Capítulo 1

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- Laura?

Escuto meu nome e rapidamente acordo. Olho ao meu redor e vejo minha professora irritada e meus amigos com uma cara de ''estou tentando segurar essa risada''. Esfrego os olhos enquanto penso em uma desculpa bem sensacional para dar para essa velha chata que está me olhando como uma presa.

- Desculpa professora, ontem tive que trabalhar até tarde. Não tive tempo para dormir. – era meia verdade. Eu estava totalmente focada em terminar de jogar piano tiles. Isso conta?

- Responda a pergunta.

- Que pergunta.

- Qual é o mais extenso e o mais navegado rio da Europa?

Pensei um pouco e me lembrei que ela era a professora ranzinza de geografia.

- O mais é extenso é o Rio Volga e o mais navegado é o Reno.

Rugas em suas sobrancelhas apareceram e meu olhar de ''desculpe querida sou inteligente'' apareceu.

- Se você dormir mais uma vez em minha aula será suspensa.

- Como quiser.

Ela voltou a dar aula. Uma bolinha de papel repousou na minha mesa. Peguei e abri.

'' Sou sua fã. – Marian''

Olhei para trás e vi Marian mandando beijo e fazendo uns sinais esquisitos para o lado de sua carteira. Fui olhar e me deparei com Pedro olhando e sorrindo para mim. Acenei para ele e virei para frente. Marian provavelmente acha que ele está afim de mim e ela irá me atormentar pelo resto da semana.

Depois da escola, fui direto para casa. Encontrei minha mãe na porta de casa cumprimentando um homem de terno. Não fazia idéia de quem ele era.

- Oi filha, que bom que você chegou.

- O que foi? – olhei para o cara depois para minha mãe.

- Pode me dar uns minutos com minha filha. Já volto.

- É claro. – ele concorda.

Entro em casa e logo depois vem minha mãe.

- Quem é esse homem?

- Laura, tenho uma coisa para te falar.

- É coisa ruim né? – ela me olha triste.

- Desde da morte do seu pai as coisas estão muito... difíceis. Contas para pagar, sua escola, a hipoteca...

- Você está pensando em vender a casa?

- Essa casa é muito grande para eu bancá-la sozinha.

- Mas é a única lembrança viva do papai!

- Eu sei. – ela diz olhando para seus pés tentando pensar em mais alguma opção. Mas eu sabia que minha mãe não tinha mais nenhuma, a não ser vender a casa.

- Para onde vamos? – digo.

- Vamos nos mudar para outra cidade.

- A cidade da tia Bel?

- Tem uma casa a venda na rua dela. É uma ótima vizinhança e lá tem uma boa escola também.

- Não vejo a tia Bel há uns 10 anos.

- Ela tem um filho. Está com sua idade.

- Aquele menino que jogava lama no meu cabelo?

- Exatamente ele. – ela sorriu.

Anjo, meuOnde histórias criam vida. Descubra agora