Capítulo 16

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Marian já estava em meu quarto fuçando meu armário. Enquanto ela procurava uma roupa eu arrumava o cabelo fazendo cachos nas minhas pontas douradas. Quando terminei comecei a passar a base no rosto.
- Larga isso que eu que vou fazer a maquiagem. Você demora muito.
Ela me entregou o vestido - básico e decotado atrás da cor preta - coloquei rapidamente e me sentei em sua frente e permaneci com a face paralisada até que ela acabasse.
- Vou a lá! - ela disse e logo me virei no espelho. Eu realmente estava linda com os tons de preto e o delineador que ela passou em minhas pálpebras. Antes que eu falasse qualquer coisa ela me entregou um batom matte roxo escuro e voltou no guarda roupa para buscar um par de saltos. Passei o batom cuidadosamente e calcei o salto que ela pôs diante de mim. Levantei e me olhei por inteira no espelho.
- Você está maravilhosa! Precisa esbanjar sua beleza por aí minha amiga, aproveita a festa por mim ta?! Agora desce que seu lindíssimo primo está te esperando. - ela disse como uma mãe orgulhosa. Ri e rapidamente sai do meu quarto e desci a escada. Enzo não estava na sala, mas minha mãe estava.
- Está linda filha. Não volte tão tarde e se cuide. Confio em Enzo. - ela piscou para mim e voltou para seu quarto.
Sorri antes de abrir a porta.
- Uau! Que milagroso 10 minutos foram esses? - ela disse admirado com extrema rapidez.
- Bom, as meninas quando querem podem se ajeitar rápido. Agora vamos. - falei descendo os degraus e indo para a calçada. Ele me acompanhou.
- Você está... Linda Laura. - ele disse.
Minhas bochechas se assemelharam com um tomate, agradeci à pouca iluminação na rua.
- Você não está nada mal. - falei dando uma olhada geral nele - camisa social três quartos preta, calça jeans e um tênis adidas para combinar com seu jeitinho mimado.
- Vem, vamos no meu carro. - ele disse atravessando a rua e segurando minha mão.
- Carro novo? Uau, que chique. - falei sentindo o cheiro de coisa nova.
- Ganhei quando você estava fora. - ele sorriu e abriu a porta para mim.
- Cadê aquele Enzo grosseiro que adora me apurrinhar? - falei em choque com seu "cavalheirismo".
- Acho que uma garota é responsável por isso. - esse disse tranquilamente, mas creio que meu coração não ficou nada tranquilo.
Chegamos na festa que por sinal estava bombando. Filas de carros que não acabavam mais e várias pessoas com um copo de alguma coisa na mão. Sai do carro e segui Enzo até chegar onde estava a festa. O barulho da música invadia meus ouvidos e uma necessidade tremenda de dançar tomou conta de mim. Fui andando e encontrando rostos familiares e os cumprimentando com um aceno e um sorriso. Enzo virou para mim.
- Quer alguma bebida?
- Quero sim. - tentei gritar o máximo para poder ser ouvida. Ele se dirigiu ao open bar e logo fiquei rodeada de pessoas dançando. Nada melhor que me misturar com elas. Fiz movimentos com os quadris e deixei a música eletrônica me levar. Ao som de David Guetta, vi um cara se aproximar dançando em minha direção. Me senti meio desconfortável na hora, mas lembrei que estou aqui para esquecer dos problemas e tentar me distrair. O recebi com um sorriso amarelo - não totalmenre sincero - e continuei com os movimentos com os quadris. Ele era bem bonito por sinal, olhos esmeralda, cabelo bagunçado e tinha uma fragrância deliciosa. A multidão se juntou ainda mais fazendo com que o pouco espaço que tínhamos se esgotasse.
- Não acha melhor sairmos daqui um pouco? - ele sussurrou no meu ouvido. Por que não? Ele é bonito e parece ser legal.
Confirmei com a cabeça e fomos para o mais longe possível da multidão. Quando já ouvíamos um ao outro suspiramos.
- Aquele pessoal sabe como esmagar as pessoas. - ele disse esboçando um sorriso. - Sou Ethan.
- Laura.
- Um nome lindo.
Corei.
- Só eu ou você também não conhece boa parte da galera aqui. - ele disse olhando ao redor na direção dos adolescentes bêbados dançantes.
- Bom, eu conheço a maioria. Somos da mesma escola então impossível não reconhecer. Você não é daqui ne?
- Cheguei ontem de viagem. Venho de longe, Flórida. - ele fala sorrindo. - Nada melhor que já se socializar em uma festa não é? - ele disse com seus olhos possivelmente na minha boca.
- Mora por aqui? - Ai Laura, para de ser burra! O cara não ser conversar. Ele está se jogando para cima de você.
- Sim, moro perto. Vi a movimentação e decidi me juntar.
- Esperto.
- Costumo ser.
