Capítulo 30

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Dormir aquela primeira noite longe dela parecia impossível para Alfonso. Há horas que revirava na cama, não encontrava uma posição confortável, e a imagem da loira sobre si vagava em sua mente. Para ajudá-lo, o cheiro dela estava impregnado em seu corpo, em seu quarto, em sua oficina.

A todo lugar que fosse a lembrança dela estava lá. O que fazer sem ela em seus braços?

- Maldita seja besos de fuego! – praguejou esmurrando o travesseiro.

Deitado de barriga para cima, com as mãos sobre a cabeça, ele fitou o teto por um instante e fechou os olhos. Como em um passe de mágica, a silhueta de uma loira sobre si, rebolando em seu membro mais uma vez vagou em sua mente. O moreno gargalhou alto e sentou-se na cama.

Seria inútil. Esticou o corpo e discou um numero, porém ninguém atendeu. Precisava de algo que o distraísse, como se isso fosse possível, ou acabaria enlouquecendo. Voltou a discar, desta vez outro, demorou até a pessoa decidir atender.

- Espero que seja algo muito, realmente muito urgente para estar me ligando a essa hora Alfonso! – falou com a voz arrastada e rouca, devido ao sono.

- Eu provei da droga mais viciante e agora estou em abstinência total. Não sei onde mora, o que faz... – suspirou - Muito menos o nome. Preciso dela, preciso prová-la novamente, ter aquelas sensações, o prazer.

- O que? Está me ligando por causa de algo que tomou? – ele perguntou incrédulo - Vai se ferrar!

- É sério Felipe, você precisa me ajudar.

- Na sua casa tem relógio?

- Tem, porque a pergunta?

- Veja que horas são, vai dormir Alfonso. E me deixa dormir também. Foda-se essa sua droga! – disparou irritado e desligou.

Segurou firme o celular nas mãos e pensou em arremessá-lo contra a parede, mas se fizesse isso, não teria dinheiro tão cedo para comprar um novo. Suas economias estavam naquele modelo de um iPhone 5S comprado a singelas 12 prestações.

Por não conseguir dormir, optou por vasculhar na internet em busca de alguém que se intitulasse de "besos de fuego". Procurou por horas e nada encontrou. Se a intenção dela era de se esconder, sem que ninguém soubesse sua identidade, havia conseguido. Mas se a visse pelas ruas com certeza a reconheceria de longe. Talvez devesse sair batendo de porta em porta em busca de sua musa, porém isso seria algo que demoraria meses, até que percorresse toda a cidade. Teria de esperar até ela decidir vir buscar o carro. Isso se fosse ela que viesse pegá-lo. Rezaria para que sim.

Quando por fim parecia estar conseguindo pegar no sono, já estava clareando o dia. Não soube por quanto tempo dormiu, acordou com a campainha tocando insistemente. Levantou num pulo, na esperança de ser ela em busca do carro. Na esperança, nem vestiu-se, foi atender como estava, com uma cueca samba canção. A seduziria para seu quarto, usaria as algemas que estavam guardadas em sua cama e a prenderia na cabeceira. Dali não sairia nunca mais. Ela seria sua, somente sua.

Ao abrir a porta sorriu ao ver a silhueta de uma mulher, mas logo o sorriso morreu. Não era ela. A mulher era morena, tinha curvas, mas não tão bem definidas como a sua loira. Aquela mulher a sua frente o olhava observadora.

- Alfonso? – a mulher lhe sorriu.


Besos de Fuego - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora