- Ow ow ow! - o Jason virou-se para mim pela terceira vez naquela noite - Não podes ser mais cuidadosa?! Estás a pressionar com tanta força!
Revire os olhos.
- Bem, se não fosses tão impaciente, teimoso e chato, porque pareces uma criança, eu já tinha acabado!
- Precisas de relaxar, baby - ele falou num tom arrogante e com um sorriso nos lábios
- Não sou a tua baby! - arqueei a sobrancelha e murmurei - Agora senta-te e não te mexas - voltei a pôr o álcool numa toalha e passei na pela rasgada.
Ele quase não se mexeu, finalmente tinha me ouvido pela primeira vez e manteve o corpo dele quieto. Uma coisa é ser impaciente, outra coisa é ser grosseiro, especialmente quando era uma provocação.
Isto tudo tinha-me dado uma dor de cabeça, e eu estava prestes a perder a cabeça.
Tudo começou quando ele se deitou na minha cama, como se fosse dono disto tudo, colocando as mãos atrás da cabeça, enquanto olhava para a tv.
Cruzei os braços contra o peito e franzi os lábios, enquanto olha para a parte lateral da cara dele.
- Tira uma foto que dura mais tempo, baby - ele sorriu, ainda com os olhos postos na tv
Eu não achei nada divertido e nem um sorriso lhe dei.
- És retardado?
- O quê? - ele tirou os olhos da tv
- Perguntei se eras retardado?
Ele torceu os lábios numa forma de confusão.
- Isso é alguma piada com rasteira? - ele inclinou a cabeça
Arg, porque é que ele era tão idiota?
- Vou levar isso como um sim - revirei os olhos e peguei no comando para desligar a tv.
- Hey! Eu estava a ver! - apontou para a tv
- Minha casa, meu quarto, minha tv - levantei o comando no ar - Meu comando
- Então? Eu estou ferido! Tens de me dar um desconto!
- Eu não tenho culpa que tenhas decidido ser esfaqueado! Também não minha culpa que sejas o "Perigo" e tenhas um monte de inimigos!
- Eu prefiro os inimigos a longo prazo - ele respondeu amargamente
Lutei contra a vontade de revirar os olhos novamente.
- O que é que isso importa? - olhei para ele
Ele passou os dedos no cabelo e olhou para mim.
- Sabes que és frustante?
Ri-me, ele não tinha acabado de dizer isto.
- Eu? Eu sou frustante? - apontei para mim mesma - Eu?! - dei enfâse ao eu
Os meus olhos arregalaram-se quando ele assentiu.
- Acho que és a unica rapariga para quem eu estou a olhar - ele enfiou as mãos nos bolsos das calças dele
- Se alguém aqui é frustante és tu! - eu apontei o dedo para ele - Tu nem percebes as coisas que fazes!
- O que é que eu faço? - ele lançou-me aquele olhar - Vá diz-me
- Bem, para começar és bipolar
- Como é que eu sou bipolar?! - ele rosnou
- Assim mesmo! Ficas com raiva do nada! - suspirei
- Como é que eu não posso ficar com raiva se me estás a acusar de merdas que não são verdade!
- Negação - olhei para ele - Primeiro sinal de ser bipolar
- Isso é para toxicodependentes, génio - ele fechou os lábios
- Como se não usasses drogas.. - revirei os olhos - Bem, como queiras, babe - eu usei as palavras dele e revirei os olhos
- O que é que eu disse sobre essa merda?!
- Ham? Sobre o quê? - falei irritada
- Isso, de rolares os olhos como uma vadia - ele aproximou-se de mim
- Não és meu pai, não me dizes o que fazer - revirei os olhos propositadamente
Ele olhou para mim e respirava rapidamente, o peito dele descia e subia. Antes mesmo de perceber o que se passava, ele agarrou os meus pulsos e prendeu-me contra a parede do meu quarto em poucos segundos e aproximou o rosto dele do meu.
- Que estás a fazer? - sussurrei, chocada pela maneira violenta dele
- Ensinar-te uma lição
Eu mantive a minha boca fechada, imaginando o que ele me poderia fazer, ele não me ia magoar.. ou ia? Olhei para baixo e vi de novo a mancha vermelha que me chamou à atenção.
- Estás a sangrar outra vez!
Ele afastou-se um pouco de mim e olhou para baixo.
- Merda
- Deixa-me ir buscar o kit, senta-te na cama - afastei-me dele e fui buscar uma toalha à casa de banho, voltei e vi o Jason sentado na cama.
- Uau, finalmente fizeste uma coisa que te pedi - ri-me enquanto me ajoelhava ao lado dele na cama
- Não comeces - ele murmurou
Peguei na toalha e limpei o sangue.
- Podes me fazer uma sandes?
- Desculpa? - levantei as sobrancelhas e abri a boca
- É melhor fechares a boca baby, não quero que fique seca, lembra-te que tem de ficar húmida.. sabes, para futuros acontecimentos - ele piscou-me o olho e virei a minha cara em forma de nojo
- O que é que acha que eu sou?! Uma cabra? - ele estava a testar a minha paciência - És nojento.
- Só te estou a dar umas dicas - ele encolheu os ombros, como se tivesse acabado de dizer uma coisa normal.
- És inacreditável - murmurei com raiva
- Já me disseram.. - ele olhou para mim com aquele olhar que me faz vomitar.
Não literalmente...mas pronto.
Eu bufei, ignorando-o. Alguns minutos passaram-se até que o Jason falou outra vez.
- Já está?
- Uhm - balancei a cabeça sem prestar atenção nenhuma
- Baby?
- O quê? - olhei para ele
- Estás a ouvir o que estou a dizer?
- Sim - balancei a cabeça
- Então o que eu disse? - ele cerrou os olhos
- Sei lá - suspirei, com ele não podia haver rodeios
- Eu acho que tu me disseste que me estavas a ouvir!
- Bem, eu acho que tu estás errado - fingi um sorriso
- Sabes que és uma vadia não sabes? - ele falou com raiva e fechou os lábios, o que queria dizer uma coisa, ele estava mesmo irritado.
- E tu és um idiota! - cuspi as palavras, eu tambem podia entrar no jogo.
- Que tipo de jogo estás a tentar fazer comigo? - ele olhou para mim
- Eu não estou a tentar fazer nada! A única coisa que eu estou a tentar fazer é limpar-te, mas és muito lento para perceber o que isso significa
- Eu não consigo ficar quieto muito tempo! Talvez se fosses mais rapida já tinhas acabado
- Ah, só se te calasses! - levantei a minha voz
- Como é que eu me posso calar se tu estás sempre a agir como uma puta?! - ele falou alto e tinha a cara vermelha de raiva
Congelei e arregalei os olhos.
- O que é me acabaste de chamar? - sussurrei
- Tu ouviste muito bem - ele riu-se - Chamei-te de puta
Mordi o interior da minha bochecha, e olhei para longe. Se as palavras matassem eu já estava morta. A tensão entre nós cresceu. Tentei quebrar o gelo com algumas palavras sauves, mas nada funcionou. Ninguém o tirava do pensamento dele. Acabei de enfaixar o sitio ferido dele e guardei tudo dentro do kit.
- Já está!
- Obrigado - ele falou seco
- Na boa - suspirei, e tentei nao falar tão seca como ele. Deitei o lixo numa lata que tinha no quarto. Quando estava prestes a virar-me senti a minha respiração parar, quando senti os braços dele a envolverem a minha cintura.
- Desculpa - ele murmurou no meu ouvido
Eu simplesmente balancei a cabeça, sem dizer nada.