Ele se inclinou para mim e isso era com certeza um sinal. Ele colocou a mão na minha nuca e aproximou seu lábios. Se joga! Quando estou prestes a beijar Ethan, algo molhado o atinge e ele ligeiramente se afasta.
- Ah cara foi mal. Sabe como é ne? Muita gente empurrando e eu sou meio desastrado. - conheço muito bem essa voz.
Ethan olha sua blusa encharcada com o que parece ser vodka e um traço de raiva preenche seu rosto. Enzo está segurando um copo cheio e ou outro vazio - o líquido que claramente foi despejado em Ethan - e tenta segurar o riso.
- Quer ajuda? - pergunto vendo o estado de sua blusa, mas logo concentrei meu olhar em seus traços definidos que ficaram transparentes pelo tecido molhado. Oh, é um belo corpo.
- Acho que preciso que uma blusa nova. - ele fala rindo. Se vira para Enzo e pega o outro copo e derrama sobre sua linda camisa preta. - Agora estamos quites meu chapa. - Ethan anda até o banheiro mais próximo e entra. Fico no mesmo lugar que eu estava observando Enzo.
- Qual o seu problema? - perguntei.
- Não foi culpa minha. Me empurraram.
- Claro que vou acreditar nisso. Pare de fazer o papel de irmão mais velho, já sou grandinha e sei me virar. Deixa que meus rolos cuido eu. - disse pegando um guardanapo e passando em seu pescoço que estava encharcado de vodka.
- Não estou fazendo papel de irmão mais velho. - ele disse me encarando.
- Então de que?
- Deixa para lá, você não entenderia.
Vendo que um guardanapo não iria resolver nada o puxei em direção ao banheiro das mulheres. Não havia ninguém então tranquei a porta e peguei uma papel higienico que era a única coisa que tinha lá.
- Bom, você vai ter que tirar sua camisa. - falei olhando. Ele sorriu maliosamente. - Ah, para. Já vi você sem camisa e você também sabe minha opinião sobre isso. Então para de frescura e deixa eu lhe ajudar.
Ele desabotoou os botões e tirou. Peguei a camisa fazendo o máximo de esforço para não olhar para o meu determinado ponto fraco e estendi na porta da cabine para secar naquele curto período de tempo.
- Não precisava me trazer para o banheiro das mulheres nem me ajudar...
- Shiu, você me ajudou - disse me referindo a reação que tive ao saber do acidente de Marian. - acho que devo pelo menos isso a você. - falei pegando outro monte de papel.
- Laura, eu queria te falar uma coisa... Não sei nem como começar. - ele disse obviamente nervoso. - Eu...
Enzo foi interrompido por batidas nervosas na porta.
- Dá para abrir a droga dessa porta? - alguma adolescente descontrolada berrou.
Ri e abri a porta. Ela e seu bando de meninas furiosas se encantaram com o homem sem camisa que encontraram.
- Da próxima vez que quiserem se pegar escolham outro lugar que não seja o banheiro. - uma das garotas falou me olhando dos pés a cabeça. Deve estar pensando o que eu tenho que ela não tem. Ela desviou seu olhar olhando com admiração para Enzo.
Enzo ia argumentar, provavelmente explicar que não estávamos no banheiro com essa intenção, mas o interrompi.
- Claro, não iremos mais usar o banheiro. Obrigada pela dica meninas. - pisquei para elas e peguei a camisa de Enzo e joguei em sua direção. Abri a porta e saímos.
- O que aconteceu lá dentro? - ele perguntou vestindo a camisa com um traço de humor.
- Juro que se eu não saísse logo de lá eu ia pular no pescoço de uma delas. - falei ainda com raiva.
- Anjo você acha que eu ligo? - ele perguntou. Não pude deixar de lado a animação ao ouvir meu apelido.
- Só... Vamos beber okay? Preciso achar Ethan.
A música estrondou meus ouvidos enquanto eu seguia para o bar. Pedi uma duas doses. Virei uma de cada vez, senti o líquido queimando minha garganta e fechei os olhos. Antes de pedir mais uma Enzo apareceu do meu lado erguendo o dedo e pedindo uma dose.
- Vou te acompanhar. - ele virou depois pediu mais uma e virou.
Pedimos mais e mais e ríamos cada vez que ficávamos mais bêbados. Esquecemos de tudo até do som estrondante. Só existia Enzo e Laura. Dois jovens bêbados. Na minha sexta dose, eu já enxergava tudo turvo e não sabia muito bem quem era quem. Olhei para Enzo e vi dois dele e ri por não saber quem era realmente ele. Levantei a mão para achar seu rosto, quando achei senti seus lábios quentes na palma da minha mão e uma vontade arrasadora de te-los em minha boca me abordou. Ele riu e eu ri também. Tirei minha mão de seu rosto e voltei minha concentração para a próxima dose. Antes de virar senti alguém tocar minhas costas.
