Capítulo 12 RIO ESTIGE

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   Não havia nenhum barqueiro para ele, nem mesmo um barco. Ele foi arrastado
pela água de gelar do Rio Estige, puxado em direção a qualquer que fosse a punição que
o esperava pela vida levou.


Ele poderia tentar alegar que ele era um homem de motivos puros, tentando
pregar o sentido no mundo, mas nem mesmo ele sabia se isso era verdade. Ele tinha
descartado a simples ideia da existência de deuses e foi desprezado por seus
adoradores. Todos eles tinham sido motivo de piada para ele—mas se ele tinha alguma
coisa que ele tinha aprendido com as últimas seis horas, era que esses deuses não
tinham senso de humor.


Coitado, ele pensou consigo mesmo enquanto era puxado pela corrente gelada.
Se Alabaster não fosse um inimigo dos deuses, Claymore poderia ter sido recebido como
um herói por salvar a vida do garoto.


Mas o destino tinha um plano diferente para ele. Quando ele estivesse
enfrentando seu julgamento, ele também teria que ser punido por ajudar um traidor.
Era irônico, de verdade... Ele morreu fazendo algo bom, mas ele podia ser
condenado a uma eternidade nas trevas. Este tinha sido o seu medo desde a infância,
morrer e ser rejeitado pelo céu.


É claro que, mesmo enquanto estava boiando em águas geladas, ele tinha um
sorriso no rosto.
O fato de Alabaster não estar fazendo esta jornada com ele disse-lhe uma coisa:
Lamia não tinha matado o garoto. Sem um refém o impedindo, com certeza Alabaster
tinha lido o feitiço por pura raiva e derrotado Lamia.


E isso era o bastante para deixar Claymore satisfeito, não importava o castigo que
os deuses decidissem.
Ele riria por último agora, e pelo resto da eternidade.
Mas, surpreendentemente, o destino não se desenrolou dessa forma. Acima dele
na escuridão, uma luz cintilou cada vez mais brilhante e mais quente. Alguém estendeu
a mão para ele—uma mulher estendeu a mão para ele através da escuridão. Sendo um
homem lógico, ele fez a coisa mais lógica. Ele a tomou.



Assim que seus olhos se adaptaram, ele viu que estava em uma igreja. Não a
igreja santa reluzente do paraíso, mas uma em condições precárias. Era a mesma capela
imunda, coberta de poeira que ele tinha visto em seus sonhos. E orando no altar estava
a jovem mulher em roupas cerimoniais—a mãe de Alabaster, a deusa Hécate.
"Suponho que você esteja esperando que eu lhe agradeça," Claymore disse. "Por
salvar minha vida, é isso."


"Não," Hécate disse, solenemente. "Porque eu não salvei sua vida. Você ainda
está morto."
O primeiro instinto de Claymore era argumentar, mas ele não o fez. Não era
preciso ser um gênio para descobrir que seu coração não estava batendo. "Então por
que estou aqui? Por que você me trouxe a este lugar?"


Ele se aproximou do altar e se sentou na poeira ao lado de Hécate, mas ela não
olhou para ele. Ela manteve seus olhos fechados e orou. Seu rosto era como uma
estátua grega—pálida, linda, e sempre jovem.


"Eu os salvei," ela disse a ele. "Ambos os meus filhos. Você vai me odiar por isso."
Ambos... Ela tinha salvado Lamia...


Claymore imaginou que não era prudente gritar com uma deusa, mas ele não
pode evitar. "Você disse a Alabaster que não podia interferir!" ele exigiu. "Depois de
tudo que eu sacrifiquei para ajudar o garoto, você entra no último momento e salva o
monstro?"
"Eu não quero que mais nenhum filho meu morra," Hécate disse. "A solução de
Alabaster teria funcionado. Graças a sua morte altruísta, ele teve tempo de recuperar o
livro e achar o feitiço. Era um encantamento de ligação—o inverso de um feitiço
concebido para curar e fortalecer um corpo vivo. Se ele tivesse o lançado em Lamia ela
teria sido reduzida uma pilha de pó preto, mas não teria morrido. Nem teria se
regenerado. Ela teria permanecido viva na forma de uma pilha de pó preto para sempre.

Filho Da Mágia -filho do RickOnde histórias criam vida. Descubra agora