Portões do Mártir

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Perto do palácio de Birmingham, num Pub, caindo as traças, estava Henry Greyback, um rapaz alto, de cortesia sem igual, cabelos ralos, cavanhaque, vestia um colete bege, calça antiga costurada a mão, sapatos de couro e usava colônia francesa comparada numa perfumaria barata. Henry tinha uma vida normal, com sua vida dedicada ao Pub e o que se escondia nele. Sim. Henry chefiava o grupo de lobisomens que pairavam pela região dali.
Mas ele estava despreocupado, aéreo e apenas degustando seu Uísque caro, mas essa despreocupação toda, iria acabar ali.
Na porta do Pub ouve-se um barulho, de porta se batendo.
Era Melissa, uma integrante do grupo, que estava ofegante. Melissa tinha os cabelos cacheados, olhos negros, rosto redondo porém pálido. Sua boca era carnuda, sempre vermelha. As vestes eram de camurça, calças surradas que a mãe lhe dera. Sapatos mocassins femininos, e um forte perfume de flores.
Ela foi direto a Henry, que pasmo, engole a última dose da noite, e diz a seguir:
- O que trás pra mim, minha criança? Espero que seja uma razão que me faça desistir do Uísque. - Disse ele, não querendo delongas na explicação.
- Senhor, o caçador Carlton e seu aprendiz Valiant, foram mortos perto da caverna a noroeste de Malvern. - Disse ela, ofegante.
- E porque isso me interessaria?
- Porque lá estava Victor, e Logan. E eles pegaram a caixa de Vlad. - Disse ela, rapidamente, quase se engasgando.
A expressão de Henry mudou, de calmo e sereno, foi pra surpresa e inquietação.
- Quero grupo de buscas, um de cada lado do esconderijo deles. Não sabemos onde é, mas procurem, farejem, mas eu quero aquela caixa. Victor não pode por as mãos nela, senão estaremos perdidos! - Disse ele nervoso e de um jeito que fez que os outros lobisomens fossem fazer os que lhe haviam mandado.
- Mas e você Senhor? O senhor nunca sai do Pub. - Disse Melissa.
- Hoje à noite eu abro uma exceção.

Distante dali, num armazém em Coventry

- Não foi culpa nossa Senhor. Não Sabíamos que ele é tão poderoso assim. - Disse uma voz desesperada.
- Mas foi culpa sua se deixar fracassar. Sabe que não tolero, derrota. Abgail. - A voz dita era grave, como a de um locutor de rádio, porém uma voz demoníaca. - Como seu Senhor, eu ordeno excelência em serviço. E isso não vai passar em branco. E sim em vermelho.
O mesmo dono da voz, foi até frente de Abgail, que de sua expressão corada, foi para pálida, no mesmo instante. Os olhos verdes perderam o brilho ao encarar tal criatura. Abgail vestia um colete preto. Uma aljava com duas flechas reutilizadas, porém pareciam afiadíssimas. Uma calça feita à mão por um material, parecido com couro, mas resistente a impactos maiores.
Botas coturno, os caçadores estavam um passo à frente do vestuário, de qualquer outra criatura existente.
- Desculpe Senhor. - Disse Abgail, suplicante.
- Seus serviços não são mais necessários para mim. - Disse a voz.
- Eu ainda posso lhe ser útil. - Disse ela buscando redenção.
- Posso arrumar outro ou outra igual ou superior a você. Agora se não me permite..
Nesse instante, o dono da voz misteriosa, lança-se até frente a Abgail, paralisando-a, e com apenas um golpe, cortou-lhe metade do corpo. Deixando as pernas separadas do tórax, as entranhas no chão. O olhar de terror se brotava no rosto de Abgail. Mesmo morta, estava sentindo temor.
- Highstain!!!! Limpe essa sujeira! Agora!
Highstain entra na sala do depósito, cercada de caixas e engradados vazios, e um chão de concreto sem tinta. A sala era ampla, com portas atrás, em frente e lados, para facilitar saídas.
Highstain era alto, robusto e forte, vestia o mesmo traje que Abgail usava. Era padrão dos caçadores. Ele se ajoelha e diz:
- Sim. Senhor. - Diz ele em modo de reverência.
- Engraçado. Vocês caçam criaturas sobrenaturais. E servem uma. Eu poderia matá-los sem hesitar. Mas preciso dos seus serviços.
- Qual, Senhor? - Disse Highstain, ainda ajoelhado.
- Quero que você cace, mate, Victor Vlad VI. Roube a caixa que está em seu poder. E a traga para mim. - Disse a voz.
- Vou preparar minha tropa. - Concluiu Highstain.
- Como quiser. Cumpra sua missão. Ou já sabe o seu, destino, e o da sua tropa.
- Sim, Lorde Karnos.
Highstain sai da sala.
Karnos olha o vazio e diz:
- Os portões para a guerra estão abertos, e o poder será meu finalmente!

