– Quantas vezes eu já te falei pra não fumar aqui?
Daniel e Rhaine estavam mais uma vez no apartamento de Rithe. Daniel fumava o seu habitual cigarro, mas a sua expressão era séria.
– Hoje não estou de brincadeira. Você sabe onde está o seu filho?
Rithe ficou sério. Daniel continuou:
– Pois eu o encontrei, morto, junto com os anjos, humanos e demônios mortos, no mesmo lugar onde encontrei Rhaine. Nós podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil.
– Daniel, eu não sei...
Mas aí ele tirou Rithe da sua posição de Buda, agarrando-o pelo pescoço e segurando-o na janela, no ar.
– Você sabe que isso não vai me matar. – ouviu-se a voz de Rithe, que não saía pelos seus lábios.
– Sei. – Daniel o jogou de volta no apartamento e segurou na garganta de Rithe uma espada que Rhaine reconheceu como sendo a que o tinha ferido antes. – Mas uma lâmina angélica vai. Agora, cante.
– Ok, ok! Poupe a violência gratuita. – Rithe pediu. Daniel não moveu um músculo. Suas feições pareciam feitas de pedra enquanto ele olhava para Rithe. – Eu fiz outro pacto com os anjos. Eles precisavam de um humano...
– Para o ritual, sim. Que ritual era aquele?
– Os anjos cansaram de vocês, caídos. Vocês infestaram a Terra, e vivem livremente. Eles tinham um plano pra limpar a Terra. Mas... houve um imprevisto, como você viu. Todos morreram, menos ela.
– Qual é o plano?
– Criar um exército de híbridos anjos-humanos, para matar os demônios. Seria um caos, uma guerra, eu sei, mas você sabe como os anjos gostam dessas grandiloqüências.
– Porquê ela é híbrida das 3 raças?
– Cobaia. O sangue angélico e humano é para testar os soldados, e o demoníaco é para estudo. Para saber as características, as fraquezas gerais dos demônios. Todos os caídos vão morrer, incluindo você, Aethe.
Daniel socou Rithe e apertou mais a lâmina na sua garganta.
– E o que houve no ritual?
– Foi o nascimento dela. Os anjos juntaram sangue e essência das 3 raças, e botaram em um corpo. Uma concha. Mas você tinha que se meter. Os anjos querem o que é deles de volta.
– Vão ficar querendo. – Daniel falou. Se virou para Rhaine. – Vamos.
Eles estavam indo embora quando Rithe falou:
– Ela sabe dos seus segredos sujos? Ela sabe do lado negro do seu querido "pai"?
Daniel olhou pra ele. Seu olhar faria qualquer um querer cair e morrer, mas Rithe continuou.
– Poisé, pequena Rhaine. O seu "papai" pode a qualquer momento endoidar, e ele sabe. Você não tem vergonha de um pai que desceu tão baixo a ponto de se viciar em sangue humano?
– Cale a boca, Rithe. Enquanto eu ainda estou de bom humor.
– Você já viu os braços dele? Porquê você acha que ele só usa casaco? E eu não estou falando só das marcas de agulha.
– Ok, o seu temp acabou. Adeus, Rithe. – Daniel olhava para Rhaine, que o olhava, preocupada. Quando ele se virou para matar Rithe, ela falou:
– Eles estão vindo. – Rhaine parecia genuinamente assustada. Daniel olhou para a janela, e viu as figuras de preto, dessa vez voando até eles. Ele pegou Rhaine para se esconderem, mas ela se desvencilhou dele e começou a falar coisas na língua angélica. Daniel só teve tempo de se esconder, antes que os anjos entrassem pela janela, e decepassem Rithe sem a menor cerimônia.
– Mas foi ele quem nos avisou que a concha está aqui. – um dos anjos falou ao outro.
– Ele nos traiu. – o líder, que segurava uma espada, falou. – Peguem a concha.
Então Daniel se levantou.
– Ela não é nova demais para as festas de vocês?
Antes que eles reagissem, ele já tinha atirado em 2 deles e levado Rhaine para o corredor. A segurou firme pelos ombros, olhando nos olhos dela.
– Rhaine, venha logo. É sério. Eu tô cansado de ficar te convencendo que é você quem manda nesse corpo. – ela apenas olhou pra ele, vazia. Daniel a sacudiu. – Rhaine!
Ela piscou e olhou pra ele.
– Daniel....
