"Olá!" Olho para cima e fico em estado de choque ao perceber que a minha mente não me enganou ao reconhecer aquela voz como sendo a da pessoa com quem eu menos queria falar agora, ou mais alguma vez na minha vida, a minha quase "irmã", quase "querida", quase... Simplesmente não respondo e continuo perdida na minha solidão a olhar a paisagem que passa à passagem do autocarro.
"Posso me sentar?" Ela senta-se mesmo sem eu dizer nada, não se porque é que perguntou, não sei porque é que ela está a falar comigo sequer, eu bem sei que sou o alvo preferido das suas piadas e que, por sua causa meia escola ficou a acreditar que o Harry me comeu e meia escola se riu de mim por causa disso, mas sinceramente não quero saber não importa o que digam de mim, importa o que eu faça daquilo que digam de mim, a única coisa que eu quero é que ela saia rapidamente....
"Eu sei que posso ter criado uma má impressão na noite em que nos conhecemos, mas... tens que admitir aquele ambiente era no mínimo estranho e eu fiquei desconfortável, por isso decidi pôr as outras pessoas a sentir o mesmo. Foi mau eu sei." Um pedido de desculpas, também vinha bem agora digo eu, mas já deve ser demais para ela, e também lhe falta admitir que anda a gozar comigo comigo nas costas como se com um palhaço do circo eu me parecesse. Continuo calada...
"Não tornes as coisas mais complicadas, eu sei que estive mal contigo... Já percebi que o melhor para todos seria se nos suportássemos pelo menos, por isso..." O silêncio permaneceu até a coragem me visitar e me ajudar a responder.
"Está bem!", respondo. Neste "Está bem" dever-se-á ler um " Tu és insuportável!", no entanto também é importante que se leia o aceitar de conhecê-la, o aceitar de tentar descobrir que ela não é assim tão insuportável, pode ser muito difícil, ou até mesmo impossível, mas eu sempre sonhei com o dia em que teria mais um "irmão", por mais insuportável que ele fosse. Por mais que ela me tenha feito, lutar contra ela é uma guerra na qual eu não quero entrar... "Está bem!" repito...Ela risse como se tivesse conseguido algo importante, um riso estranho não parece nada verdadeiro, parece totalmente vazio de sentimento e emoção, parece falso...Não comeces Vitória...
Quarta-feira 11 de novembro de 2015, dia de S. Martinho, uma vez que à quarta não tenho aulas é um dia igual aos outros. Se para mim este dia se manifesta com a quase insignificância de só significar castanhas assadas e pouco mais, para as gentes da minha terra é das festas mais importantes do ano, ninguém trabalha ou estuda, tudo pára para aclamar o santo que despiu a capa para abrigar um mendigo, é pena só se parar para ver e não se parar para aprender, mas essas são cruzes de outro rosário, como diria a minha avó.
"Ei lá pai...Hoje vamos ter visitas ou quê?" Pergunto eu ao meu pai vendo-o rechear um grande peru...
"Por acaso vamos, o Ricardo e a Sara vêm cá comer. Não te importas pois não?"
"Não, claro que não. Por falar nisso ontem não te contem mas ela veio falar comigo."
"A sério e correu bem? Ela voltou a tratar-te mal?"
"Não, por acaso até foi simpática, disse que tinha agido mal e assim, mas foi estranho..."
"Nestes últimos tempos ela anda a dar muitos problemas ao Ricardo, deve estar a tentar redimir-se, devias dar-lhe uma oportunidade...Ia-lhe fazer bem a tua influência..."
"Não sei pai, não sei, ela é tão esquisita, parece que está sempre a ser falsa, não sei..."
"Eu sei que deve ser difícil para ti...A única coisa que te peço é que não negues à partida a corrida que agora iniciais, é um longo caminho..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
My Youth
Teen FictionNa vida tudo acontece por Acaso, podendo o Acaso tomar vários nomes. Na vida tudo deriva de sonhos, sendo que sonhar nunca é demais. Na vida tudo tem um tempo: passado, presente ou futuro. Este é o tempo certo, pois hoje eu sou uma jovem com ASAS e...