NADA ALÉM DA AMIZADE

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(Em memória de Alexandre Rogério Pereira Lemos, nascido em 25/08/1971, falecido em 10/03/2016 )

Já havia ditos em outros escritos meus que texto bom é aquele feito com sangue, posto ser o mais próximo da vida, se não o fiz peço desculpas e o faço agora nessa sentença anteriormente exposta. Acrescento, ainda, que por suas peculiaridades próprias a crônica é a modalidade textual que por excelência devia-se pautar por aquela máxima que preguei inicialmente.
Pois bem, hoje é desta forma um dia perfeito para eu escrever uma bela crônica, falando daquilo que tenho certa dificuldade em fazer, tratando de fazer um discurso "apológico" em homenagem póstuma a um colega de atividade de nome ALEXANDRE ROGÉRIO PEREIRA LEMOS, mas cuja temática central é o valor que deve ser atribuído ao ser humano em nosso convívio.
Era mais ou menos assim que estava pensando a forma inicial a qual daria a meu escrito quando conseguisse uma hora durante os rotineiros dias corridos para me pôr a fazer o que amo: escrever, enquanto dirigia meu Ford pela avenida Brasil. Entretanto as memórias me trouxeram a consciência o dia em que eu comecei o exercício como servidor nesta Comarca de Redenção, dá surpresa em relação a estrutura, e de ver uma pessoa, que mais tarde descobri ser Alexandre, a correr pelo prédio com cara de mil sorrisos enquanto realizava mil e uma tarefas. Sim, pode parecer hiperbólico, mas lhes garanto que não seria o caso, é literal, seja no que se refere a tarefa ou a sorriso.
Sim, por que se tinha algo marcante no biótipo de Alexandre, além de seu topete sempre bem alinhado, era seu largo, espontâneo e constante SORRISO.
Ele também era daqueles que adoravam um bom bate-papo, e seus papos, por sinal, eram sempre bem animadores e otimistas. Nunca o vi triste.
Ah, tá! Quase me esquecia de uma coisa fundamental para você que me lê: O Porquê estou fixo com o pensamento num colega de trabalho? Antes que pensem mal devo lhes relatar que não sou do tipo que tem tendência homo afetivas. E, a despeito desta frase, o que vou tratar aqui não é para provocar graça, é bem sério, muito embora acredite eu que meu nobre colega não ficaria chateado se ao lembrássemos dele o fizesse com o belo e aberto sorriso. O fato é que hoje acordei tendo que processar a notícia de que meu colega, que já se achava a muito internado por ter contraído, já fazia um certo tempo, uma doença cardíaca grave, havia falecido. Mas, não queria aqui fazer um discurso referindo-se à morte.
Certo é que tal fato me surpreendeu por demais, pois se você o visse trabalhando, como eu o via, chegaria a conclusão preconceituosa, como percebo que foi o que se deu comigo desde quando eu iniciei minhas atividades aqui, de que ele nenhum problema tinha.
Eu mesmo constantemente estava recebendo auxílio e conselhos dele a respeito de como melhor fazer as coisas funcionarem. Ele sabia o quanto de trabalho havia me dado quando me nomearam para o cargo de Secretário da Direção. Daí vem outro traço marcante, sua sensibilidade em face dos outros colegas, e até mesmo em face de fosse quem fosse.
Contrário ao que se é comum, ele embora se preocupasse muito com a boa aparência e com trajes bem gomados e dispostos, não se prendia a apenas isso e jamais se esquecia de ser prestativo, simples e atencioso fosse ou não de sua atribuição, estivesse ou não em seu horário de atividade, soubesse ou não o que fazer. Ele era o homem do dava-um-jeito e realizava, coisa pouco o nada comum nas repartições de serviço público. Ainda que doente, ele não demonstrava, ou reclamava, ou, pasmem, faltava ao trabalho.
Agora já não está entre nós, já não pode ser mais uma referência do cotidiano, mais lhes afirmo que ser humano assim deixa evidente que o valor humano vai muito além do alardeado jeito de ser posto midiaticamente para nós todo santo dia, ou que nós estamos cotidianamente fadados a ver em nosso tipo de atividade, o sujeito do apenas faço caso se tenha algo em troca que não seja tão somente a amizade. Parabéns aos poucos, raros e cada dia mais extintos ALEXANDRES.

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