nas pernas, no entanto estou de pé e a porta já se fechou e a senhora já foi para o seu lugar e mantenho-me de pé ao pé da cadeira em frente à secretária.

Dou uma falsa tosse para que ele se aperceba que estou aqui e vire a cadeira para que se possa dar início à entrevista mas tal não acontece e começo a pensar que isto é uma brincadeira de mau gosto. Dou mais uma falsa tosse mas mais alto. Nada.

- Desculpa vai querer algo para beber, chá? Café? Ou água? - Assusto-me com uma voz vinda de trás, dou um pulo e viro-me para trás e ali está ele a fazer um café e fico babada a olhar para ele a apreciar a sua elegância. - Então vais querer algo? - a maneira como ele se dirige-se a mim por tu e não por você faz-me ficar mais nervosa.

- Humm... Chá de camomila, se faz favor.

- Pensei que fosse pedir isso, por isso já te preparei. Uma colher de mel e como o tempo está frio não gostas com leite. - Os meus lábios abrem-se em forma de espanto por ele saber como gosto do meu chá e começo a achar estranho essa atitude. - Como não dizes nada penso que ainda não me reconheces-te.

Ele vira-se e os meus olhos arregalam para a pessoa que está à minha frente com duas chávenas. E agora sei porque é que ele sabia como eu gosto do meu chá.

 Ele é o único que sabe como eu gosto do chá.

Ele continua a vir na minha direção e começo a perder as forças nas pernas, por momentos pensei que fosse desmaiar, mas não. Continuo a olhar para ele mas desta vez seguro-me na cadeira e sento-me nela devagar.

-Oh meu deus! - A única coisa que consigo dizer depois de o ver, aliás depois de o reconhecer. Afinal sempre voltei a encontrá-lo.

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