Black Bird II

Relive

7º Capítulo

'Umas Semanas Depois'

-O que é que eu vou oferecer ao Harry? Ele faz anos daqui a dois dias e não tenho nada pra lhe dar... –explico á minha melhor amiga

Estamos á mais de duas horas num centro comercial, a fazer as nossas típicas tardes de compras sem fim.

-Uma noite de sexo?! –Ammy Jones, em pessoa

-Ammy... -olho-a com um ar de desaprovação

-Que é que foi? Admite que vais acabar por fazê-lo –o meu silêncio serviu-lhe de resposta- Ora ai está, portanto vamos comprar-te uma lingerie e resto, deixa comigo e com o Niall–acaba piscando-me o olho

-O que queres dizer com isso?

-Vamos oferecer-lhe um fim-de-semana para dois num resort e como é óbvio, ele não vai querer levar o Louis com certeza

Plano perfeito!

Só de imaginar que vou poder estar novamente intimamente com o Harry, dá-me um certo arrepio na espinha. Pois a última vez que estivemos juntos, daquela maneira, não acabou bem... Para nenhum de nós.

Entramos nesse preciso momento numa loja de lingerie e por mais bonitas que sejam, eu não consigo olhar para nenhuma que não ache imprópria

-Que achas desta? –Ammy levanta na sua mão uma lingerie preta cheia de folhos

-Não de todo!

Não quero nada muito festoso, quero algo simples e que me assente bem no corpo, deixando-me bem comigo mesma

Lá escondida num canto, vejo uma renda branca a chamar por mim e não resisti em espreitar (Foto)

-Que achas? –pergunto à Ammy que está entretida com uma outra vermelha

-Só temos uma maneira de descobrir... Vai experimentar!

Adoro-a por causa disto, quando tudo parece estar mal, a Ammy chega e alegra tudo, é como se fosse a felicidade em pessoa, para ela nunca nada se encontra mal e invejo-a muito por ter tanta força para tal

*

-Finalmente já chegastes

Depois de todo o dia nas compras, entro finalmente dentro de casa e deparo-me com o Harry sentado no sofá com a sua guitarra no colo e o seu famoso caderno de músicas á frente.

Gostava que ele um dia escreve-se uma música para mim

-Desculpa, sabes como é a Ammy... –sorriu-lhe enquanto caminho para o lugar vago a seu lado

Ele para de imediato o que estava a fazer, agarrando-me na cara com as suas duas mãos enormes e beija-me.

Foi um beijo desesperado, se assim lhe posso chamar. Parecia que ele já não me via à imenso tempo, e só me afastei por umas horas. Mas compreendo, estivemos demasiado tempo separados e não foi por vontade de nenhum dos dois.

-Isso eram tudo saudades?

-Ainda não tenho muitas para matar, mas tenho tempo –acaba com um sorriso de orelha a orelha

Como eu adoro o seu sorriso, com covinhas a finalizar. Era capaz de iluminar uma cidade, não a de toda a gente, mas a minha cidade. Pérolas mais brancas que cale que servem de rubi para os mais românticos. Lábios carnudos, irresistíveis. Que sortuda que sou, por ter um homem tão belo a meu lado.

-Alô, Terra chama Bella –entretida nos meus pensamentos esqueço-me que o observo atentamente

-Desculpa, estava longe daqui –ou demasiado perto- Que estavas a escrever? –mudo de assunto para não ter de explicar o motivo da minha fuga para outros pensamentos

-Oh, nada de especial... –ele parede nervoso, tal e qual quando está a esconder algo

-Mostra-me

-Ainda não está acabada é melhor não... –ele pega na sua guitarras, no seu caderno e começa a subir as escadas sem qualquer explicação

-Onde vais? –pergunto um bocado desorientada

-Arrumar isto

Nem sequer me encara quando o diz. Pressinto que ele me está a esconder algo. Quase de certeza. Estou a lutar, neste momento, contra a minha vontade de subir e arrancar-lhe aquele bloco.

Mas tenho de admitir... Já tinha saudades deste humor inconstante.

Chega á sala um aroma ótimo vinda da cozinha permitindo-me tirar a conclusão de que Anne está a fazer mais uma das suas receitas maravilhosas

-Que bem que cheira –digo ao entrar na cozinha, confirmando a minha teoria

Nathan também se encontrava cozinha, com um avental muito maior que o seu corpo e cheio de massa de bolo na cara

-Olá minha querida, desapareceste esta tarde –Anne repara

-Fui comprar a prenda para o Harry

-Uh, e pode-se saber o que compras-te? –Gemma pergunta ao entrar na cozinha- Onde é melhor não saber?! –pisca-me o olho

-É melhor não saberem... –baixo a cabeça completamente envergonhada com tal situação

Caminhei até Nathan para ver melhor o que ele fazia

Massa para bolinhas. Retirei a conclusão quando vi as formas em corações e itens variados.

-Posso ajudar? –tento uma aproximação maior entre nós, visto que em pequenos éramos tão chegados

Ainda me custa a acreditar que tenho mesmo aqui o meu pequeno irmãozinho, são e salvo de todo o mal

-Sim claro –recebo um enorme sorriso brilhante, aparentemente tão parecido com o da nossa mãe

Pego num avental e começo a esticar a massa, mas sem querer sou impedida pela farinha que voou para a minha cara vinda do pirralho ao meu lado

-Vais te arrepender daquilo que fizeste meu menino, é melhor fugires

E foi o início é uma enorme revolução de farinha naquela enorme cozinha que não passava agora de um enorme monte branco, parecendo neve

Anne e Gemma não resistiram e juntaram-se também a nós

Nathan ria-se desalmadamente e as saudades que eu tinha de ouvir aquele riso tão genuíno

Senti-me tão feliz, como já não me sentia à bastante tempo

Tenho a minha vida de volta, o meu irmão, uma nova família que aparentemente já me é conhecida, o meu namorado bipolar da maneira saudável, novos objetivos furiosos

Mas tenho! E é algo que não tinha antes, tenho algo que posso chamar de meu!

-Mas o que se passa aqui? –Harry entra dentro da cozinha e imediatamente lhe aparece um enorme sorriso na face

-Anda mano, vem brincar connosco –Nathan puxa a sua mão e de um momento para o outro Harry já se encontra cheio de farinha tal como todos nós

Não acabando por resistir, Harry olha-me como se disse-se para correr, porque iria ser a sua primeira vítima

Esta luta de farinha, para muitos não passa de uma luta de farinha, mas para mim,
neste momento, é a minha ressurreição.

Que posso eu pedir mais ? Sou uma rapariga que lhe saiu a lotaria

A melhor lotaria que podia ter saído a um humano.

A felicidade.