Mas nessa hora uma força invisível a puxou pelo corredor até a janela mais próxima, que era no apartamento da frente. Rhaine era puxada com tanta força que quebrou a porta do vizinho da frente, e a janela. Daniel correu, seguindo-a, mas parou na janela. Ela estava sendo levada por um anjo. Era raro eles aparecerem com asas, ainda mais em público e de dia, mas este estava voando, segurando Rhaine nos braços.
Daniel ficou lá, na janela, olhando para o anjo. Tinha apenas uma coisa que ele podia fazer. Tirou o sobretudo e a camisa que usava.
Se concentrou, para entrar em contato com a sua Besta. Todo meio-demônio tinha a sua Besta, o seu demônio interior, que vivia querendo sair. E Daniel tinha acabado de liberar o seu.
Ele sentiu as suas costas pegando fogo, e as suas entranhas se movendo. Ele gritou de dor quando os cortes apareceram das suas costas, rasgando. Ele sentiu músculos novos formando-se, e se libertando da sua prisão de carne. Pareceu uma eternidade, mas não levou mais do que alguns segundos para as suas asas nascerem, irrompendo das suas costas. Asas avermelhadas pelo sangue, e cinzentas. Pareciam asas de morcego, mas com o tamanho do corpo dele, até um pouco maiores. O tecido cicatrizou rapidamente.
– Isso vai ficar doído amanhã de manhã. – ele reclamou.
Daniel não se importou com nada. Apenas pulou da janela, bateu as asas e seguiu o anjo que levava Rhaine.
Em pouco tempo ele conseguiu alcançá-los. Agarrou o pé do anjo e puxou. O anjo de desequilibrou e aí Daniel agarrou as asas dele e puxou também. O anjo de desequilibrou de vez, e deixou Rhaine cair.
Daniel mergulhou no ar, à toda velocidade, estendeu os braços, quase alcançando... quando o outro anjo apareceu e a apanhou primeiro, fugindo em seguida. Daniel esperou um pouco, e os seguiu discretamente pelo ar, até a mansão de Gabriel.
***
A mansão estava vazia. Sem nenhum anjo como segurança, nada. O lugar estava deserto. Daniel foi direto para o subsolo, para a sala onde tinha encontrado Rhaine da outra vez. E logo nos primeiros corredores, ele viu Esnobes. Pegou a sua arma, que estava no cinto, e começou a atirar.
***
A parte mais chata da tal luta foi ter que recolocar as asas dentro dele mesmo. Realmente dói. Mas depois disso, foi só atirar, pegar uma espada qualquer, embeber em sangue demoníaco (que Daniel trazia no bolso da calça, num vidrinho) e ir à luta.
E como a sua parte demoníaca já estava "agitada", foi fácil para Daniel assumir a identidade de Aethe, e avançar na barreira da anjos até a tal sala com fúria demoníaca. Foi uma cena memorável.
Gabriel já estava lá, assim como Rhaine.
– Aethe. Porquê vocês não desistem? – o arcanjo perguntou.
– Está no código de ética de vocês, usar uma garota como arma? Pensei que o seu Chefe fosse mais crítico com coisas assim.
– Você realmente acha que pode...
– Vocês falam demais. – Daniel brandiu a espada e atacou Gabriel. Este desviou dos ataques facilmente, e consegui desarmá-lo. Daniel sacou a pistola e descarregou o resto das suas balas no arcanjo. Elas acertaram, mas Gabriel as ignorou.
– Tolo. – falou, levantando Daniel pelo pescoço acima do chão. – Vocês já viveram tempo demais. Eu conheço todos os truques.
– Que legal. – Daniel falou. Sua cauda discretamente procurou e achou uma seringa no bolso da sua calça. – Espero que você tenha uma boa relação com o seu irmão. – ele pegou a seringa com a mão, e a enfiou no pescoço de Gabriel. Este se enfraqueceu a ponto de soltar Daniel.
– Mas... o que... – Gabriel caiu de joelhos. Daniel sorriu.
– Sangue de Lúcifer. O único que está hierarquicamente à sua altura, certo? Eu sempre levo comigo, para o caso de uma emergência. Não me pergunte como eu consegui esse sangue. – Daniel arrastou Gabriel para fora da sala e fechou as portas, ficando sozinho com Rhaine.
Agora era hora de enfrentar os seus próprios medos.
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Angelus Daemonicus
ParanormalDaniel Pryde, investigador paranormal, encontra em um prédio abandonado a pessoa que muda a sua vida faz com que ele seja forçado a fazer uma decisão que o mudará para sempre.