Brother

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6º Capítulo 

-Que se passa? –digo

-Bella... -Anne fala calmamente

O ambiente na sala ficou demasiado tenso, e quando isto acontece, algo de bom não é de certeza absoluta

-Mãe...! –Harry fala em tom de aviso o que me deixa ainda mais curiosa

-Não! – aponto para o rapaz que amo- Não tentes esconder mais, o que eu tiver que saber... Eu quero saber!

Harry encolheu-se no seu próprio lugar

Estou a passar por demasiada coisa ao mesmo tempo, mas prefiro saber tudo já, preciso de lidar com tudo de uma vez para não passar a vida a ir me a baixo

-Ela merece saber... -Gemma parece compreensiva e ao mesmo tempo demasiado nervosa, não consigo decifrar o seu estado

As três personagens familiares entreolham-se antes de Anne começar a falar, seguida de um longo suspiro

-Bella... O Nathan é teu irmão

Eu juro que senti, por momentos, as batidas do meu coração a falharem. A minha respiração pareceu parar, nada mais eu conseguia fazer se não pestanejar.

O meu pequenino e pobre irmão desaparecido era o Nathan?

Momentos do passado vêm-me á cabeça o que faz crescer lágrimas nos meus olhos.

A bola que tocou no meu braço, naquele dia no parque, não foi por acaso... Foi destino.

-Como...? –por entre lágrimas sussurro

-Quando a polícia invadiu a vossa casa e o Robert fugiu... Um dos polícias encontrou o Nathan escondido na casa do pinhal, –relembro memórias ótimas da casa do pinhal e agora dou graças a Deus por ela existir- ele não conseguia paras de chamar por ti... -Anne faz uma pausa e consigo perceber, que não conseguiria prosseguir segurando a dor que sentia

Desvio o meu olhar por um momento para Harry e vejo-o fixo no chão, sem qualquer expressão aparente, está neutro

Gemma, de imediato, agarrou na mão da sua mãe dando-lhe o conforto de que ela precisava

-Como é que ele ficou com vocês? –pergunto um bocado a medo

-Passou nas notícias e como a polícia só encontrou o Nathan e não te encontrou a ti, também passaram informações e imagens sobre ele...

-Soubemos logo quem ele era e decidimos passar-nos por família dele e acolhe-lo. –Gemma continua, quando Anne luta contra as suas lágrimas e soluços agudos- Mais tarde, depois de tudo acalmar procuramos-te por todo o lado, mas tu não aparecias de maneira alguma, até finalmente o Niall te encontrou, estavas a viver aqui, em Londres

Apesar da confusão entre afinidades, o Nathan é irmão de Gemma e Harry, tal como é meu...

Não os posso culpar. Eles fizeram o que era melhor para o Nathan, acolheram-no como se fosse da família só para ele não ficar sozinho enquanto eu corria e corria o mais longe que podia daquela casa

Só de me lembrar desse dia... Arrepios percorrem o meu corpo todo

-Estás chateada? –vejo tamanha preocupação na cara de Anne

-Claro que não! Só surpreendida com tudo isto... -passo a minha mão nos cabelos castanhos caramelo do meu pequeno irmãozinho- Uma última pergunta... Ele sabe?

-Sabe... -oiço pela primeira vez, em toda a conversa, a sua voz rouca falar, quase que me assusto

Olho para a figura pequena sentada no meu colo e este já está a sorrir para mim

Estava tão preocupada com o que pudesse ser, mas afinal, foi uma enorme alegria. Apesar de todos estes anos ter andado a fugir, nunca estive realmente completa por não saber o paradeiro do meu irmãozinho, que na altura, estava na flor da idade. Agora é um menino de dez anos, que passou e viu imensas coisas que uma criança da sua idade nunca deveria ter assistido.

*

-Estou a pensar em arranjar um emprego

Depois de jantar-mos, os rapazes acabaram por se ir embora, certificando-se de que não me faltaria nada. Não era tarde, muito pelo contrário, o dia ainda era uma criança, estava no meu momento do dia preferido, o anoitecer.

Estávamos agarrados, os dois, no sofá da varanda do quarto do Harry, a qual eu amo incondicionalmente

-Um emprego? –questionou-me com a sua sobrancelha levantada- Não achas que primeira devias acabar os estudos?

Ele na realidade tinha razão. Deveria primeiro concentrar-me em acabar os meus estudos e depois no resto, mas acho que me faria bem e mudaria a minha rotina.

-Preciso de dinheiro para pagar a renda do meu apartamento Harry, e para além disso, os meus estudos estão quase a acabar, são só mais uns meses

-Encontra-mos um apartamento nas ruas de Londres e vamos viver juntos –ele oferece carinhosamente, o que fez o meu coração querer saltar do meu peito diretamente para as minhas mãos, para lho entregar

-Independentemente de isso acontecer... Não serias o único a ter de pagar as contas, nem eu deixaria que o fizesses –ele assopra frustrado

-Mesmo assim, acho que devias ter calma, ainda agora voltas-te de uma passagem horrível da tua vida... -ele baixa a cabeça, concentrando-se nas nossas mãos enterlaçadas

-Eu quero passar essa fase á frente, eu não quero pensar mais nisto... -faço uma pausa longa, arranjando força para continuar- Toda a minha vida tenho-me escondido, sempre com medo que ele apareça ao virar da esquina... E aconteceu. Ele apareceu, prendeu-me, mal me dava de comer, quis-me fazer mal, mas não conseguiu! Ele fez mal à minha mãe e tentou fazer-me a mim, mas só por cima do meu cadáver irá fazer mal ao meu irmão! Para mim isto acabou Harry... Estou farta de sofrer... Quero seguir com a minha vida em frente. Quero por um ponto final nisto de uma vez por todas.

Ele foca a sua atenção em mim, e com receio nos seus olhos, pergunta-me

-O que estás a querer dizer com isso?

Não sei se será da melhor maneira, mas sei que será a melhor coisa a fazer, para o bem de todos

-Eu quero matá-lo Harry!


Black Bird IIOnde histórias criam vida. Descubra agora