Na manhã de sábado Liam ficou observando Zayn discutir ao telefone com quem parecia ser seu pai. Tentou não prestar atenção na conversa, porque parecia ser particular demais, mas não podia simplesmente desligar os ouvidos e agir de forma aleatória. Ele ainda não tinha esse poder.
Terminou de vestir a camisa e se olhou no espelho, ouvindo Zayn gritar que "não era viciado em drogas e que uns cigarros de vez em quando não fazia mal a ninguém". Liam riu e Zayn olhou para ele, revirando os olhos e fazendo um sinal para que ele esperasse por ele. O garoto assentiu e se sentou para calçar o tênis.
-Cara, pelo amor de Deus, eu não vou pra casa no feriado... Porque você é um saco, e eu não tô a fim de ficar fazendo sala pro seu namorado – parou de falar por um segundo e fechou os olhos com força, antes de gritar: – VAI SE FODER.
E desligou o celular.
Liam ficou o encarado por muito tempo, tentando assimilar o que tinha acabado de ouvir. Se um dia gritasse assim com seu pai, levaria um tapa na cara na mesma hora, por isso não entendia como Zayn era tão rebelde e mesmo assim nunca era repreendido.
-Cara, isso foi... – ele buscou palavras, mas o outro garoto o interrompeu.
-Sem comentários – Zayn pediu, e se sentou para calçar os tênis também – eu o odeio com todas as minhas forças.
Liam largou os pés em cima da cama e franziu a testa, incomodado.
-Só porque ele é gay? – perguntou.
Zayn o olhou com cara de que aquilo era uma pergunta óbvia demais, e de que ele não iria responder, mas Liam insistiu no olhar, fazendo o garoto bufar.
-Não sou homofóbico Liam. – disse.
-Não é o que parece.
-Podemos, por favor, não discutir isso? – pediu o garoto, e puxou um maço de cigarros do bolso, balançando na cara de Liam – vamos logo, preciso fumar.
Ele pegou o tênis e calçou o pé que faltava, ainda pensando em Zayn e em seu pai. Teve vontade de repreendê-lo por ser preconceituoso, mas sabia que não tinha nada a ver com eles dois. Não podia se meter assim na vida do badguy da escola, ou, certamente, levaria um fora.
Mas não deixava de pensar que se Zayn soubesse sobre ele, ficaria uma fera.
Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos e se levantou, pegou seus cadernos e saiu do quarto, seguido de Zayn, a caminho do prédio das salas de aula.
Liam estava quase dormindo durante a aula de História do professor Hans. Odiava quando o quadro ficava vazio e ele tinha que anotar o que o professor estava falando, porque isso significava que não podia abaixar a cabeça e tirar um cochilo por alguns minutos.
Ao invés de prestar atenção, se concentrou em Jasmine, a duas cadeiras da sua, na esquerda dele, completamente concentrada, anotando o que o professor falava. Apesar de não manterem um relacionamento normal de casal, ele ainda a achava linda, e admirava o modo como ela batalhava para manter as boas notas e ser uma aluna digna de uma bolsa de estudos. Adorava o fato de que ela era capaz de enfrentar o pai dele, e só se arrependia mais ainda por não sentir nada por ela. Porque Jasmine merecia ser amada por alguém que valesse a pena, e Liam tirava essa chance dela.
Ficou observando seus cabelos caírem no rosto, sua cara de concentrada e os bicos que fazia quando não entendia alguma coisa da matéria. Viu ela escrever algo no caderno com a letra caprichada, e riu consigo mesmo das pequenas coisas bobas que ele estava notando. Por um segundo ele imaginou que estivesse gostando dela novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Psichology
Teen FictionEssa é uma história sobre oito adolescentes que tiveram seus problemas no passado. Cada um deles tinha algo contra o outro, cada um deles tinha um motivo para competir, fingir, enganar e mentir. Cada um deles tinha motivos para querer passar a perna...