Capítulo 06

800 34 0
                                    


Júlia respirou fundo. Fechou os olhos e contou mentalmente até dez. Quando abriu os olhos encontrou o olhar confuso de Anahí. Soltou o ar pela boca e pegou nas mãos da loira. Teria que ir com calma, sabia o que aquela pessoa significava para a loira. Era sua única família.

- Any... Bem, como vou lhe falar isso? – torceu a boca para um lado e depois para o outro, suspirou. – Ligaram há pouco para casa e bem – respirou fundo, estava com receio de dar a noticia a amiga – sua avó caiu do cavalo ao anoitecer e... – Anahí soltou as mãos da amiga e correu para dentro do hospital. Julia a chamou, mas ela não deu atenção. Foi atrás de Anahí e ela gritava com a recepcionista.

- Como que é proibido visitas? Eu sou a neta dela! – bateu com as duas mãos no balcão. Júlia tocou em seu ombro. Anahí abraçou a amiga deixando algumas lágrimas caírem – Eu vou ver a minha avó e ninguém vai me impedir!

- Calma Any, gritando não vai resolver nada – disse enquanto acariciava as costas da amiga. – Vou falar com a recepcionista e logo vamos subir para ver a dona Alicia.

Logo Júlia conseguiu a liberação para que fossem até o quarto em que Alicia estava. Ao entrar no quarto Anahí correu até a avó que a recebeu com um sorriso. Amava demais a avó e ela era seu porto seguro, sua única família. Desde seus treze anos que morava com a avó, e com ela veio o incentivo de saborear muitos homens antes de escolher um para chamar de seu. A princípio Anahí achou estranho, tinha treze anos e já iniciava a vida sexual. Mas depois de algumas noites, a cada dia sentia-se mais necessitada de algo ou alguém para lhe saciar. Com isso vieram os vibradores e as posições sexuais mais prazerosas, porém eram poucos que queriam usufruir de brinquedinhos com ela.

- Como aconteceu vovó? A senhora sabe que não pode cavalgar e...

- Ei, está tudo bem meu amor – tocou no rosto da neta. Anahí levou as mãos até ali, segurou a mão da avó entre as suas e beijou – Ainda terá que aguentar por muitos anos essa velha chata aqui.

- Não diga bobagens vovó! – beijou demoradamente a bochecha da senhora de cabelos grisalhos – Eu preciso da senhora aqui...

- Não estarei aqui para sempre minha pequena – acariciou o rosto da neta, tocando-lhe o queixo, segurando ali – minha doce menina – Anahí abraçou a avó com força e enxugou uma lágrima que caia – Não chore Any... Sempre estarei contigo, sempre te amarei, independente de onde eu estiver – ela olhou para a vó negando com a cabeça, ia falar algo, mas a avó tocou-lhe os lábios com o dedo indicador da mão esquerda – Não diga nada, apenas escute – Anahí assentiu – Eu já não sou mais tão nova, a qualquer momento posso partir. Eu apenas quero que nunca, nunca deixe de sonhar, de sorrir e de ir atrás de sua felicidade, prometa-me. – ela sussurrou um "prometo e Alicia sorriu para a neta – Você vai sair por aquela porta e ir se divertir, a noite é uma criança! – piscou para a neta.

- Eu não vou sair daqui vovó...

- Vai sim, e isso é uma ordem! Aqui há muitas enfermeiras e médicos gatos, estarei bem cuidada. Vá em busca de sua felicidade – beijou as mãos da neta – muito em breve encontrará o seu número...

- Há meses que me diz isso vovó e até agora não encontrei ninguém que me agrade, que me deixe extasiada de prazer, amor... – deu de ombros e suspirou.

- Ele existe e pode estar mais próximo de você do que imagina – afagou os cabelos loiros dela – agora vá! Tem uma boate na saída da cidade lhe aguardando!

Anahí negou-se a ir aquela noite. Dormiu ali ao lado da cama da avó. Levou várias broncas por isso, Alicia alegava que Anahí estava atrapalhando sua noite quente com algum medico que desse bola para ela. A loira se divertia com as piadas da avó que fingia estar frustrada, pois os médicos entravam ali no quarto e davam em cima da neta ao invés dela.

Na noite seguinte não teve jeito. Alicia bronqueou até que Anahí aceitou sair e ir curtir a noite. Havia apenas quebrado uma perna, nada do que Anahí precisasse se preocupar. Esta noite Anahí iria tentar se divertir na boate que a avó tanto insistia que ela fosse. Era um local onde iam pessoas de uma classe inferior, menos privilegiada. Alicia sorriu assim que a neta saiu do quarto. Será que agora o planos deles daria certo? 

Besos de Fuego - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora