INVERNO...
Harry procurou a porta da garagem e estacionou o carro. Subiu pela escada interior e entrou em seu apartamento novo. Fechou a porta, empurrando-a com um pé, deixou a carteira, e sentou-se no sofá.
Umas vintes caixas espalhadas no meio da sala, fê-lo recordar-se de suas obrigações. Tirou a roupa, colocou jeans e começou a esvaziar as caixas, colocando nas estantes os livros que nelas estavam. Ouvia o barulho na rua.
Horas mais tarde, quando terminou, dobrou as caixas de papelão, passou o aspirador de pó e acabou de arrumar a cozinha. Então, contemplou seu novo ninho.
-"Devo estar me tornando um pouco maníaco" falou para si, enquanto se dirigia ao banheiro. Uma vez ali, optou por um banho, ao invés de uma ducha.
Abriu a torneira, ligou o pequeno rádio que estava sobre o radiador junto aos armários de madeira, despiu-se e entrou- na, com um suspiro de alívio.
Enquanto Peggy Lee cantava Fever na 101.3 FM, Harry submergiu a cabeça várias vezes na água da banheira. Primeiro, chamou sua atenção, a qualidade sonora da canção que estava escutando, e depois, o surpreendente realismo estereofônico, sobretudo, tratando-se de um aparelho que suponha ser monofônico.
Prestando muito atenção, parecia que o estalido de dedos que acompanhava a melodia, vinha do interior do armário. Intrigado, saiu da água e aproximouse, sem fazer barulho. O som era cada vez mais preciso. Vacilou, respirou fundo e bruscamente abriu as duas portas.
Com olhos arregalados, deu um passo para trás. Escondido entre os cabides, havia um homem com olhos fechados, aparentemente cativado pelo ritmo da música, que acompanhava, estalando os dedos.
— Quem é você?? O que você faz aqui? — perguntou harry
O homem abriu os olhos, assustado. — Você me vê?
— Claro que o vejo!. Parecia absolutamente surpreendido pelo fato dele o vir.
Ele lhe disse que não estava cego nem surdo e tornou a perguntar-lhe o que fazia ali. Como resposta, ele disse que aquilo lhe parecia fantástico. Harry nada via de fantástico naquela situação, e, em tom mais irritado, perguntou-lhe pela terceira vez o que estava fazendo no seu armário àquelas horas da noite.
— Creio que não seja de sua conta — disse louis — . Toque meu braço! harry ficou desconcertado. O rapaz insistiu.— Toque meu braço, por favor.
— Não, não penso em tocar no seu braço. O que está acontecendo aqui??. Louis tocou a mão de harry e perguntou-lhe se ele sentia quando ele o tocava. Exasperado, confirmou, com firmeza, que o havia sentido quando havia tocado e que também o via e ouvia perfeitamente.
Depois, perguntou-lhe pela quarta vez quem era e o que fazia em seu armário. Louis ignorou completamente a pergunta e repetiu, muito feliz, que era fabuloso que o visse, ouvisse e tocasse.
Harry, que havia tido um dia agitado, não se encontrava com humor para brincadeiras.
— Já está bem, rapaz! Trata-se de um trote de meu sócio? Quem é você? Um garoto de programa para inaugurar o apto?
— Você é sempre tão grosseiro?? Acaso pareço puto? Harry suspirou.
— Não, não se parece com puto, mas está escondido no meu roupeiro, quase à meia-noite.
— Olhe, é você quem está nu e não eu! Harry cobriu-se com uma toalha, amarrando-a na cintura e tentou adotar uma atitude normal.
— Bem - disse, elevando a voz— , agora, paremos com o jogo. Você sai daqui, vá para sua casa e diga a Zayn que não teve graça alguma, nenhuma graça. Louis não conhecia Zayn e pediu-lhe que abaixasse o tom de voz. Mesmo porque, ele não era surdo; surdos eram os outros que não o ouviam. Louis ouvia perfeitamente.
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E Se Fosse Verdade... L.S
De TodoA historia passa em São Francisco . O jovem e belo Louis, estudante de medicina, sofre um acidente de carro, entra em coma e vai parar no mesmo hospital onde trabalha. Apesar de seu estado, Louis consegue, espiritualmente, voltar para o seu antigo a...