Promessa

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Adentro o grande escritório do meu pai, no qual foi construído em tons suaves e sério para um advogado de prestígio, com a arquitetura moderna, quadros espalhados pelas paredes, acentos confortáveis, com riqueza de detalhes tanto no piso quanto no teto ornamentados de anjos, e no canto esquerdo da espaçosa sala encontra-se uma estátua da deusa Têmis com os olhos vendados segurando uma balança representando a imparcialidade, que caracteriza bem o eu interior do meu pai, julgando acima de tudo o que é correto, jamais sendo corrompido. Uma das muitas coisas que o admiro.
No centro da sala bem acima do divã é onde se encontra um lustre de cristal que ele recebeu de presente de minha mãe, tudo em seu escritório são de tons cinza e branco, mostrando a seriedade do seu trabalho.
Acredito eu que seja uma estratégia proporcionar conforto e beleza para que seus clientes se sinta a vontade para esperar e pagar os valores exorbitantes de seus honorários.
Chego ao balcão de atendimento encharcado até os ossos, e peço de forma autoritária a secretária do meu pai que anuncie que eu cheguei. Ela digita alguns comando na tela do computador, sem ao menos me olhar e fala ao telefone.
_ Senhor Augusto, o senhor me pediu para que lhe avisasse assim que seu filho chegasse. _ Sim senhor, entendi. Obrigado! - Ela olha para mim, com a cara de que não se sente confortável com minha presença e pede para que eu acompanhasse.
Apesar de eu achar desnecessário tal formalidade, mas não há questiono. E é só então que eu percebo o quão promíscua ela é, mesmo com seu uniforme, talvez ela o tenha ajustado para que suas curvas ficassem aparentes. Mesmo com aqueles cabelos loiros, olhos azuis angelicais ela não me passa confiança, sempre tive um conceito formado sobre ela, e que no final de tudo ela faz isso para provocar meu pai.
Ela abre a porta e diz. _ Entre seu pai o aguarda.
_ Obrigado. - Eu digo, mais na verdade meus pensamentos queriam dizer. Quando você irá para de fingir que me tolera apenas para agradar meu pai?
Entro no escritorio e meu pai como sempre está cheio de papéis e de documentos a serem analisados de seus clientes. E mal percebe o quão encharcado eu me encontro, isso por que eu ainda não lhe entreguei os documentos importantíssimo que ele havia esquecido em casa.
_ Boa tarde, senhor Augusto.- Eu digo de forma irônica. E ele continua a analizar os papéis sem ao menos me notar.
_ Oi filho, me desculpa mais tenho assuntos urgentes a serem tratados e tenho que terminar de analisar alguns papéis. Aceita alguma bebida?. - Ele diz de forma automática, o que ele faz diariamente acredito eu.
_ Não obrigado pai, só vim lhe trazer os documentos que o senhor pediu. E diga-se de passagem, com a chuva que está lá fora não é a mesma coisa que você deixou em casa, estão ensopados.
_ Não se preocupe. - Ele diz com aquela sua voz suave e calma, que mesmo eu com anos de prática não conseguirei pronúnciar da mesma forma.
_ Tudo bem? - Eu indago. _ Você me fez vir aqui apenas para dizer que os papéis molhados não faz diferença, preferi ter ficado em casa. Estou todo encharcado. - Digo de forma ríspida e zangado, por ele ter me dar um trabalho desnecessário.
E é aí que ele deixa de lado o que estava fazendo e me observa, com a cara de quem está cansado e pede desculpas. Mesmo furioso eu sei que ele vai contínuar me mostrando seu lado paternal, e vai fazer com que eu relaxe um pouco. Ele tira os óculos dos olhos e pousa em cima dos papéis em sua mesa. E diz.
_ Caio, desculpa. Não iria tirar você de casa se não fosse urgente. E de seu interesse, e não sabia que iria cair essa chuva, se a tivesse previsto teria aguardado para conversar com você no jantar. Mais temos que fiz você chatear desnecessariamente. Disse Augusto.
_ O que você tem tanto para me falar que não poderia esperar o jantar? - Questiono de forma mais tranquila.
_ É sobre você, e os seus muitos seriados, e filmes. Eu e sua mãe conversamos com o seu psiquiátra e decidimos que já está na hora de você ter partes de sua rotina. - Ele diz, analisando cada palavra como se não quisesse me mágoar.
_ E quanto ao que eu quero, vocês levaram em consideração? - Digo de tão acusatório. _ Pois estão planejando algo sem meu consentimento.
_ Filho, já se passaram quase dois anos desde o incidente. - Quando ele diz incidente ele quer dizer, por mais que vc seja esquizofrênico, você está tomando suas medicações e sobre cuidados médicos, você não irá ter um ataque de pânico novamente e ser encontrado a mais de 10 quilômetros da sua residência sem saber como chegou até lá.
_ Não me sinto pronto ainda, é uma péssima idéia. - Digo com a voz baixa, temendo o que pode acontecer se eu surtar novamente.
_ Você não estará sozinho. - Ele diz, e levanta da cadeira e caminha até o meu lado, e se ajoelha no chão próximo a mim, e levanta minha cabeça para que eu o olhe nos olhos. Com as lágrimas já brotando eu as tento esconder. _ Escute meu filho, você estará estagiando aqui comigo, do meu lado. Estarei o tempo todo próximo a você.
_ Não pai, eu não quero. Prefiro ficar no conforto do meu quarto. - Digo com a voz embargada, querendo jorrar os litros de lágrimas acumuladas durante esse tempo que eu estou tentando fingir para mim mesmo que eu sou forte o suficiente para aguentar tudo que tem acontecido nos últimos tempos, mais eu sou apenas fraco, isso que eu sou. Fraco.
_ Promete que irá pensar ao menos no assunto? - Ele me pergunta. No qual ele já sabe a resposta, e de qual será minha decisão.
Olhando para aqueles olhos cheio de ternura é impossível não pensar em não tentar, ao menos para deixar meu velho um pouco feliz. E eu tento me convencer a mim mesmo que pode ser legal. E digo. _ Prometo.

Obsessão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora