Feelings

I

Uma pílula, duas pílulas, três pílulas, quatro pílulas, cinco pílulas... E quando vê, o vidro inteiro.

As enfermeiras e os médicos fazem de tudo para me manter viva e respirando. Por quê? Se eu tomei um vidro de remédios para dormir é por que eu quero ficar dormindo por um longo tempo, talvez para sempre.

Acordei já faz uns cinco ou seis minutos. Estou no hospital, meu pai está deitado na cadeira ao meu lado, nenhuma enfermeira veio me ver até agora. Será que era para eu ter acordado?

--Levante a mão direita-disse a enfermeira loira de farmácia e eu obedeci-agora a esquerda.

--Eu estou bem.-digo pela sexta vez só hoje.

--Você tomou um vidro de remédios para dormir, estava tentando se matar?-Pergunta meu pai com a voz alterada.

--Não é obvio?

--Eu não entendo, não entendo. Por que você faz isso comigo? Não pensa no seu irmão?

--Ela não pensou em nós, pensou?

--Ela não teve escolha.-Ele rosna.

A porta se abre e um médico, que por sinal muito bonito, entra. Ele olha na minha direção e faz uma careta engraçada.

--Você é... Desculpa, eu esperava uma garota um pouco mais... hã... Deixa pra lá.-Ele fala apressado, o rosto está vermelho e desde que ele entrou não tira os olhos dos meus.

--Olá doutor, sou o pai da Melanie, David Zart.-Meu pai estende a mão para ele.

--Doutor Brunning, Ricardo Brunning.-Diz apertando a mão de meu pai.-Como se sente senhorita Zart?

--Melanie, por favor. E acho que melhor do que eu merecia.

--Tudo bem.-Ele anota algo em sua prancheta-Alguma dor?

--Me sinto um pouco sonolenta e minha cabeça doi um pouco, nada demais.

--Claro-ele sorri-, vou pedir alguns exames simples, acho que amanhã você já vai para casa.

Assenti.

--Obrigado Doutor Brunning.

--Por nada senhor Zart. Até mais Melanie.-Ele sorri para mim.

--Até Ricardo.

Sempre tive a mania de gostar das pessoas mais velhas, garotos e garotas da minha idade não me interessam, eles não me acrescentam nada. Mas além dos mais velhos, os bebês são grandes pontos de observação para mim, observe-os e verá. Tão pequenos e frágeis, mas tão inteligentes e intrigantes. Estão sempre á procura de mais e sempre a cada passo, por mais lento e trêmulo que seja, eles se superam.

A picada agonizante da agulha puxando o sangue para fora do meu corpo... Aah, por favor enfermeira, leve a gordura junto.

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Bom gente, esse é o primeiro capítulo, espero que gostem.
Por favor, votem e comentem, quero muito saber a opinião de vocês.
Bjos