- Achei você. - olhei para ver quem era e demorou um tempo para eu reconhecer que era o Ethan. Sorri e tentei encara-lo mas não encontrava o foco. Estava mais que tonta.
- Vamos dançar. - ele me puxou e eu o segui. Quase tropecei nos primeiros passos, mas quando estávamos no meio de todo mundo ao som de outra música eletrônica eu deixava ele me conduzir. Com o passar da música e com o corpo quente e suado de tanto dançar, Ethan se aproximou e beijou meu pescoço passando a língua em um ponto molhado. Não o impedi, até por que era mais ou menos essa minha intenção. Ele depois pegou minha nuca e me puxou para um beijo. Depois nos afastamos e nos encaramos. Sorrimos e voltamos a dançar. Teve uma hora que senti vontade de vomitar e sem dar explicações fui ate o banheiro e vomitei. Molhei meu rosto e olhei no espelho não sei que horas são, mas tenho que ir para casa. Sai do banheiro e procurei Enzo, o vi no open bar conversando a menina do banheiro. Ela estava pegando a mão dele e tentando colocar em sua coxa. Que oferecida e aproveitadora!
Cheguei e logo me coloquei entre os dois puxando Enzo.
- Eu estou bêbada, mas estou mais consciente que você. - foi eu falar que estava consciente para uma puta dor de cabeça me pegar em cheio. - Vamos embora.
Coloquei o braço dele em volta do meu pescoço e ele riu.
- Sabia que um dia você faria isso. - ele riu.
- Ajudar um bêbado? - quase cai levando Enzo junto. Merda! Culpa desses saltos. Tirei os saltos e prendi meu cabelo em um coque. Saimos da festa que ainda estava lotada e fomos andando pela calçada.
- Eu já disse... - ele começou a falar com a voz risonha. - que você é a menina mais linda que eu já vi? - ele riu e eu ri com sua risada.
- Você também não é feio. Na verdade você é bonito, muito bonito, do tipo bonito que chega a doer. - Opa alerta bêbada falando demais - exagerei um pouco.
- Ah mas você é mais anjo. Nunca ia querer alguma coisa comigo. - ele disse caindo no chão. O levantei e voltamos a andar.
- Somos... - esqueci as palavras - família.
- Aha, família. Sempre uma resposta anjo.
Fiquei em silêncio.
- Sabe porquê te chamo... de anjo? - ele fechou os olhos depois equilibrou deu peso todo em mim. Ele pesa pra caramba.
- Acho que não.
- Quando te vi, eu já sabia anjo. - ele riu de olhos fechados.
- Sabia do que? - perguntei tentando encara-lo mais minha visão estava turva e duplicava tudo na minha frente.
- Que você ia me pegar em cheio. Pow! - ele fez o barulho com a boca. - Não me importava se era... família. Era você, meu... Anjo. - ele disse em meio a pausas.
Quase cai ao ouvir suas palavras. Ele não sabia o que estava falando. Estávamos bêbados! Ele não estava falando a verdade. Impossível.
- Para de falar merda Enzo.
- Não anjo, olha pra mim. - ele parou e virou minha cabeça para olha-lo - Você é minha... Por mais que não saiba disso, eu cuido... De você. - ele se inclinou para me beijar mas acabou caindo no chão e eu fui levada junto.
- Você tem que parar de cair Enzo! - falei tentando me levantar, mas eu estava tonta e incapaz de fazer qualquer coisa sozinha. Quem ia me ajudar agora?
Peguei meu celular e coloquei na discagem rápida.
- Alô? - atendeu na primeira chamada.
- Vem pra calçada... - falei e desliguei.
Enzo estava com os olhos fechados e eu queria também fechar os meus. Ergui ele e o coloqui sentado perto do muro da minha casa. Ouvi alguns passos e avistei minha amiga de moletom.
- O que houve? - ela perguntou.
- Me ajuda a levantar. - ela me puxou e levantei cambaleando. - ele só está mais bêbado que eu. Me ajuda a levar ele pra dentro.
- Da sua casa? - Marian disse.
- Não, na casa dele.
Agachei com dificuldade e peguei a chave em seu bolso da calça.
Eu e Marian atravessamos a rua segurando Enzo, o deixamos na varanda enquando eu abria a porta. Depois de 10 tentativas não consegui colocara chave no buraco e Marian pegou e abriu. Depois de todo um processo de colocar ele no quarto sem fazer barulho e sair sem acordar tia Bel foi minha vez de desmaiar, pelo menos perder o movimentos das pernas.
- Você vai me pagar Laura Madalena! - alguém diz com a voz elevada. Eu começo a rir para não chorar com a dor da cabeça que estou sentindo.
- Eu odeio esse nome.
- Pois é o seu. M-a-d-a-l-e-n-a.
- Você é má.
- Tive com quem aprender.
E foi a última coisa que lembrei naquela noite.

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⏰ Última atualização: May 17, 2016 ⏰

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