Não me venha com o termo mutirão. Dirigir-me essa palavra põe termo ao qualquer futura, ou mesmo passada, hipótese de confiança que eu possa ou poderia vim a ter no sujeito. Digo mais, mutirão não foi um termo pensado para se tornar corriqueiro e mesmo o seu belo sentido original de fazer um trabalho conjuntamente e sem retorno pecuniário se perdeu a muito no tempo.
No espaço de hoje ele é um técnica usada quando se quer fingir que se importa e que se quer fazer alguma coisa ainda que não se tenha condições reais para isso. Como se dissessem: - Não temos, mas não nos falta vontade!
Ao meu ver, como já subtendido: Ele é o fingir de uma vontade e isso é para mim como se vontade não houvesse.
Na esfera da meu trabalho vejo mutirão com frequência e, com essa mesma frequência, vejo os parcos frutos que dele se pode colher. No geral, os mais relevantes são justamente os frutos podres, que na teoria do direito invalida as premissas, o que neste caso ao contrario parece não haver preocupação alguma se há ou não muitos frutos podres e se eles estragaram ou não o resto dos frutos. É o famoso pacto da hipocrisia que é posto por alguns professores e aceito por muitos alunos: Eu finjo que ensino e vocês que aprendem! Adequações feitas a sentença ficaria: Finjo que quero resolvo não importa como e vocês fingem que isso basta para resolver.
Não se visa solucionar o problema, aqui, e nem por cabo definitivo nele para se passar a novos problemas e sair de um atoleiro temporal. Atoleiro porque vivemos a anos e anos no mesmo momento do tempo e sem dar se quer um passo a frente. Isso cheira como algo tão irracional, destruindo até mesmo nossa subjetividade emocional e nos fazendo estúpidos impotentes, mas, isso não importa, desde que alguns se mantenham no no poder.
Outro fator é a disseminação da falsa ideia que se impregna no senso comum de que autoridades, empresários, entidades e outros têm uma preocupação sobremaneira com os serviços sob suas responsabilidades e que estão fazendo tudo ao seu alcance.
Contudo, fazem esconder que essa técnica não, nem nunca poderá, solucionar o problema, porque paliativa e provisória, prescindindo uma futura ação que de fato resolva o problema. E, mais revelante, que mutirão é uma técnica que põe a mostra justamente o não levar a sério os serviços que deveriam, por lei, ser prestados a toda a sociedade.
O pacto envolve todos os que deveriam hipoteticamente levar luz e criticidade à comunidade, às pessoas, aos cidadãos.
É isso que vejo quando abro todos os jornais que tive o desprazer de pôr as mãos aqui em nossa querida cidade de Redenção. Eles deixam bem claro serem do tipo mercenário, que visam dinheiro e nada mais. E na mesma linha de pensamento estariam também os programas televisivos, de rádios, e outros tantos.
Havia mesmo denúncias de que a mídia local supostamente faria essa ou aquela propaganda boa ou má seguindo a diretiva de ter ou não seu nome na folha de pagamento desta ou daquela entidade publica. Tudo ficava no mundo do vil metal, e muita abaixo de causas nobres e humanas.
Por essas poucas e relevantes razões tenho aversão extrema à implementações de mutirões, seja onde seja. Sei que muitos curtem, particularmente atualmente, um dos traços preponderante do mutirão que consiste em sua dimensão circense de animação e show business, e esse é outro problema sério que tratarei noutro momento oportuno.
Perdoe-me os ofendidos e os que não gostam de atitude crítica, mas, sou desses que sempre preferi optar pelas respostas mais profundas e que atacam a origem do problema para não mais ter que ficar revirando e revirando cegamente e sem efeito prolongado ou mesmo definitivo. Afinal, o caminho mais curto, adverte os contos, nos levam sempre a ciladas fatais.
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CRÔNICAS EM BRANCO
AcakTextos de temáticas diversas sobre o prisma crítico e analítico das ideias e comportamentos cotidiano dos homens e mulheres de meu dia a dia.