Longe dali, Castelo Eastnor, Malvern.
- Milorde, o agradecemos a sua conquista. Mas o que tem dentro da caixa? - disse Castle.
Castle era o segurança do Castelo Eastnor, protegendo o esconderijo, das ameaças, exteriores. Ele lidera um exército, de lacaios renegados, civis transformados, mas não totalmente, vagam como zumbis, se alimentando de animais, e caçando pra viver. Eles têm a aparência grotesca, presas maiores do que o normal, e só obedecem a Victor, que assume controle deles mentalmente, e sob o comando de Castle, que os transformou.
Castle era ruivo, levemente, de cabelos medianos, rabo de cavalo até o ombro, tinha uns dois metros de altura, variando entre nivelações de terrenos planos. Vestia roupa de gala, com sapatos de grife, e segurava uma taça de vinho.
- Saberá quando eu abrir, obviamente. Mas não o farei agora. Guarde-o para mim, no confim desse castelo onde só você e eu saiba. Ande! - Ordenou Victor.
- Sim Milorde! - Concordou Castle.
Victor adentrou o castelo. Uma construção robusta, como um castelo medieval, de alguns andares, seis, contando o subsolo, que era lar dos renegados. Victor se transformou rapidamente em uma cortina de morcegos, e voou até o topo do castelo. O topo era composto de pilastras altas, e um chão cristalino com um piso claro. Teto abóbado, tinha amplitude de eco enorme, e o lugar era iluminado a luz de velas.
Victor aterrizou em uma das pilastras, se materializando para uma mulher.
Sophie Drummond. Uma das mulheres do grupo estava treinando. Com uma roupa de serviçal, ela treinava ataques imponentemente indefensáveis, com uma precisão absurda. Os cabelos lisos e loiros dela, se perdiam aos olhos de Victor, junto com seu belo par de olhos cor de prata claro.
Ela ainda de costas para Victor, diz:
- Posso ajudá-lo, Milorde? - Perguntou Sophie.
- Se tiver uma taça do melhor vinho francês eu agradeceria. - Brincou Victor.
- Não o tenho. Mas em que mais posso ser útil? - Perguntou Sophie.
- Bom - Continuou Victor. - Só quis informa-la, que achei a caixa.
- Isso é ótimo Milorde. - Felicitou Sophie, que sorriu.
- E estamos prestes a achar sua irmã. - Acrescentou Victor.
- Isso é ótimo. Quero que ela faça parte desse nosso clã. - Disse Sophie, esperançosa.
- E treine mas arduamente. - Acrescentou, mais uma vez Victor.
- Porque, Milorde, se é que posso saber. - Questionou Sophie.
- Porque uma guerra está vindo. E garanto, que essa guerra será uma guerra onde muito sangue jorrará. Então se prepare. Assim como eu me preparei.
Outra vez, Victor deixa Sophie treinando, enquanto ele se dissipava no ar. Novamente a Cortina de Morcegos se materializava, no ar.
E seguindo em direção contrária ao castelo, para Cambridge, Victor aterrizava no Cemitério Ascension Parish Burial Ground, onde onde ele iria toda semana para visitar o tumulo de seu pai.
Victor Vlad V.
Olhando para o tumulo, ele discursa;
- Querido Pai. Sou eu, outra vez. Vim para pedir sua ajuda nessa batalha que está por vir. Sei que não mereço ajuda pelas coisas que eu faço. Mas eu imploro, que me ajude dessa vez. Vou honrar o nosso nome, nossa linhagem, e todos os vampiros que ainda restam. Você me ensinou tudo o que sei. Por isso, eu tenho você não apenas como pai, mas como herói. Tenho que ir Pai.
Descanse em Paz, Querido e amado Pai. Um dia nos reuniremos outra vez.
Feito isso, uma cortina de Morcegos Pairou no ar, voando velozmente em direção ao Castelo Eastnor., mais uma vez.
Victor sentiu um frio na espinha ao falar com o pai.
Sentiu como se fosse a última vez que iria falar com ele.

BLOOD WAR: Guerra de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora