Finalmente, depois de parecerem horas, o carro parou num parque de estacionamento, olhei pela janela e vi as palavras "Perry's Palace"
Como é que era possivel? Não sei. Tirei o cinto de segurança e olhei para o Justin, arqueei as minhas sobrancelhas. Mas afinal íamos sair ou não? Ele olhou para mim.
- O que foi? - cuspiu as palavras
- Vamos ou não? - lutei contra a vontade de revirar os olhos, se eu pudesse esmurrá-lo agora, eu ia fazê-lo.
- Sim - ele tirou a chave da ingnição e saiu do carro.
Suspirei e abri a porta quase batendo no passeio.
- Cuidado - ele rosnou - Este carro custa mais do que tudo o que tens
- É bom saber - arqueei uma sobrancelha e falei sarcasticamente
- Atitude míuda - ele olhou para mim de lado e abanou o dedo na minha direção
- Como queiras - revirei os olhos
Ele começou a andar e abanou a cabeça em sinal para eu o seguir, e assim o fiz contra a minha vontade. Assim que chegámos lá dentro, andámos até ao fundo do restaurante. Ele parou de repente e eu bati nas costas dele e levei a mão à minha testa-
- O que f- - comecei a reclamar quando eu ouvi outra voz, uma voz grossa, vinda do outro lado
Ele era alto, cerca de um centimetro mais alto que o Jason, se não forem da mesma altura. Tinha o cabelo castanho escuro e olhos verdes. Aqueles que hipnotizam só de olhar. Tinha um aspecto musculoso e um rabo de morrer. Embaraçoso de admitir, mas era melhor que o meu. E não é justo.
Apertei os lábios e olhei para Justin e senti imediatamente tensão entre eles o dois.
- Perigo - ele riu-se - É bom ver-te por aqui
- Agora não - Jason disse entre dentes e falou baixo e por um momento vi um flash da morte nos olhos dele
Os pelos do meu braço levantaram-se logo.
- Então quando amigo? Quando estiveres com os teus homens por perto?! - ele ajeitou a postura e aproximou-se mais de Jason, parecendo ainda mais intimidante.
Jason aproximou-se ainda mais, deixando de haver espaço entre eles. As veias nos pescoço dele começaram a aparecer.
Jason fingiu uma risada.
- Eu podia acabar contigo com as minhas próprias mãos - sussurrou
Ainda houve algumas trocas de palavras entre eles, até o outro se ir embora. Jason agarrou no meu cotovelo e levou-me para uma mesa, para nos sentarmos. Sentei-me à frente dele e pude reparar nos nós brancos nos dedos dele.
- Quem era? - sussurrei, sem querer deixá-lo ainda mais irritado. A ultima coisa que eu queria era deixá-lo ainda pior.
- Alguém com quem eu já fiz uns negócios - falou sério
Mordi o lábio não querendo adiantar mais assunto. Olhei para cima e vi uma empregada, que estava à espera dos nossos pedidos.
- Querem alguma coisa? - ela sorriu para nós, e eu sorri em troca. Eu ainda nem tinha visto o menu, mas já sabia o que queria.
- Quero frango com batatas fritas
O Jason riu-se e eu olhei para ele. Ele acabou de rir e voltou a olhar para a empregada.
- Eu quero um cheeseburguer e batatas - ele fez o seu melhor sorriso
A empregada corou e afastou-se.
- Mulherengo - revirei os olhos e murmurei
- O quê? - ele virou a cabeça para mim
- Eu disse que eras um mulherengo! - arqueei a sobrancelha e sorri-lhe de lado - Ouviste agora?
- Porque é que eu sou um mulherengo? - ele riu-se
- Porque acabaste de namoriscar com uma raparia a meio de um encontro, é simpl-
- Whoa whoa, shawty - ele pôs as mãos a minha frente
Dei-lhe um olhar de despreso.
- Quem disse que isto era um encontro? - ele olhou para mim de lado e sorriu
- Bem.. mas.. não importa - corei logo
Ele riu-se baixo e abanou a cabeça.
Era possivel odiar alguém de um momento para o outro? Não? Bem, acho que este era um novo recorde. Ficamos sentados em silencio durante o resto do tempo e a empregada voltou com a comida. Ela deu-nos a comida e foi-se logo embora.
Muito bem sua cadela, muito bem.
Peguei numa batata frita e coloquei-a na boca, e depois outra e mais outra e quando percebi já tinha acabado com as batatas. Jason riu-se e sacudiu a cabeça.
- Qual é a graça agora? - suspirei
Ele riu-se e eu fiquei ainda com mais raiva do que já estava antes.
- Tu és tão chato! - cruzei os braços
- Desculpa é que.. eu não acredito que pediste frango e batatas! Eu comia isso quando tinha cinco anos! - ele começou com outro ataque de riso
Ok. Não tinha assim tanta piada. Eu revirei os meus olhos pela centésima vez naquele dia. Ignorar era a melhor opção.
Peguei noutra batata e ele tambem estava a comer as dele.
- Tu és tão hipócrita! - apontei para ele
- O quê? - ele olhou para mim com um olhar confuso
- Tambem pediste batatas! - apontei para elas
- Não, estas batatas são fritas, são muito diferentes - ele balançou a cabeça
- Não! Sao iguais às minhas!
- Não para mim não são! - ele abanou a mão
Simplesmente deixei-me ficar no meu sitio para não partir para a violência, porque né. Comi um bocado de frango e bebi, mas o Jason ainda nem tinha tocado na comida.
- Hey
Ele olhou para mim.
- Não vais comer? - franzi as sobrancelhas
- Não tenho muita fome - encolheu os ombros
Homens e as suas poucas palavras.
- Então porque pediste? - olhei para ele
- Porque pensei que tinha fome - lambeu os lábios - Ouve já comeste?
Olhei para o prato antes de poder dizer alguma coisa. Ele levantou-se e tirou a carteira das calças dele. Tirou umas notas e enfiou debaixo do meu copo. Pegou no meu pulso e puxou-me para fora do restaurante.
- Ah, qual é a pressa?! - olhei para ele e ele apenas me largou - JASON PÁRA!
- O quê? - ele olhou para mim
- Eu ainda não tinh acabado de comer! - eu reclamava como uma criança de cinco anos. É eu sei, mas não me podia culpar eu sempre comi bem!
- Então eu arranjo alguma coisa para ti depois no caminho de volta - ele entrou no carro e eu entrei no meu lado
- Caminho de volta para onde?
- Põe o cinto, não tenho tempo para as tuas perguntas irritantes - murmurou e ligou o carro, saindo do estacionamento. Fiz como ele me disse. Eu estava desesperada por perguntar o que ele queria dizer com aquilo, mas mantive a minha boca fechada. Depois de alguns minutos e voltas e mais voltas, ele parou o carro em frente a um armazém velhho e sujo.
Não sabia se havia de:
a) ficar assustada
b) fugir quando puder
c) esperar para ver o que ele está a preparar
