Otto

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Minha mãe está me levando a loucura com os preparativos da boldas de pratas, a duas semanas atrás ela vem me roubando até o meu amigo.
Lembro-me como se fosse hoje, ela entrando na casa dele e ficando fascinada pelos desenhos que ele faz e o contratou para desenhar seu vestido. O que eles vêm deixando os desenhos do vestido em completo sigilo, me proibiram até de chegar perto quando estavam trabalhando exaustivamente para que o vestido saísse do papel, pelo que eu soube é uma obra de arte. O Victor passou a frequentar minha casa mais do que eu frequentava a dele, e voltei a ficar com as noites livres para assistir meus seriados, o que estava bastante desatualizados pois não estava os assistindo com frequência.
A única coisa realmente boa era que eu criei coragem e aceitei o convite do Antonio para ele se desculpar pelo ocorrido a dias atrás, acabei por descobrir que ele realmente é gay, e vem me dando cantadas em cima de cantadas e eu resolvi dar a chance de conhecer ele melhor, até meu pai desconfia de que eu estou conhecendo alguém. Me questionando de forma evasiva mantendo a cautela e o limite tênue entre eu e meus segredos, parte dessa curiosidade é de minha mãe tenho certeza.
Faltava dois dias para o dia da renovação de votos dos meus pais e eu estava me sentindo como se o casamento estivesse acontecendo a dias ininterrupto, ajudei meu pai duramente no escritório e minha mãe nos preparativos e me sentia bem, diria que eu estava me sentia muito mais que bem, já fazia muito tempo que eu não me sentia assim, revigorado, feliz, útil.
Minha casa começou a encher de parentes que moram longe a dois dias, a parte chata é que eu tinha que conviver com eles e minha casa estava um verdadeiro caos, pois meu pai proibiu que os parentes dele e da minha mãe ficassem em hotéis, o único momento que eu me sentia totalmente longe era minhas mensagens com o Antonio, ele fazia com que meu coração saltasse da boca toda vez que lia seus textos.

_ QUERIA PODER ESTA COM VC AGORA!
_ Vc sabe que eu estou ocupado com os preparativos e tendo que suportar esses parentes chatos.
_ QUANDO VC VAI ME DAR O PRAZER DE UM JANTAR COMIGO?
_ Pode ser hoje.
_ ALELUIA, ESTAVA PENSANDO QUE NÃO IRIA MAIS TE VER.
_ Vc sabe que eu estou um pouco ocupado.
_ TA BOM, POSSO IR TE BUSCAR AS NOVE?
_ Estarei te esperando, ah pode me pegar na casa do Victor?

