IV - AUTOCARRO?

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Português, História, Espanhol, Aplicações Informáticas e sueca são as disciplinas que eu mais exercito neste último ano do secundário, sendo a sueca a para a qual eu mais estudo (definitivamente) e sem esquecer Educação Física, mas nessa a minha percentagem de exercitação arrebenta a escala, por isso até parece mal comparar.

O 12º ano é sinónimo de último ano do secundário, último ano com as amigas mais fixes de sempre, último ano para escolher algo, por mais vago que este pronome indefinido pareça mais vaga ainda é a minha ideia do curso que quero ou devo escolher; último ano nesta escola que, apesar de não ser muito bonita, me acolheu (também não tinha outro remédio) e me encheu de sabedoria (alguma...não muita...bastante até) e a qual, eu preenchi com mais alguns arranhões nas cadeiras (feitos sem querer, claro) e mais algumas histórias que, mesmo sem ela saber, ficaram escondidas em cada partilha de episódios inesquecíveis que tiveram as suas paredes como cenário de fundo.

Se calhar o 12º ano é apenas sinónimo de último ano de um ciclo, no entanto se não há início sem fim, também não há fim sem início, e como eu ainda estou nos primeiros dias de aulas, o melhor mesmo é desviar a atenção da caneta destes pedaços de papel perdidos e descobrir o conjunto de folhas e linhas que o meu caderno de capa preta esconde, e ainda mais importante que isso desviar a minha atenção para a professora de... História, acho que é História... Como é que ela se chama mesmo? Ah?...

"Ana? Como é que se chama a professora?" A Ana é a minha colega do lado!

"Tu é que estás atenta! Ela disse o nome no início da aula...Qual era mesmo?"

"Afinal não sou a única desatenta." É verdade, eu tenho problemas de concentração, ou se calhar é só uma desculpa para disfarçar a minha distracção natural.

"O que é que queres? Posso não saber o nome dela mas já sei que ela é um seeccccaaaa. Olha para a cara de sono geral, nota-se que estamos a ter História! Olha para o Miguel" Olho e rimo-nos as duas. (Sim, toda a gente dorme nas aulas de História, pelo menos é o que os dois últimos anos testemunham, só que os primeiros sonos não costumam ser detetados tão precocemente, estão a bater o recorde!")

"Meninas aí! Não me lembro de ter dito alguma piada, querem dizer vocês?" Paramos o riso e ficamos paradas como múmias no museu. Este é o problema de estar tudo a dormir até os zumbidos das moscas se ouviriam, a sorte é que aqui não há moscas, nem elas aguentam a escola.

"Quais são os vossos nomes e números?" ("O quê? Mas nós só nos rimos?" Pensa o meu consciente, o que a minha boca não teve coragem de dizer e o que a minha cara feia espelhou.)

"Vitória n.23" "Ana nº1"

"Olhem que eu fixo muito bem as pessoas e os nomes!"

("UHUHUH Cuidado! Scary!" Esta aqui é das más! Já estamos marcadas!) A sorte é que toca e a professora desvia de nós a sua atenção.

"Mas afinal como é que a professora se chama?" Pergunto no meu tom mais próximo do murmuro para que ela, tendo o nome que tiver não me oiça. Risos acompanham a nossa saída por entre alunos sonolentos que numa espécie de sonambulismo conseguem chegar á porta de saída.

...

A tarde veio sorridente, este Sol está simplesmente perfeito! Estão a ver aquele Sol quentinho, as últimas dádivas que o mês de Setembro nos dá antes de derreter sobre nós um castelo de gelo, sabem? Ai! Estes raios de Sol é que sabem bem! Surpresa das surpresas: hoje, só por causa do Sol, deixamos a nossa mesa característica da sala dos alunos e viemos para debaixo das bancadas do campo de jogos, outra surpresa das surpresas é que estamos a jogar à sueca (afinal não é surpresa nenhuma) e a trabalhar para o bronze, por certo que nenhuma de nós deixará o seu branco característico, se nem o calor de Agosto conseguiu esse milagre, mas a esperança é a última a morrer.

My YouthOnde histórias criam vida. Descubra agora