Dia 25 de janeiro, 7:15 a.m
Fui o primeiro a chegar na cafeteria. Entrei no estabelecimento e arrumei todas as coisas necessárias para mais um dia de trabalho. Logo os outros funcionários chegaram e o dia oficialmente começou.
Várias pessoas entravam e saíam do starbucks, mas uma em especial me chamou a atenção. Uma criancinha que estava, provavelmente, com seu pai mas ele não lhe dava atenção nenhuma. Os dois se sentaram em uma mesa qualquer e o pai pegou o celular, nem perguntando se a garota queria algo. Me aproximei da mesa.
- bom dia! Querem pedir algo? - perguntei simpático.
- eu quelo um bolinho de chocolate com muuuuuuito coisa banco gostoso! - a garotinha falou sorridente.
- chantilly? - perguntei contagiado pelo sorriso da menininha
- isso! Chanti!!
Ri dos erros de português dela.
- você não vai comer isso. - o pai da garota falou sem desviar os olhos do celular. - esses bolos são caros, come alguma coisa mais barata como um pão ou algo do tipo.
Lágrimas se formaram nos olhos da pequena.
- certo. O senhor vai querer algo? - perguntei seco
- um café preto. Não coloque nada de leite, muito menos açúcar.
- não acha melhor um chá de camomila? Você parece extressado.
- não diga o que eu devo ou não pedir. Não estou extressado, estou mais do que normal.
- sinto pena de quem é obrigado a lhe aguentar.
A garotinhas soltou uma risada, tampando a boca com as duas mãos. Uma cena adorável. Me abaixei ao seu lado, sussurrando.
- pode deixar que te trago algo muito mais gostoso do que um pão.
Fui atrás do balcão e voltei com o café preto e um bolinho de chocolate com muita cobertura.
- eu falei para não comer o bolo, que parte você não entendeu garota? Não vou pagar por isso.
- e não precisa! A culpa não é dela por ter um pai estupido. Esse é por conta da casa gracinha. Qual seu nome?
- Olivia.
Um sorriso brotou em meu rosto.
- você sabe que Olivia significa muitas coisas?
- sélio?
- sério. Pode significar o que você quiser.
- Olivia pode se eu mas também pode se o bolinho?
- claro!
- que legal! Gostei de você moço!
- oh, meu nome é Niall. - me abaixei falando baixo em seu ouvido - quando seu pai estiver sendo um chato é só me procurar. - pisquei e sai, voltando para trás do balcão e somente agora reparando que a mesma garota dos dias anteriores estava sentada em uma mesa, me olhando com um sorriso. Dessa vez ela estava com uma calça amarelo queimado, um suéter cinza e um All Star preto. Seu cabelo estava solto mas ela estava sem óculos, só com o celular na mão e tomando um café. Quando viu que eu estava olhando ela acenou e me chamou até ela. Fui até lá e me sentei na cadeira de frente pra ela.
- olá garoto!
- olá garota! - ela deu uma risada
- você se dá muito bem com crianças. Vocês se conhecem?
- oh, não! O pai dela é um babaca, apenas a ajudei.
- fofo. Eu amo crianças. Minha irmã está grávida de uma garotinha. Kate. Não vejo a hora dela nascer.
- também tenho um sobrinho! O nome dele é Theo! Filho do meu irmão com minha cunhada. Ele é lindo. Tem 3 meses.
- oh meu Deus, deve ser a coisa mais linda!
De repente o telefone dela tocou e uma foto de um homem brilhou na tela.
- oi amor. Sim. Aham. Pode deixar. To indo, beijos.
Ela desligou e se virou para mim.
- tenho que ir, boa sorte no trabalho! Tchau garoto!
- tchauzinho - não vou mentir, a parte do oi amor machucou. Será que ela tem namorado?
Olivia: uma criança