Capítulo 5

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Acordo ainda faltava quatro minutos para o meu despertador tocar e dou-me por feliz por ter uns meros minutos até levantar-me. Tomei banho ontem à noite para não demorar muito tempo de manhã, hoje tenho que chegar mais cedo nem que seja cinco minutos. Ás 5:45 já quero estar a sair de casa. 

Segundo dia de trabalho e começo a pensar que é má ideia trabalhar para o meu ex-namorado, uma pessoa que ainda tenho sentimentos por. Isto nunca acaba bem, quer dizer nunca ouvi alguém dizer que trabalhava para ex-namorado e que ainda estava apaixonada por ele ficar feliz para o resto da vida como os contos de fadas. Enfim, ele não tem namorada o que acho estranho, ele nem sequer anda a sair com alguém. Passar ontem com a Sarah fez-me ficar a saber a vida toda dele e ele dedica-se 24h ao trabalho e não tem tempo para os namoros diz ela. As aquelas palavras "Ele está arrependido sabias?" são como uma espada de esperança a enfiar-me cada vez mais no coração de todas as vezes que eu penso nelas. Aquelas palavras magoam-me tanto mas dão-me tanta felicidade, como pode isto acontecer. Sempre fui uma rapariga de quente ou frio, fica ou sai, não de meios termos.

O meu despertador toca, ainda bem os meus pensamentos já estavam a dar cabo de mim e eu sei que deveria pensar de parar é como estar olhar para o nada e dizer "eu não vou pensar, eu não vou pensar" mas o resultado é completamente diferente.

Levanto-me, calço as minha pantufas e como todos os dias de manhã ponho o meu cabelo amarrado num coque alto. Faço a minha rotina normal, vestiu uma roupa simples e rápida, umas jeans de cintura alta rasgadas nos joelhos e acima também com uma camisa de manga a 3/4 vermelha e branca com as All Stars vermelhas e vestiu um casaco de cabedal preto. Faço o meu eyeliner, rímel e batom avermelhado matte.

Saiu de casa 5:44 e desço pelas escadas a correr. Ao sair do prédio fecho que a loja de Bagels está aberta então decido entrar e peço um bagel de chocolate e um capuccino e vou para o metro chego lá são 6:01 apanho o metro e sei que tenho que mudar de linha duas vezes e saio na estação 96th.

Chego à casa dele é precisamente 6:29 e o Sephastian abre-me a porta e avisei que cheguei um minuto mais cedo e dou um sorriso de orgulho e ele ri-se, pega na minha mala e no meu casaco e põe nos cabides que tem atrás da porta e vou até a cozinha onde tem, novamente, um papel branco dobrado que se parece com aqueles papeis a dizer quem é que fica em cada mesa no jantar requintado. Abro-o "Panquecas para dois. Num prato com chocolate e outro com mel de cana fabricado apenas na Ilha da Madeira, Portugal. Um café sem leite e com duas colheres de açúcar. E um sumo de laranja.". Para dois? Afinal ele tem namorada e tem tempo para essas coisas, chamadas namoro.

Começo a fazer as panquecas e oiço um baralho de arrastar a cadeira e fico com esperança que seja só ele e mais ninguém. Olho para cima do meu ombro e vejo o Sephastian a ler o jornal de hoje, fico com uma pontada de desapontamento.

- Achas que a Sarah ainda vai demorar muito a chegar? - Pergunto, porque já é quase 7:00 e ela ainda não chegou e começo a achar estranho.

- O neto que ela tem ficou bastante doente e teve que ir para o hospital, então ela pediu para não voltar. Resumo, ela entrou oficialmente na reforma.

- Então vou ver se lhe ligou assim que sair do trabalho. Isso quer dizer que ela já não me vai ajudar? Eu posso lhe ligar se tiver alguma dificuldade, penso. - Não oiço nenhuma resposta e dou uma volta com o meu corpo e já não vejo o Sephastian.

As panquecas já estão feitas e perfeitas, primeira vez que elas me acertam tão bem. Ponho o café a fazer e começo a fazer o sumo de laranja. Com tudo feito começo a por chocolate e mel de cana nas panquecas. O melhor mel de cana encontra-se na "Pérola do Atlântico", a Ilha da Madeira, faz parte de Portugal. Fiz muitas férias na ilha por isso cheguei a provar o mel imensas vezes e é simplesmente saboroso. Fui aos Açores e têm uns pastéis de arroz ótimos. O pão alentejano com azeite e oregãos, os pasteis de belém, as queijadas, as açordas e a francesinha, são tantas as comidas típicas de Portugal que eu perco-me. Que saudades que já tenho das minha comidas portuguesas. 

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