Tudo estava escuro e em silêncio, só ouvia minha respiração ofegante. Eu estava agachada e me apoiando na parede. A porta de abriu e vi a sombra de uma pessoa. Ela entrou no quarto ainda escuro e se agachou na minha frente. Sem saber quem era eu apenas continuei em silêncio.
- Não precisa ficar aqui no escuro. Não se sinta assim, você tem a mim.
Reconheci a voz dele e uma lágrima escorreu.
- Eu sinto tanta sua falta, pai. - eu disse pondo as duas mãos em meu rosto molhado.
- Eu também sinto a sua querida. - ele me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça.
O abraçou durou longos minutos.
X
Acordei em disparada. Abri os olhos e toquei minha testa que estava suando. Olhei para o relógio em cima do criado mudo e eram 1h da manhã. Eu não tinha dormido quase nada ainda. Deitei novamente e fechei meus olhos. Tentei segurar as lágrimas que estavam prestes a cair, sonhei com meu pai e no sonho pude abraçá-lo. Eu não sei como reagir a isso. Era ele, o mesmo cheiro de hortelã, o mesmo rosto tranquilo, o mesmo abraço reconfortante.
Abri os olhos novamente, mas já estava de manhã. Peguei meu celular no meu bolso e liguei para minha mãe.
- Bom dia querida. Dormiu bem?
- Não exatamente. Sonhei com ele mãe. Eu o vi. Ele estava falando comigo e dizendo que sente muito a minha falta.
- Ah Laura... - minha mãe falou triste.
- Ele me abraçou, eu tive a chance te ter o abraço dele novamente. Queria tanto que ele estivesse aqui.
- Eu também, eu também.
Alguém bateu na porta.
- Mãe, vou me arrumar agora. Mais tarde, quando eu estiver indo embora te ligo.
- Tudo bem, manda um beijo para ela.
- Pode deixar.
Pedro entrou segurando um copo de café nas mãos.
- E aí? Pronta para ver nossa amiguinha? - disse com um sorriso no rosto.
- Claro, vamos lá. - me levantei e peguei o café de suas mãos.
- Ei, isso é meu.
- Não é mais. - falei tomando um gole. Desci as escadas e vi dona Maju de camisola com uma xícara de café na mão. Ela sorriu ao me ver. - Que saudade do seu café dona Maju.
- Ah não fala assim que me envergonho. - ela disse sorrindo. - Dormiu bem querida?
- Dormi sim. - menti.
- Bom, é melhor irmos logo para não nos atrasarmos. - Pedro disse pegando a chave do carro.
- Ei espera, deixa em me trocar. Um minuto. - corri para o andar de cima, peguei minha mala e escolhi uma calça jeans e uma regata cinza com um decote atrás. Espirrei meu frasco de menta na garganta e desci correndo.
x
Estávamos 20 minutos esperando. Olhei o relógio pela milésima vez e eram 7:20. Fui até a recepção ''novamente''.
- Moça, me desculpe mas falaram que podíamos entrar 7h da manhã. E bom, já passou desse horário.
- Só um instante. - ela me olhou com cara de tédio e digitou algumas coisas no computador.
- Ah sim, pode entrar. Quarto á esquerda, 201.
- Obrigado.
Chamei Pedro e nós dois entramos no quarto. Marian estava conversando com sua mãe. Eu estava tão concentrada no horário e na mulher da recepção que nem vi a mãe dela entrar. Estou ficando louca.
- Ah queridos que bom que vieram. Já estava indo chamar vocês. Essa menina é impossível. Vou dar licença.
- Obrigada dona Cláudia. - disse quando ela passou por mim e fechou a porta.
Fiquei no mesmo lugar olhando para Marian. Ela estava com os olhos arregalados com a minha expressão e postura. Ela abriu a boca para falar mas foi interrompida.
- Não se atreva a falar uma coisa se quer. Você passou dos limites senhorita Aspen e agora vou fazer o que prometi.
Fui até ele e dei um tapinha de leve em sua bochecha. Depois a agarrei num abraço. Ela riu.
- Me desculpa minha linda. Não queria deixar vocês preocupados. Mas eu tinha que me defender, era um bolsa caríssima! E logo meu Iphone recém comprado estava lá e...
- Tá na hora do esporro. - falei me afastando dela e olhando para Pedro que estava se segurando para não rir. - Uma bolsa e um celular vale mais que sua vida?
- Não, mas...
- Sua idiota! Poderia ter morrido! Tanto por estar no meio da rua, quanto pelo ladrão. E se ele estivesse armado? Você é uma irresponsável. O pior é que só pensa em bolsas, celulares e não pensa na gente que ficou sem dormir preocupados com a idiota que queria dar uma de corajosa para cima do assaltante. Faça-me o favor né Marian. - falei elevando um pouco a voz.
- Não vou mais fazer isso, juro juradinho! - ela pegou o mindinho e beijou (inventamos isso no primário).
- Vou acreditar nisso. - falei piscando para ela e sorrindo.
- Agora é minha vez. - Pedro abraçou e deu um beijo na testa de Marian. - Nunca mais faça isso em mocinha.
- Já prometi que não.
Uma enfermeira entrou segurando um bandeja com remédio e água.
- O horário da visita acabou. Ela agora precisa descansar.
- Ah não, fiquem! Não me deixem sozinha! Ah moça o que eu fiz de errado? Esse remédio é horrível.
- Se quer sair daqui precisa tomá-lo. Promete que vai obedecer direitinho a enfermeira né? - falei.
- Afs, cismou com promessa hoje em Laura. Prometo sim.
- Isso mesmo, mas tarde podemo voltar? - perguntei para enfermeira.
- Cerca de 3h a 4h é liberado a visita.
- Okay, obrigada. Voltamos depois, vê se descansa. - falei saindo do quarto.
- Até mais anãzinha. - Pedro disse zoando ela.
- Isso é preconceito por que sou alta! Isso dá cadeia! - ela disse antes de sairmos do quarto gargalhando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjo, meu
RomantizmLaura sempre foi uma menina difícil de lidar. Desde a morte de seu pai, sua mãe vêm passando apertos com as contas e a hipoteca. Decidida a ajudar sua mãe, as duas resolvem se mudar para mesma cidade que a tia Bel. Laura terá que se acomodar com a n...