Capítulo 2

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Fiquei ainda umas horas na casa da tia Bel até o caminhão de mudança chegar. Corri porta a fora por que eu estava doida para arrumar alguma coisa para fazer, aquele tédio estava me matando. Eu estava com minha mochila nas costas inclinada na parede da varanda esperando minha mãe chegar. Depois de alguns minutos minha mãe e Enzo se aproximam. O que ele esta fazendo aqui?

- Enzo se ofereceu para nos ajudar com as caixas. - mamãe fala sorridente. Olho para a figura ao seu lado jogando um sorriso.

- Quanta gentileza sua Enzo. - digo com tom de ironia.

- Vou ali acertar com o motorista o frete. Enquanto isso vocês podem começar a agir. - ela disse e se distanciou.

- Oi de novo.

- O que está fazendo aqui?

Ele aperta os olhos por causa do sol e nisso ele cruza os braços. Esse movimento tenciona seus músculos e ele sabe muito bem que o que está acontecendo. Me sobe um calor, mas me contenho. Sou mais esperta. Uma arma contra os meninos chamada PEITOS. Com eles você deixa qualquer um no chão. Aproximo-me dele descendo os degraus da escada.

- Está calor ne? - digo. Tiro meu moletom deixando minha camiseta à mostra. Ela é Preta de alcinha e colada ao corpo. Seu olhar foi diretamente para onde eu imaginei. Ele sorriu ao perceber o que eu fiz.

- Está se preparando para carregar as caixas para dentro?

- Quem se ofereceu para ajudar foi você. Então você que deveria estar se preparando. - digo.

Pego a chave com minha mãe e entro dentro da casa. Ela é bem bonita, mais eu ainda preferia ficar na minha antiga casa, onde eu tinha guardado momentos preciosos. Subi as escadas e escolhi um quarto. Ele tinha uma enorme estante. Minha mãe disse que o dono deixara alguns móveis, mas nem sonhava com uma estante tão grande, será perfeita para guardar meus livros. Vou até a janela que tem a visão para a rua, vejo Enzo carregando as caixas. Mas a uma coisa diferente, ele está completamente suado e sem camisa. Ele realmente está fazendo isso? Somos PRIMOS! Seria nojento alguma coisa rolar.

Como eu imaginava (não que eu tenha imaginado) ele tem músculos definidos, provocando raiva. Por que ele tem que ser tão lindo? Era para eu não gostar dele.

Desço as escadas e vou até o cara musculoso que está carregando as caixas.

- Você por acaso usa anabolizante? Isso faz muito mal sabia? – digo e cruzo os braços olhando feio em sua direção.

- Se importa com a minha saúde agora? – ele diz colocando a caixa no chão para prestar atenção em mim.

- Não. Nem um pouco. Só que eu sou uma pessoa muito legal, e gosto de avisar as pessoas quando elas estão fazendo algo idiota.

- Não uso nenhuma bomba, droga, remédio ou qualquer inferno assim. Eu malho e só. Por que? Interessada nisso? – ele aponta para o seu '' tanquinho ''.

- Qual é? Eu interessada? Eu estou bem desinteressada no momento. Já você... – aperto meus braços deixando meus ''amiguinhos '' saltarem. Ele olha e muda o peso da perna. Ele parece realmente incomodado. Ponto para mim.

- Enquanto você fica aí me admirando, podia me ajudar com essa caixa aqui. – ele pega outra caixa dentro do caminhão. Aparenta estar pesado, mas pode ser algum truquezinho dele.

- Se você é tão forte assim consegue muito bem pegar sozinho.

- Me ajuda aqui. Por favor. – ele fala ''sério''.

- Só vou ajudar por que eu amei ver você implorando. – falo descendo os degraus e indo até ele.

A caixa estava meio pesada sim, mas nada com que ele não desse conta. Quando fui olhar para ele para retrucar por que precisava de ajuda ele estava me encarando nitidamente, o que estava me deixando sem graça. Estávamos bem próximos e senti a mão dele em baixo da minha. Minha respiração ficou ofegante e nisso ele começou a caminhar para casa deixando seu olhar nos degraus. Eu continuei confusa e só o segui. Nisso eu me desequilibrei na escada e larguei a caixa, na mesma hora Enzo me segurou me impedindo de cair de cara no chão.

- Você está bem? – ele pergunta com seus dois braços em mim. Quando fiquei firme me soltei dele.

- Acho que sim... – o encarei e vi que estava quase rindo. Percebi que aquilo foi um truque e rapidamente fiquei furiosa. O empurrei e subi as escadas.

- O que foi? – ele disse dando um riso seco.

- Você é um babaca mesmo. – falo sem olhar para trás.

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Depois de um dia super cansativo, deito na minha cama. Olho ao redor e ainda vejo algumas caixas. Sinto preguiça só de saber que amanhã vou ter que desempacotá-las. Me cubro com o cobertor e fecho meus olhos. Logo caio em um sono pesado.

Acordo de imediato com o barulho de algo caindo no chão. Sem entender o que aconteceu dou um gritinho. Pego meu óculos em cima do criado mudo e o coloco. Enxergo Enzo revirando uma das caixas.

- O que diabos você está fazendo no meu quarto?!

- Procurando o liquidificador. – ele olha para mim e sorri, depois volta a procurar.

- ESTÁ NA COZINHA NÃO NO MEU QUARTO! – grito.

- Sua mãe pediu para eu vir ver se estava aqui.

- EU NÃO LIGO!

Ouço passos pesados correndo nas escadas, mamãe aparece na porta.

- Que gritos foram esses? – ela fala.

- Sua filha dona Júlia.

- Essa hora você está gritando? Ainda é cedo para seus chiliques?

- Você se importa com meus gritos mas não liga para essa garoto fazendo um barulho enorme no meu quarto?!

- Ele está fazendo um favor que eu pedi Laura. E seja educada. – ela desce. Enzo ri para mim.

- Ela gosta de mim.

- E eu te odeio. SAI DO MEU QUARTO!

Ele me ignora e volta a procurar. Eu deito novamente e coloco o travesseiro na cara e conto até 10. 1...2... respira Laura... 3...não mata esse garoto.4...você vai ser presa...

- Achei!

Tiro o travesseiro do rosto e o observo indo ate a porta. Ele para e se vira para mim.

- Aliás, adorei o pijama de oncinha. – eu jogo a primeira coisa que vejo pela frente nele e ele corre pelo corredor.

- É MELHOR CORRER MESMO!

A pior coisa de morar aqui é ter que conviver com ele. É um saco!

Esfrego meu rosto e tento acordar de vez. Desço as escadas com a cara emburrada e sou recebida por um abraço da tia Bel.

- Bom dia! Você é linda quando acorda! – ela fala, eu me olho no espelho e vejo que meu cabelo está parecendo um ninho de passarinho. Faço um coque para amenizar a situação. Enzo está sentado no sofá e ele olha para mim com uma expressão divertida. Vou até ele e jogo uma almofada na cara dele.

- Se você me acordar de novo eu vou jogar uma pedra na sua cabeça. E eu não me responsabilizo pelos danos.

Sento ao seu lado e cruzo as pernas que nem ''índio''

- Preparada para amanhã? – ele pergunta ajeitando seu cabelo. Olho para ele e vejo que está uma bagunça, mas mesmo assim continua bonito essa praga.

- O que tem amanhã?

- Escola, infelizmente.

- MÃE ME DIZ QUE VOCÊ NÃO ME COLOCOU NA MESMA ESCOLA DO ENZO!

- Coloquei sim querida.

- Merda. – resmungo.

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Anjo, meuOnde histórias criam vida. Descubra agora