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Londres... Não sei descrever o que esta cidade me transmite. Sinto uma melancolia, uma tristeza, uma confusão. Não quero estar aqui...

Tento esquecer os sentimentos que tenho em relação à cidade, pois tenho de me concentrar para o que me espera. Sinto que não vai ser fácil.

No carro, a caminho do hotel, tento perceber juntamente com o André, o que temos preparado e o que pode fugir ao nosso controlo. A viagem é rápida, mas dá para resumir os pontos mais importantes e avisar o André sobre a direção que quero que a reunião tome. Tenho de ser eu a tomar as rédeas e não aceito que ninguém me tire isso. A reunião é minha, sou eu que tenho as cartas na mão.

Digo-lhe que me deixe falar, e que apenas comente se achar necessário. Esta malta já sabe que sou eu quem dirige as operações, por isso, não achará estranho. O André acena ou simplesmente responde com uns "hum hum", ou "ok" ou "nice"... Não está a prestar a mínima atenção ao que digo, mas já estou habituada.

Assim que chegamos ao hotel, a Rececionista, uma mulher lindíssima, de postura profissional e olhos doces, algo que não deixa indiferente o André, informa que foi deixado recado, para que nos juntemos ao grupo de malta porreira com quem vamos discutir assuntos sérios, para tomar um copo, antes do almoço. O Park Plaza Westminster Bridge é um hotel maravilhoso. Um edifício vidrado, com uma decoração excecional. Moderno, contemporâneo, com uma vista fantástica sobre o Big Ben. Tem um serviço de excelência, alta qualidade e tudo o que precisamos, seja para descansar, seja para uma reunião de trabalho. Não que eu esteja aqui para apreciar as vistas...

A reunião terá lugar às 14H00, na sala de conferências do hotel, o que nos dá tempo para confraternizar um pouco. Subo ao meu quarto e, antes de entrar, o André informa que descemos dentro de uma hora ao encontro marcado. Esperará por mim no hall do hotel.

Tenho tempo suficiente para mudar de roupa, e passar os olhos nos pontos principais desta reunião (outra vez). Ainda consigo falar com a Soraia, saber o que se passa no escritório e dar-lhe mais algumas indicações. Como era de esperar, a Vera está a fazer uma telenovela mexicana, sobre a nossa viagem e está a deixar o pessoal do escritório em ponto de rebuçado. Nada que eu não estivesse à espera, pois conheço bem a Vera e sei do que ela é capaz de fazer, quando abre a boca. Bem, não sei de TUDO o que faz com a boca, mas sei que quando começa a falar, só sai o que não deve.  Termino a conversa com a Soraia, tranquilizando-a sobre a Vera e a sua boca, dizendo que tratarei do assunto assim que terminar a reunião.  

Queria ter tido oportunidade de falar com o André sobre a sua "confissão", mas acho que é melhor esperar. Não podemos distrair-nos neste momento, muito menos quando o tópico é o amor.

A voz do Redfoo e a sua célebre música "I'm sexy and I know it" enche o quarto. É o André claro, só tenho esse toque para ele e ele nem sonha. Atendo rapidamente e ele informa-me que vai descer. Parece que vão lá estar todos os integrantes da reunião.  A "presença mistério" só deve chegar mesmo na hora marcada... Que pena. Suspiro. Não sei se de alívio, se de frustração. Quero mesmo saber o porquê de tanto segredo.

Pergunto novamente ao André se já sabe de quem se trata, mas ele não responde. Evasivamente diz-me para não me atrasar. Que irónico. O André a pedir pontualidade... Tenho a certeza absoluta que algo se passa, está tudo muito estranho. Estranho demais para o meu gosto. 

Desço às 11H00 em ponto. Não vejo o suprassumo da batata. Mas ele não disse que ia descer?  Volto a olhar o relógio, para ter a certeza de que cheguei a horas. Será que o André se perdeu no caminho entre o seu quarto e o hall? Passo nova revista ao aglomerado de pessoas que se estende pela vasta entrada.

Corações InquietosOnde histórias criam vida. Descubra agora