Claymore estava cansado de correr.
Seu jovem amigo Alabaster parecia poder continuar por quilômetros apesar de
estar carregando uma espada de mais de quarenta quilos. E Alabaster tinha estado
resistindo aos ataques de Lamia por semanas.
Claymore era outra história. Depois de fugir de Lamia por apenas algumas horas,
ele estava prestes a ter um colapso. Meio-sangues deviam ser feitos de um material
mais resistente do que o dos humanos.
Alabaster cruzou a sala de estar. Ele olhou de volta, sorrindo de orelha a orelha, e
gesticulou para Claymore se apressar. "Estava aqui o tempo todo! Deuses, queria ter
notado isso antes!"
Um raio caiu do lado de fora, e Claymore franziu o cenho. "Você pode guardar
essa conversa para depois que ganharmos. Vamos esperar que sua fórmula mágica
funcione."
Alabaster assentiu. "Eu tenho certeza disso! Todo tipo de invencibilidade tem um
ponto fraco. Tanques tem a escotilha, Aquiles tinha o calcanhar, e Lamia tem isso."
Olhando para a expressão de Alabaster, Claymore quase sorriu. Esse era o garoto
despreocupado que ele deveria ser—não um guerreiro meio-sangue que esperava
morrer aos vinte anos.
Ele se parecia com um garoto normal de dezesseis anos com toda uma vida pela
frente...
Talvez depois que Lamia estivesse morta, Alabaster poderia viver aquela vida.
Talvez, se os deuses o deixassem tê-la...
Mas o que Claymore iria fazer? Toda a sua vida tinha sido devotada a achar uma
resposta para a morte, mas no passado ele tinha descoberto que tudo que ele tinha
chegado a acreditar era uma mentira. Ou melhor, as mentiras que ele tinha rejeitado
durante toda a sua vida eram na realidade verdades.
Como Claymore deveria fazer a diferença agora? Como podia um homem de meia
idade sem poderes especiais começar a afetar um mundo de deuses e monstros?
Sua antiga vida parecia sem significado—seus prazos, seus livros autografados.
Aquela vida tinha se derretido junto com seu laptop no Black's Coffee. Este novo mundo
teria lugar para um mortal como ele?
Alabaster o levou a subir as escadas e depois para dentro de um pequeno quarto.
As paredes eram cobertas pelas mesmas runas verdes que estavam nas roupas de
Alabaster. Todas elas ganharam vida no momento em que ele caminhou pelo quarto e
pegou um livro de sua cabeceira.
"Este é um encantamento atalho," ele explicou. "Eu tenho certeza de que irá
funcionar. Tem que funcionar!"
O garoto se virou em direção a Claymore, que estava esperando na porta. O
sorriso de Alabaster se dissipou. Sua expressão agora demonstrava horror.
Uma fração de segundo depois Claymore entendeu o porquê. Garras geladas o
alfinetaram na nuca. A voz de Lamia estalou próxima ao seu ouvido.
"Se você disser uma palavra que seja desse encantamento, eu o mato," Lamia
ameaçou. "Abaixe o livro, e talvez eu poupe sua vida."
Claymore olhou para o garoto, esperando que ele lesse o feitiço de qualquer
forma, mas como um idiota, ele abaixou o livro.
"O que você está fazendo?" Claymore rosnou. "Leia o feitiço!"
Alabaster estava paralisado, como se mil pessoas estivessem olhando para ele.
"Eu—Eu não posso... Ela irá—"
"Não se importe comigo!" Claymore gritou, enquanto Lamia enfiava suas garras
mais fundo em seu pescoço.
Então ela sussurrou em seu ouvido: "Incantare: Templum Incendere."
O livro aos pés de Alabaster pegou fogo.
"O que você está fazendo, seu idiota?" Claymore rugiu para o garoto. "Você é
mais inteligente que isso, Alabaster! Se você não ler esse feitiço, você vai morrer
também!"
Uma lágrima escorreu pela bochecha de Alabaster. "Você não entende? Eu não
quero que mais ninguém morra por minha causa. Eu levei meus irmãos à morte!"
Claymore fez uma careta. Será que o garoto não estava vendo o livro queimando?
Lamia gargalhou conforme a capa do livro virava cinzas. As páginas não iriam
durar muito mais tempo. Não havia tempo para convencer o garoto imbecil. Claymore
teria que instigá-lo a entrar em ação.
"Alabaster... o que acontece quando morremos?"
"Pare de dizer isso!" Alabaster gritou. "Você vai ficar bem!"
Mas Claymore apenas balançou sua cabeça. Ele era a única coisa que impedia
Alabaster de ler o livro, então o caminho que ele deveria tomar estava claro. Ele tinha
que destruir o último obstáculo no caminho de Alabaster.
Para vingar Burly, para salvar este filho dos deuses, ele sabia o que tinha que
fazer.
"Alabaster, você me disse mais cedo que heróis não morriam. Você deve estar
certo, mas vou te dizer uma coisa." Claymore olhou o garoto nos olhos. "Eu não sou um
heroi."
Com isso Claymore se jogou para trás contra Lamia. Ambos caíram no hall.
Claymore se virou e tentou lutar com o monstro, esperando dar alguns segundos a
Alabaster, mas ele sabia que não conseguiria vencer essa luta.
O grito de horror de Alabaster chegou a ele de longe. Então ele estava flutuando e
flutuando em outro mundo. A mão fria da morte envolveu Howard Claymore como uma
prisão gelada.
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Filho Da Mágia -filho do Rick
Fantasiisso acontece depois de O ultimo olimpiano. leiam o historia que o filho de Rick Riordan fez...