Ele encosta-se à secretária dele, cruzando as pernas com uma mão no bolso e outra a agarrar a sua chávena. O fato justo ao corpo, não me lembro de ele ser assim tão sexy. Meu deus ele está mais irresistível do que nunca, com a barba, o cabelo para cima, sem dúvida que o fato fica-lhe bem. Ele está com um sorriso na cara, mas um sorriso trocista.
-Bem, vejo que te sais-te bem na vida. - Digo-lhe olhando em meu redor. Um escritório o suficientemente grande para se viver. A vista era de cortar a respiração para Nova Iorque, via-se o Central Park daqui, quase de certeza que o pôr-do-sol daqui deve ser fascinante. - Fico feliz por ti. - Sussurro mais para mim do que para ele, porque é verdade estou bastante feliz por ele ter conseguido tudo o que quis.
- A que andas-te a fazer estes anos, Jessy? - Pergunta-me dando um gole no seu café, os meus olhos fixam-se nos seus castanhos, dando me a impressão de que teve este tempo todo a observar-me.
- Acabei o meu curso de artes, mas continuo péssima a desenho. - Riu-me porque a verdade é que sou péssima a desenhar, no entanto tirei um curso de artes. - Depois voltei a escola tirar um curso profissional de um ano de secretariado. Fiquei desempregada durante 3 meses, desisti de procurar trabalho nos cursos que tirei. Comecei a trabalhar numa pastelaria a fazer bolos. - Disse olhando para o meu chá envergonhada, por ele ter sucedido na vida e eu, bem posso dizer que ele é a minha única esperança de trabalho.
- Sempre foste boa a fazer bolos. - Disse olhando-me com um olhar intenso. Meu deus, não me lembro do olhar dele ser assim tão intenso. - Porque Nova Iorque?
- Sabes aqueles manias que me dava de repente? - Ele acenou a cabeça a rir. - Bem foi uma coisa assim, despedi-me do meu trabalho, comprei a viagem, fiz as malas e adeus Portugal. A minha mãe disse-me o que é que eu esperava fazer aqui e eu disse não sei, foi quando procurei por um emprego e uma casa.
- Onde é que estás a ficar?
- Espera eu vou me lembrar... Na York Avenue, ao pé do Bagels & Co, sabes onde fica?- Bebo o meu último gole do chá.
- Sim sei, fica perto do central Park. - Aceno com a cabeça afirmando.
Olho para ele e ele está a olhar para mim com uma intensidade à qual não estou habituada. Levanta-se da sua secretária, arranja o seu casaco do fato e senta-se por detrás da secretária, isto não está a correr como eu esperava. Não pensei que vinha trabalhar para ele, sabia que a empresa tinha o nome dele mas não esperava que fosse mesmo dele podia ser de outro Peter Hudson, mesmo assim se fosse dele não pensei que iria trabalhar diretamente para ele. Sei lá pensei talvez trabalhar para uma pessoa que fique no meio. De facto, isto surpreendeu-me e se ele me aceitar tenho que esquecer o que nós passamos juntos e ter um ar estritamente profissional. Para além do mais ele já deve estar a namorar uma rapariga super linda.
Se ele tem ou não tem namorada não é da minha conta e eu não me importo com isso, já o esqueci por completo, a única relação que vamos ter é estritamente profissional, espero eu. E tenho que parar de falar com ele como se já o conhecesse, tenho que encará-lo como o meu próximo chefe e não meu amigo e ex-namorado.
- Passando à entrevista. Sou a Jessy Jones, tenho 22 anos. Venho de Portugal. Não quero ter filhos nos próximos anos. Tenho um certificado de melhor secretária devido ao estágio que fiz enquanto tirava o meu curso de secretariado... - Ele interrompe.
- Podes parar. Estás contratada. Podes começar quando? - Pergunta-me ele com os olhos fixos no computador. Estou contratada? Sem nenhum tipo de pergunta, só assim? Será que está desesperado por alguém ou está a contratar-me por caridade?
- Muito obrigado, posso começar assim que comprar um fato e uns sapatos. - Estou a olhar para ele mas ele não me diz nada e penso que está na hora de ir. - Posso começar amanhã, Mr. Hudson.
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Reencontro
Romantizm" Ele está a se comportar como um adolescente rebelde com montes de dinheiro e eu como uma adolescente apaixonada por ele."