Capítulo 14

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Tudo estava escuro e em silêncio, só ouvia minha respiração ofegante. Eu estava agachada e me apoiando na parede. A porta de abriu e vi a sombra de uma pessoa. Ela entrou no quarto ainda escuro e se agachou na minha frente. Sem saber quem era eu apenas continuei em silêncio.

- Não precisa ficar aqui no escuro. Não se sinta assim, você tem a mim.

Reconheci a voz dele e uma lágrima escorreu.

- Eu sinto tanta sua falta, pai. - eu disse pondo as duas mãos em meu rosto molhado.

- Eu também sinto a sua querida. - ele me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça.

O abraçou durou longos minutos.

X

Acordei em disparada. Abri os olhos e toquei minha testa que estava suando. Olhei para o relógio em cima do criado mudo e eram 1h da manhã. Eu não tinha dormido quase nada ainda. Deitei novamente e fechei meus olhos. Tentei segurar as lágrimas que estavam prestes a cair, sonhei com meu pai e no sonho pude abraçá-lo. Eu não sei como reagir a isso. Era ele, o mesmo cheiro de hortelã, o mesmo rosto tranquilo, o mesmo abraço reconfortante.

Abri os olhos novamente, mas já estava de manhã. Peguei meu celular no meu bolso e liguei para minha mãe.

- Bom dia querida. Dormiu bem?

- Não exatamente. Sonhei com ele mãe. Eu o vi. Ele estava falando comigo e dizendo que sente muito a minha falta.

- Ah Laura... - minha mãe falou triste.

- Ele me abraçou, eu tive a chance te ter o abraço dele novamente. Queria tanto que ele estivesse aqui.

- Eu também, eu também.

Alguém bateu na porta.

- Mãe, vou me arrumar agora. Mais tarde, quando eu estiver indo embora te ligo.

- Tudo bem, manda um beijo para ela.

- Pode deixar.

Pedro entrou segurando um copo de café nas mãos.

- E aí? Pronta para ver nossa amiguinha? - disse com um sorriso no rosto.

- Claro, vamos lá. - me levantei e peguei o café de suas mãos.

- Ei, isso é meu.

- Não é mais. - falei tomando um gole. Desci as escadas e vi dona Maju de camisola com uma xícara de café na mão. Ela sorriu ao me ver. - Que saudade do seu café dona Maju.

- Ah não fala assim que me envergonho. - ela disse sorrindo. - Dormiu bem querida?

- Dormi sim. - menti.

- Bom, é melhor irmos logo para não nos atrasarmos. - Pedro disse pegando a chave do carro.

- Ei espera, deixa em me trocar. Um minuto. - corri para o andar de cima, peguei minha mala e escolhi uma calça jeans e uma regata cinza com um decote atrás. Espirrei meu frasco de menta na garganta e desci correndo.

x

Estávamos 20 minutos esperando. Olhei o relógio pela milésima vez e eram 7:20. Fui até a recepção ''novamente''.

- Moça, me desculpe mas falaram que podíamos entrar 7h da manhã. E bom, já passou desse horário.

- Só um instante. - ela me olhou com cara de tédio e digitou algumas coisas no computador.

- Ah sim, pode entrar. Quarto á esquerda, 201.

- Obrigado.

Chamei Pedro e nós dois entramos no quarto. Marian estava conversando com sua mãe. Eu estava tão concentrada no horário e na mulher da recepção que nem vi a mãe dela entrar. Estou ficando louca.

- Ah queridos que bom que vieram. Já estava indo chamar vocês. Essa menina é impossível. Vou dar licença.

- Obrigada dona Cláudia. - disse quando ela passou por mim e fechou a porta.

Fiquei no mesmo lugar olhando para Marian. Ela estava com os olhos arregalados com a minha expressão e postura. Ela abriu a boca para falar mas foi interrompida.

- Não se atreva a falar uma coisa se quer. Você passou dos limites senhorita Aspen e agora vou fazer o que prometi.

Fui até ele e dei um tapinha de leve em sua bochecha. Depois a agarrei num abraço. Ela riu.

- Me desculpa minha linda. Não queria deixar vocês preocupados. Mas eu tinha que me defender, era um bolsa caríssima! E logo meu Iphone recém comprado estava lá e...

- Tá na hora do esporro. - falei me afastando dela e olhando para Pedro que estava se segurando para não rir. - Uma bolsa e um celular vale mais que sua vida?

- Não, mas...

- Sua idiota! Poderia ter morrido! Tanto por estar no meio da rua, quanto pelo ladrão. E se ele estivesse armado? Você é uma irresponsável. O pior é que só pensa em bolsas, celulares e não pensa na gente que ficou sem dormir preocupados com a idiota que queria dar uma de corajosa para cima do assaltante. Faça-me o favor né Marian. - falei elevando um pouco a voz.

- Não vou mais fazer isso, juro juradinho! - ela pegou o mindinho e beijou (inventamos isso no primário).

- Vou acreditar nisso. - falei piscando para ela e sorrindo.

- Agora é minha vez. - Pedro abraçou e deu um beijo na testa de Marian. - Nunca mais faça isso em mocinha.

- Já prometi que não.

Uma enfermeira entrou segurando um bandeja com remédio e água.

- O horário da visita acabou. Ela agora precisa descansar.

- Ah não, fiquem! Não me deixem sozinha! Ah moça o que eu fiz de errado? Esse remédio é horrível.

- Se quer sair daqui precisa tomá-lo. Promete que vai obedecer direitinho a enfermeira né? - falei.

- Afs, cismou com promessa hoje em Laura. Prometo sim.

- Isso mesmo, mas tarde podemo voltar? - perguntei para enfermeira.

- Cerca de 3h a 4h é liberado a visita.

- Okay, obrigada. Voltamos depois, vê se descansa. - falei saindo do quarto.

- Até mais anãzinha. - Pedro disse zoando ela.

- Isso é preconceito por que sou alta! Isso dá cadeia! - ela disse antes de sairmos do quarto gargalhando.

Anjo, meuOnde histórias criam vida. Descubra agora