E ele me responde horas mais tarde com um simples "ok", o que me deixou um pouco chateado.
Desço do meu quarto e vou procurar algo para fazer até da as nove horas, falta muito tempo ainda. E encontro meu pai conversando com meu tio sobre o pós e contras de uma determinada liga de basquete, um assunto que não me interessa muito, mas fiquei observando e analisando o semblante do meu pai. Ele parece tão tranquilo. Resolvi interromper pois preciso falar com meu pai um assunto importante tanto para ele quanto para mim.
_ Pai você tem um minuto? - Digo envergonhado por interromper a conversa.
_ Sim, diga. - Ele me olha e acaba por deduzir que é particular. E continua.
_ Vamos a biblioteca meu filho, la poderemos conversar tranquilamente. - E diz se levantando e colocando a caminho da biblioteca.
Caminhamos em silêncio até a biblioteca e meu pai me olha e questiona o que eu queria falar com ele assim que ele fecha a porta e se senta em uma poltrona mais próximo.
_ Pai sei que está muito corrido com a sua renovação de votos, mais eu queria lhe pedir uma coisa. - Digo olhando para baixo, analisando cada palavra para que eu não me arrependa mais tarde.
_ Pode pedir meu filho. - Ele diz, com a voz aparentando curiosidade.
_ Gostaria de voltar pra faculdade, estou me sentindo bem tendo algo para fazer. E está no início do semestre tenho certeza que deve ter vaga para mim ainda.
_ Vou cuidar amanhã mesmo para que você volte pra aula, o mais rápido possível. - Sinto uma certa esperança no meu pai. Algo que eu não via a tempos, acho que ele conseguiu o que queria oferecendo o emprego para mim. E em partes estou voltando para a faculdade depois de conversa muito com o Antonio.
_ Obrigado pai, era isso que você queria ne? - Digo com um meio sorriso.
_ Queria que você voltasse a viver, você me deixava muito preocupado. Pois tinha muito medo de uma possível recaída por você ficar muito tempo preso no seu quarto. - Ele sorri e se aproxima de mim e coloca uma das mãos em cima de meu ombro.
_ Não quero gerar mais esse tipo de preocupação. - Digo.
_ Não pense que você seja um fardo pra mim, pelo contrário te amo e gosto de cuidar de você. Tenho muito orgulho de você Caio. - Ele confessa.
_ Eu que tenho orgulho de você, mais tenho medo de não conseguir chegar ao seu patamar. - Admiti isso em voz alta me faz lembrar das vozes me dizendo que eu não sou nada e nunca vou ser.
_ Não tenha esse tipo de pensamento meu filho, não quero que você se fruste pelo que eu alcancei, você é diferente de mim em muitos aspectos, e você é livre pra escolher ser o que você quiser. Sua personalidade e desejo não pode ser meu reflexo, você escolhe o que quer e o que é. Jamais busque algo pensando na minha opinião. - Ele fala de forma amargurada. _ É esse tipo de medo que você tem meu filho?
_ Não pai, eu disse isso por falar. - Falo com um nó na garganta. Não deveria ter dito isso. Agora ele vai se sentir mais culpado.
_ Filho, seja sincero. - Ele fala pausadamente e vejo uma lágrima descer pelo seu rosto.
_ Não pai. - Digo sem saber o que fazer. _ É que, meu deus, não tem nada a ver com você pai, sou eu. Apenas eu.
_ Quando você estiver pronto pra ter uma conversa sincera pode me procurar, estarei esperando por esse dia. - Ele diz enxugando as lágrimas. _ Eu te amo filho, você é minha fonte de inspiração, desde quando você nasceu. Eu tenho aprendido muito com você. Você me fez ser o homem que sou hoje. E é esse amor que eu tenho por você que me faz querer ver você cada dia mais feliz. E sua mãe nutre o mesmo sentimento incondicional por você. Lembre-se sempre disso. Eu estou aqui pra o que você precisar.
_ Tudo bem pai, eu vou sair. Não sei que horas eu volto. - Digo meio nervoso. Acho que terei que tomar uma dose extra e remédios hoje.
Subo ate meu quarto, me lembrar das palavras e da forma que meu pai ficou me parte o coração, e não tive coragem de confidênciar tudo o que ele desejava ouvir de mim. Nem ao menos disse que o amo.
Vou para o chuveiro e tomo um banho escaldante, me perfumo, ajeito o cabelo e visto uma roupa apropriada para um jantar, camisa cinza, calça jeans caqui, e um sapato mocassim preto. Me olho no espelho e vejo que esta muito dark mais não tenho muito tempo para chegar até a casa do Victor, será complicado explicar que eu irei a casa dele sendo que ele está trancado no quarto da minha mãe ajeitando os detalhes finais do vestido. Ligo para o táxi e saio descidido a passar despercebido e não dar muitas explicações, meu pai está recepcionado mais alguns parentes que acabaram de chegar e tenho que os recepcionar também.
Vejo meu tio e minha tia carregando suas malas e uma gaiola de pet, devem ter trago algum animal, já não bastava tanta gente em casa agora temos um animal.
Comprimento-os o mais rápido possível e me despeço do meu pai vou saindo as pressas, e me esbarro e caiu em cima de um aglomerado de malas e escuto um estrondo enorme que as malas fizeram ao bater no chão e vejo que tem alguém em baixo delas. Reconheço aqueles olhos verdes e cabelo castanho no ato, meu primo Eduardo, porém muito mais bonito do que da última vez que eu o vi. Já não tem mais o rosto coberto de espinhas e tem o corpo atlético, não era musculoso e sim definido sem nenhuma grama de gordura apenas músculos, deve ser por causa do curso que ele faz, educação física. Ajudo ele levantar e me sinto constrangido com aqueles olhos me analisando da mesma forma que eu fiz, mais ele estava tão preocupado com as malas que não percebeu meus olhos seguindo cada parte daquele corpo.
_ Me desculpa Eduardo. - Digo, ajudando ele com as malas.
_ Não foi nada, Otto. - Ouvir ele me chamar dessa forma me faz rir, pois me lembra de quando éramos crianças e ele não conseguia me chamar pelo nome correto e sempre me chamava de Otto.
_ Não aprendeu meu nome ainda primo. - Falo entre risadas.
_ Velhos costumes nunca morrem. _ Ele diz, me dando um abraço apertado e continua sussurrando em meus ouvidos. - Senti saudades.
Ele passa a mão em minhas costa o que me faz arrepiar. Isso foi muito estranho, mais a única coisas que eu penso esta a alguns quilômetros daqui, e é o exuberante Antonio.
Escuto o táxi buzinar e me desfaço do abraço mais estranho que ele me deu, e sigo as pressas para o táxi a caminho da casa do Victor.
Mando uma mensagem avisando que estou a caminho, no qual ele me responde no ato.

_ ESTOU ANSIOSO PARA LHE VER.

Obsessão (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora